quarta-feira, 29 de novembro de 2017

EDUCAÇÃO INTEGRAL - ENTENDA O QUE É E QUAIS SÃO AS VANTAGENS E DESAFIOS

A discussão sobre a educação integral já é antiga, mas ainda não está esgotada. A ensino em tempo integral é ou não é vantajoso? Saiba mais sobre esse tema polêmico e relevante e entenda o que é e quais são as vantagens e desafios deste modelo de ensino!

O que é educação integral?

A expressão educação integral comumente leva ao pensamento de que se o aluno passa o dia inteiro na escola significa que ele necessariamente está tendo “educação integral”. O termo integral aqui refere-se ao desenvolvimento completo do aluno. Ele não está apenas atrelado ao tempo de permanência na escola, mas também a uma reorganização dos espaços de aprendizagem e dos conteúdos, incluindo no currículo atividades que auxiliam no desenvolvimento intelectual, físico, cultural e social do aluno.

Vantagens da educação integral

Entre as vantagens da educação em tempo integral, destacam-se:

1) Melhoria no desempenho dos alunos

Nesse regime de ensino há períodos destinados para que o aluno estude para as provas e faça os trabalhos do dia, sempre com o apoio de profissionais. Isso pode levar à melhoria no desempenho do aluno.

2) Utilização do tempo ocioso

Muitas vezes o jovem que sai da escola e vai para casa não utiliza o seu tempo para atividades de culturais ou de estudo. Nas escolas com educação integral, há melhor aproveitamento desse tempo que seria ocioso, podendo afastá-lo, inclusive, do envolvimento com atividades que levem a problemas de risco social.

3) Contato com atividades de lazer, esportes e cultura

Nas escolas com educação em tempo integral há uma série de atividades recreativas, esportivas e culturais voltadas aos alunos que, de outro modo, talvez não tivessem acesso a elas e com a vantagem extra de que elas são pensadas pedagogicamente.

4) Melhoria na relação familiar

Muitas vezes, depois de um dia atribulado no trabalho, os pais chegam em casa e precisam conferir e ajudar os filhos a fazer seus deveres. Essas cobranças podem levar a conflitos e desgastar a relação familiar. Já quando o jovem já estudou e fez os deveres na escola, esse período poderá ser utilizado apenas para atividades mais prazerosas junto à família.

5) Desenvolvimento da autonomia

Na educação integral há desenvolvimento da autonomia dos jovens, que não dependerão apenas dos pais para estudarem e fazerem suas atividades escolares. O convívio frequente com outros jovens e adultos também colabora para o desenvolvimento de habilidades sociais.

Desafios da educação integral

Como vimos, a educação em tempo integral possui diversas vantagens. Agora, veremos alguns de seus principais desafios.

1) Novo papel dos pais

A educação integral valoriza a autonomia do aluno. Entretanto, alguns pais ressentem-se de participarem menos da rotina de seus filhos. É importante lembrar que a presença dos pais é fundamental para o desenvolvimento dos jovens. Por isso, é preciso encontrar outras formas de participar do dia a dia dos filhos já que a educação integral ocupa-se apenas de uma esfera de seu desenvolvimento. Os pais não devem pensar que a escola os substituirá.

2) Falta de um projeto pedagógico específico

projeto pedagógico de uma escola com educação integral precisa ser muito bem definido para que o período estendido não seja maçante para o aluno, mas o auxilie em seu desenvolvimento completo enquanto cidadão.
Ao contrário do que diz o senso comum, passar mais tempo na escola não é sinônimo de educação integral. A educação em tempo integral precisa estar baseada em aprendizagens significativas que levem a uma educação de qualidade e que forme integralmente os jovens alunos.

3) Falta de estrutura de algumas escolas

Para que a educação integral funcione, é preciso que as escolas tenham estruturas físicas adequadas. Nesse tipo de proposta, as escolas precisam ter locais específicos para práticas esportivas, por exemplo. Assim, é preciso que a escola esteja bem adaptada para esse modelo antes de lançá-lo. É importante que os pais conheçam as instalações escolares antes de realizar a matrícula.

FONTE:
WPensar

PRECISAMOS DIFERENCIAR MODISMO E TENDÊNCIA EM EDUCAÇÃO

É fundamental considerar novas formas de comportamento humano e as constantes transformações pelas quais a sociedade vem passando
Assunto delicado esse e até espinhoso. Falar em “tendências” para a educação é muito mais do que citar novidades em dispositivos tecnológicos ou adotar modelos e terminologias considerados inovadores por especialistas aqui ou acolá. Tenho notado um certo deslumbramento quando leio ou escuto sobre esse tema, como se fosse possível resolver todos os problemas da educação com soluções mágicas. A intenção é quase sempre boa mas, invariavelmente, “tendência” se confunde com “modismo”, ou seja, algo que ganhou notoriedade momentânea.

 Um exemplo bem pontual de modismo são as chamadas plataformas adaptativas que surgiram para atender a um sistema oficial de avaliação criado em 1998, o ENEM — Exame Nacional do Ensino Médio. O professor brasileiro Paulo Blikstein, da Universidade de Stanford, em entrevista à Revista Educação, ressaltou bem esse assunto. Nenhuma plataforma por si só vai conseguir revolucionar a educação, mesmo que ela dê o resultado esperado, ou seja, que consiga ajudar o aluno a ir bem em uma prova. Blikstein rejeita, inclusive, a palavra “adaptativa”, argumentando que seriam, na realidade, plataformas de reforço para alguns tópicos do currículo e voltadas a um perfil determinado de educando.

 Se usamos a tecnologia para criar programas que vão servir a um esquema específico que pode um dia ser modificado ou substituído, estamos falando de tendência? Acredito que não. Estamos falando de modismo. E se esses programas focam em personalização e ensino híbrido? Continua sendo modismo, pois não é nova a ideia de pensar estratégias pedagógicas que valorizem os perfis individuais e o uso de outros ambientes além da sala de aula. Recomendo a leitura do artigo do professor José Pacheco que ainda destaca outro termo da moda, a “sala de aula invertida”.
Falar em tendência remete a algo mais profundo e nem tão evidente. Envolve analisar as constantes transformações pelas quais a sociedade vem passando ao longo dos últimos tempos e refletir como isso pode ser absorvido em propostas e ações educativas, sejam elas formais ou informais. Anísio Teixeira, defensor da democratização da educação, já salientava no século passado que se a sociedade passa por mudanças, a escola precisa preparar o educando a partir desses novos paradigmas.

 Nem sempre uma tendência tem um tempo de duração definido. Se consideramos educação como um processo, muitas tendências levam anos para serem de fato incorporadas ao modus operandi de um determinado sistema ou método educacional. Desde o movimento da Escola Nova, na década de 30 — e não apenas com o surgimento das tecnologias digitais — que qualidade na educação está ligada a relações dialógicas entre educador e educando, à conquista da autonomia e ao desenvolvimento humano de forma integral (unindo cognição e emoção).
Organizei no quadro abaixo duas colunas sobre tendências. À esquerda, listei algumas das mais conhecidas, que surgiram muito antes do advento da internet e seguem sendo desafio em muitas instituições de ensino. À direita, relacionei o que arrisco chamar de tendências no cenário atual.
De todo modo, tendência em educação deveria ser nunca aceitar metodologias, materiais ou modelos prontos para serem seguidos, sem possibilitar adaptações ou recriações. Também, não permitir que estudantes fiquem passivos diante de informações recebidas, sejam elas de livros didáticos, materiais audiovisuais ou dos meios de comunicação. E mais uma que todo mundo já sabe mas é sempre bom lembrar: valorizar e formar profissionais da educação.
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terça-feira, 28 de novembro de 2017

TROCAR IDEIAS AJUDA A EVITAR A SOLIDÃO NO TRABALHO DO PROFESSOR

Em geral, ninguém de fora vai aplaudir se a aula for um sucesso nem comentar quando algo saiu diferente. O que é possível fazer para se sentir menos sozinho?
Por: Felipe Bandoni
Outro dia, um amigo que está iniciando na docência me convidou para tomar um café. Na realidade, era uma desculpa para conversarmos sobre as angústias que ele estava sentindo no trabalho. Não faltaram dúvidas sobre as atividades do cotidiano da escola, entre elas: "Quando você vai apresentar um conteúdo, como você faz? Como decide se aquela aula vai ser expositiva, de leitura de texto ou de laboratório? Como você sabe se a aula foi boa? Você conta para o coordenador tudo o que aconteceu?".
No meio do bate-papo, me dei conta de como somos solitários em nossa profissão. Mesmo se acontecerem diálogos pontuais com a coordenação ou um colega, o planejamento é uma atividade que cada professor executa de forma isolada. Na sala de aula, em geral estamos a sós com os nossos alunos e, na maioria das vezes, ninguém além deles fica sabendo o que aconteceu naquele período. Ninguém de fora vai aplaudir se a aula for um sucesso nem comentar quando algo saiu diferente do planejado.
Em várias escolas que conheci, vivenciei a falta de diálogo com meus pares por falta de tempo, de disposição, e até mesmo por vergonha de expor as dificuldades que estava enfrentando. Como aparentemente ninguém tinha problemas, fui construindo a ideia de que ser professor é assim mesmo: exige se virar sozinho tanto para planejar e quanto para dar aulas. Acredito que o mesmo aconteceu com outros docentes.
A solidão, na minha opinião, exerce influência em duas mazelas da nossa carreira. A primeira é a alta incidência de problemas emocionais, pois as dúvidas sobre o dia a dia podem nos fazer duvidar da própria capacidade profissional. A segunda é a resistência à formação em serviço. Afinal, se sempre enfrentamos as dificuldades sozinhos, de que serve a opinião de alguém de fora?
Em outros países, existem práticas de tutoria ou observação de aulas, que permitem auxiliar os novatos e até quem está no meio da carreira. E faz sentido, pois o professor precisa da crítica construtiva para poder avançar. Mas nosso modelo de contratação (hora/aula) é um empecilho para que isso se torne realidade. Quem ministra disciplinas do Fundamental 2 e do Ensino Médio trabalha de modo ainda mais solitário e poderia se beneficiar trocando ideias em grupos de estudos ou em cursos com pessoas de outras redes. Mas nem todos têm esse tipo de oportunidade.
No cotidiano, nos resta abrir espaços para conversar, resolver dúvidas e diminuir a ansiedade. Uma dica para conseguir um bom conselho e evitar ser julgado pelo colega é ter um interlocutor de outro segmento de ensino ou até de outra escola. Mas o desejável seria que tivéssemos abertura para dialogar sobre a prática, sem que isso fosse visto como sinal de incompetência. Essa troca entre colegas, mesmo que informal, nos dá mais confiança para transpor os obstáculos que estamos acostumados a enfrentar sozinhos.
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NOVA ESCOLA

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

SERVIDÃO VOLUNTÁRIA - LEANDRO KARNAL

REDES SOCIAIS: Nós fornecemos as informações alegremente...


5 DICAS PARA FALAR MELHOR EM PÚBLICO

Medo de falar em público? Essas 5 dicas podem ajudar

O maior medo do ser humano é falar em públicoExatamente. Nada de morrer ou baratas, mas estar em um palco sendo o foco da atenção e precisando falar com outras pessoas. Porém, falar em público não precisa ser esse desafio e, para melhorar esse receio, algumas dicas simples podem ajudar.
Veja mais sobre dicas profissionais  e tudo sobre o tema.
TREINE, TREINE E TREINE
Se falar em público é a sua grande dificuldade, não tem outro jeito: é preciso treinar. Pratique em frente ao espelho, com amigos ou até mesmo com um gravador. A ideia é que você se acostume a falar e corrija eventuais erros. Sempre que possível, peça para alguém assistir. Assim, além de apontar em que você está falhando, você se acostuma a ter outras pessoas te observando enquanto você se apresenta.
BUSQUE NATURALIDADE
Pense que falar em público é uma conversa. Como você se comporta em uma conversa? Tente agir o mais similar a isso possível. Não se trata de ser informal ou despojado, mas apenas manter as coisas em um tom de conversa. Se você em cara o “falar em público” como mais uma conversação, fica muito mais fácil de falar.
CONHEÇA O SEU PÚBLICO
Saber com quem você vai falar ajuda na preparação e na forma como se portar. Inclusive, é possível antecipar o tipo de reação e o comportamento desse público. Ao fazer isso, você já sabe se pode, por exemplo, ser mais descontraído. Sinta o público, aproveite suas reações para ir ajustando a sua fala. Assim, você encontra a melhor maneira de atingi-lo e se apresentar bem, algo que vai aos poucos construindo sua confiança.
COLOQUE A SUA ENERGIA NISSO
O principal problema ao se falar em público é que muitas vezes direcionamos a nossa energia no medo de falhar ou no fato de acharmos que estão nos julgando mal enquanto a verdade é que deveríamos concentrar o foco apenas em... falar! O público reage bem a quem fala com energia e paixão.
NÃO TENHA MEDO DE RECEBER FEEDBAKCS
Inclusive, peça por eles! Saber o que as pessoas acharam e quais pontos é preciso melhorar ajuda em muito na construção de apresentações melhores. Busque não encarar os pontos levantados como julgamento, mas sim como algo construtivo a se levar em consideração.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

PRODUÇÃO DE TEXTO: COMO ENSINAR OS ALUNOS A ESCREVER DE VERDADE

Para produzir textos de verdade, seus alunos têm da saber o que querem dizer, para quem escrever e qual é gênero que melhor exprime essas ideias. A chave é ler muito e revisar continuamente.
Por: Thais Gurgel
Narração, descrição e dissertação. Por muito tempo, esses três tipos de texto reinaram absolutos nas propostas de escrita. Consenso entre professores, essa maneira de ensinar a escrever foi uma das principais responsáveis pela falta de proficiência entre nossos estudantes. O trabalho baseado nas famosas composições e redações escolares tem uma fragilidade essencial: ele não garante o conhecimento necessário para produzir os textos que os alunos terão de escrever ao longo da vida. "Nessa abordagem, ninguém  considerava quem seriam os leitores. Não havia a ref lexão sobre a melhor estratégia para colocar uma ideia no papel", resume Telma Ferraz Leal, da Universidade Federal de Pernambuco.
Para aproximar a produção escrita das necessidades enfrentadas no dia-a-dia, o caminho atual é enfocar o desenvolvimento dos comportamentos leitores e escritores. Ou seja: levar a criança a participar de forma eficiente de atividades da vida social que envolvam ler e escrever. Noticiar um fato num jornal, ensinar os passos para fazer uma sobremesa ou argumentar para conseguir que um problema seja resolvido por um órgão público: cada uma dessas ações envolve um tipo de texto com uma finalidade, um suporte e um meio de veiculação específicos. Conhecer esses aspectos é condição mínima para decidir, enfim, o que escrever e de que forma fazer isso. Fica evidente que não são apenas as questões gramaticais ou notacionais (a ortografia, por exemplo) que ocupam o centro das atenções na construção da escrita, mas a maneira de elaborar o discurso.
Há outro ponto fundamental nessa transformação das atividades de produção de texto: quem vai ler. E, nesse caso, você não conta. "Entregar um texto para o professor é cumprir tarefa", argumenta Fernanda Liberali, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. "Escrever não é fácil. Para que o aluno fique estimulado com a proposta, é preciso que veja sentido nisso." O objetivo é fazer com que um leitor ausente no momento da produção compreenda o que se quis comunicar - e esse desafio requer diferentes aprendizagens.

O primeiro passo é conhecer os diversos gêneros. Mas é preciso atenção: isso não significa que os recursos discursivos, textuais e linguísticos dos contos de fadas e da reportagem, por exemplo, sejam conteúdos a apresentar aos alunos sem que eles os tenham identificado pela leitura, como ressalta Delia Lerner no livro Ler e Escrever na Escola. Um primeiro risco é o de cair na tentação de transmitir verbalmente as diferentes estruturas textuais. De acordo com a pesquisadora em didática, cabe a todo professor permitir que as crianças adquiram os comportamentos do leitor e do escritor pela participação em situações práticas e não "por meras verbalizações".

Ensinar a produzir textos nessa perspectiva prevê abordar três aspectos principais: a construção das condições didáticas, a revisão e a criação de um percurso de autoria, como se pode ver a seguir.

Os textos redigidos em classe precisam de um destinatário

"Escreva um texto sobre a primavera." Quem se depara com uma proposta como essa imediatamente deveria se fazer algumas perguntas. Para quê? Que tipo de escrita será essa? Quem vai lê-la? Certas informações precisam estar claras para que se saiba por onde começar um texto e se possa avaliar se ele condiz com o que foi pedido. Nas pesquisas didáticas de práticas de linguagem, essas delimitações denominam-se condições didáticas de produção textual. No que se refere ao exemplo citado, fica difícil responder às perguntas, já que esse tipo de redação não existe fora da escola, ou seja, não faz parte de nenhum gênero.

De acordo com Bernard Schneuwly e Joaquim Dolz, o trabalho com um gênero em sala de aula é o resultado de uma decisão didática que visa proporcionar ao aluno conhecê-lo melhor, apreciá-lo ou compreendê-lo para que ele se torne capaz de produzi-lo na escola ou fora dela. No artigo Os Gêneros Escolares - Das Práticas de Linguagem aos Objetos de Ensino, os pesquisadores suíços citam ainda como objetivo desse trabalho desenvolver capacidades transferíveis para outros gêneros.

Para que a criança possa encontrar soluções para sua produção, ela precisa ter um amplo repertório de leituras. Essa possibilidade foi dada à turma de 9º ano da professora Maria Teresa Tedesco, do Centro de Educação e Humanidades Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira - conhecido como Colégio de Aplicação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Procurando desenvolver a leitura crítica de textos jornalísticos e o conhecimento das estruturas argumentativas na produção textual, ela propôs uma atividade permanente: a cada semana, um grupo elegia uma notícia e expunha à turma a forma como ela tinha sido tratada nos jornais. Depois, seguia-se um debate sobre o tema ou a maneira como as reportagens tinham sido veiculadas.

Paralelamente, os estudantes tiveram contato com textos de finalidades comunicativas diversas no jornal, como cartas de leitores, editoriais, artigos opinativos e horóscopo. "O objetivo era que eles analisassem os materiais, ref letissem sobre os propósitos de cada um e adquirissem um repertório discursivo e linguístico", conta Maria Teresa, que lançou um desafio: produzir um jornal mural.
A proposta era trabalhar com textos opinativos, como os editoriais. Para que a escrita ganhasse sentido, ela avisou que o jornal seria afixado no corredor e que toda a comunidade escolar teria acesso a ele. Os assuntos escolhidos tratavam das principais notícias do momento, como o surto de dengue no Rio de Janeiro e a discussão sobre a maioridade penal. Com as características do gênero já discutidas e frescas na memória, todos passaram à produção individual.

A primeira versão foi lida pela professora. "Sempre havia observações a fazer, mas eu deixava que os próprios meninos ajudassem a identificar as fragilidades", diz Maria Teresa. Divididos em pequenos grupos, os alunos revisaram a produção de um colega, escrevendo um bilhete para o autor com sugestões e avaliando se ela estava adequada para publicação. Eram comuns comentários como "argumento fraco", "pouco claro" e "falta conclusão", demonstrando o repertório adquirido com a leitura dos modelos.

"Envolver estudantes de 6º a 9º ano na produção textual é um grande desafio", ressalta Roxane Rojo, da Universidade Estadual de Campinas. "Muitas vezes, eles tiveram de produzir textos sem função comunicativa durante a escolaridade inicial e, por acreditarem que escrever é uma chatice, são mais resistentes." Atenta, Maria Teresa soube driblar esse problema. Percebendo que a turma andava inquieta com a proibição por parte da direção do uso de short entre as meninas, a professora fez disso tema de um editorial do jornal mural - a produção foi uma das melhores propostas do projeto.

"Para que alguém se coloque na posição de escritor, é preciso que sua produção tenha circulação garantida e leitores de verdade", diz Roxane. E todos saberiam a opinião do aluno sobre a questão, inclusive a diretoria. "Só assim ele assume responsabilidade pela comunicação de seu pensamento e se coloca na posição do leitor, antecipando como ele vai interpretá- lo." A argumentação da garotada foi tão bem estruturada que a diretoria resolveu voltar atrás e liberar mais uma vez o uso da roupa entre as garotas.

A criação de condições didáticas nas propostas para as turmas de 1º a 5º ano segue os mesmos preceitos utilizados pela professora Maria Teresa. "Em qualquer série, como na vida, produzir um texto é resolver um problema", ensina Telma Ferraz Leal. "Mas para isso é preciso compreender quais são os elementos principais desse problema."

Revisão vai além da ortografia e foca os propósitos do texto

Produzir textos é um processo que envolve diferentes etapas: planejar, escrever, revisar e re-escrever. Esses comportamentos escritores são os conteúdos fundamentais da produção escrita. A revisão não consiste em corrigir apenas erros ortográficos e gramaticais, como se fazia antes, mas cuidar para que o texto cumpra sua finalidade comunicativa. "Deve-se olhar para a produção dos estudantes e identificar o que provoca estranhamento no leitor dentro dos usos sociais que ela terá", explica Fernanda Liberali.

Com a ajuda do professor, as turmas aprendem a analisar se ideias e recursos utilizados foram eficazes e de que forma o material pode ser melhorado. A sala de 3º ano de Ana Clara Bin, na Escola da Vila, em São Paulo, avançou muito com um trabalho sistemático de revisão. Por um semestre, todos se dedicaram a um projeto sobre a história das famílias, que culminou na publicação de um livro, distribuído também para os pais. Dentro desse contexto, Ana Clara propôs a leitura de contos em que escritores narram histórias da própria infância.

Os estudantes se envolveram na reescrita de um dos contos, narrado em primeira pessoa. Eles tiveram de re-escrevê- lo na perspectiva de um observador - ou seja, em terceira pessoa. A segunda missão foi ainda mais desafiadora: contar uma história da infância dos pais. Para isso, cada um entrevistou familiares, anotou as informações colhidas em forma de tópicos e colocou tudo no papel.

Ana Clara leu os trabalhos e elegeu alguns pontos para discutir. "O mais comum era encontrar só o relato de um fato", diz. "Recorremos, então, aos contos lidos para saber que informações e detalhes tornavam a história interessante e como organizá-los para dar emoção." Cada um releu seu conto, realizou outra entrevista com o parente-personagem e produziu uma segunda versão.

Tiveram início aí diferentes formas de revisão - análise coletiva de uma produção no quadro-negro, revisão individual com base em discussões com o grupo e revisões em duplas - realizadas dias depois para que houvesse distanciamento em relação ao trabalho. A primeira proposta foi a "revisão de ouvido". Para realizá-la, Ana Clara leu em voz alta um dos contos para a turma, que identificou a omissão de palavras e informações. A professora selecionou alguns aspectos a enfocar na revisão: ortografia, gramática e pontuação. "Não é possível abordar de uma só vez todos os problemas que surgem", completa Telma.
Quando a classe de Ana Clara se dividiu em duplas, um de seus propósitos era que uns dessem sugestões aos outros. A pesquisadora argentina em didática Mirta Castedo é defensora desse tipo de proposta. Para ela, as situações de revisão em grupo desenvolvem a ref lexão sobre o que foi produzido por meio justamente da troca de opiniões e críticas. "Revisar o que os colegas fazem é interessante, pois o aluno se coloca no lugar de leitor", emenda Telma. "Quando volta para a própria produção e faz a revisão, a criança tem mais condições de criar distanciamento dela e enxergar fragilidades."
Um escritor proficiente, no entanto, não faz a revisão só no fim do trabalho. Durante a escrita, é comum reler o trecho já produzido e verificar se ele está adequado aos objetivos e às ideias que tinha intenção de comunicar - só então planeja- se a continuação. E isso é feito por todo escritor profissional.

A revisão em processo e a final são passos fundamentais para conseguir de fato uma boa escrita. Nesse sentido, a maneira como você escreve e revisa no quadro-negro, por exemplo, pode colaborar para que a criança o tome como modelo e se familiarize com o procedimento. Sobre o assunto, Mirta Castedo escreve em sua tese de doutorado: "Os bons escritores adultos (...) são pessoas que pensam sobre o que vão escrever, colocam em palavras e voltam sobre o já produzido para julgar sua adequação. Mas, acima de tudo, não realizam as três ações (planejar, escrever e revisar) de maneira sucessiva: vão e voltam de umas a outras, desenvolvendo um complexo processo de transformação de seus conhecimentos em um texto".

Ser autor exige pensar no enredo e na estrutura

O terceiro aspecto fundamental no trabalho de produção textual é garantir que a criança ganhe condições de pensar no todo. Do enredo à forma de estruturar os elementos no papel: é preciso aprender a dar conta de tudo para atingir o leitor. Esse processo denomina-se construção de um percurso de autoria e se adquire com tempo, prática e reflexão.

Os estudos em didática das práticas de linguagem fizeram cair por terra o pensamento de que a redação com tema livre estimula a criatividade. Hoje sabe-se que depois da alfabetização há ainda uma longa lista de aprendizagens. Foi considerando a complexidade desse processo que Edileuza Gomes dos Santos, professora da EM de Santo Amaro, no Recife, desenvolveu um projeto de produção de fábulas com a 3ª série.

Ela deu início ao trabalho investindo na ampliação do repertório dentro desse gênero literário. Só assim foi possível observar regularidades na estrutura discursiva e linguística, como o fato de que os animais são os protagonistas. "Escolhi esse gênero porque ele tem começo, meio e fim bem marcados, algo que eu queria desenvolver na produção da garotada."

A primeira proposta foi o reconto oral de uma fábula conhecida. "Isso envolve organizar ideias e pode ser uma forma de planejar a escrita", endossa Patricia Corsino, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Quando já dominamos todas as informações de uma narrativa, podemos focar apenas na forma de expor os elementos - mas esse é um grande desafio no início da escolaridade.

Na turma de Edileuza, as propostas seguintes foram a re-escrita individual e a produção de versões de fábulas conhecidas com modificações dos personagens ou do cenário. Aos poucos, todos ganharam condições de inventar situações. A professora percebeu que a turma não entendia bem o sentido da moral da história. Pediu, então, uma pesquisa sobre provérbios e seu uso cotidiano.

Com essa compreensão e um repertório de ditados populares, Edileuza sugeriu a criação de uma fábula individual. Ela discutiu com o grupo que elas geralmente têm como protagonistas inimigos tradicionais (cão e gato ou gato e rato, por exemplo). Estava colocada a primeira restrição para a produção. Em seguida, a classe relembrou alguns provérbios que poderiam ser escolhidos como moral nas histórias criadas.

Desde o início, todos sabiam que as produções seriam lidas por estudantes de outra escola, o que serviu de estímulo para bolar tramas envolventes. "Há uma diferença entre escrever textos com autonomia - obedecendo à estrutura do gênero, sem problemas ortográficos ou de coerência - e se tornar autor", diz Patrícia Corsino. "No primeiro caso, basta aprender as características do gênero e conhecer o enredo, por exemplo. No segundo, é preciso desenvolver ideias." Para chegar lá, a interação com professores e colegas e o acesso a um repertório literário são fundamentais.

Do 6º ao 9º ano, o processo de construção da autoria pode exigir desafios que sejam cada vez mais complexos: a elaboração de tensões na narrativa ou a participação em debates para desenvolver a argumentação, como fez a professora Maria Teresa, do Rio de Janeiro. "A re-escrita, primeiro passo para a construção da autoria, pode vir com propostas de produção de paródias, no caso dos maiores, que exigem mais elaboração por parte das turmas", diz Roxane Rojo. Uma boa forma de fazer circular textos nessa fase são os meios digitais, como blogs e a própria página do colégio na internet. Os jovens podem se responsabilizar por todas as etapas de produção, inclusive pela publicação, o que os estimula a aprimorar a escrita. Levar os estudantes a se expressar cada vez melhor, afinal, deve ser o objetivo de todo professor.

Expectativas de aprendizagem de escrita 

No que se refere à escrita, é importante que, no fim do 5º ano, o aluno saiba:
  • Re-escrever e/ou produzir textos de autoria utilizando procedimentos de escritor: planejar o que vai escrever considerando a intencionalidade, o interlocutor, o portador e as características do gênero; fazer rascunhos; reler o que está escrevendo, tanto para controlar a progressão temática como para melhorar outros aspectos - discursivos ou notacionais - do texto. 
  • Revisar escritas (próprias e de outros), em parceria com os colegas, assumindo o ponto de vista do leitor com intenção de evitar repetições desnecessárias (por meio de substituição ou uso de recursos da pontuação); evitar ambiguidades, articular partes do texto, garantir a concordância verbal e a nominal. 
  • Revisar textos (próprios e de outros) do ponto de vista ortográfico.
 Ao concluir o 9º ano, o estudante precisa estar apto também a: 
  • Compreender e produzir uma variedade de textos, tendo em conta os padrões que os organizam e seus contextos de produção e recepção. 
  • Utilizar todos os conhecimentos gramaticais, normativos e ortográficos em função da otimização de suas práticas sociais de linguagem. 
  • Exercer sobre suas produções e interpretações uma tarefa de monitoramento e controle constantes. 
  • Interpretar e produzir textos para responder às demandas da vida social enquanto cidadão.

Fonte: Secretaria de Estado de Educação de São Paulo e Diseño Curricular de la Educación Secundaria da Província de Buenos Aires, Argentina

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

PLANEJAMENTO ESCOLAR: POR QUE FAZER E COMO REAVALIAR AO LONGO DO ANO LETIVO?

Quase todos os professores, coordenadores pedagógicos e diretores têm o planejamento escolar como uma das tarefas mais importantes de início do ano. No planejamento, geralmente, constam quais são os conteúdos que serão passados em sala de aula e de que forma eles serão divididos durante o ano letivo. Esta é uma tarefa essencial para que os professores consigam organizar e preparar adequadamente suas aulas. Mas até que ponto o planejamento definido no primeiro semestre deve ser engessado? Quais são os momentos em que ele deve ser reavaliado? São estes os assuntos tratados neste post, confira:

Reavaliar o planejamento escolar é fundamental

O planejamento escolar é uma ferramenta que facilita a elaboração das aulas. Se os professores sabem exatamente o que deve ser ensinado aos alunos em cada etapa do ano letivo, conseguem programar trabalhos e avaliações com bastante antecedência e qualidade. Além disso, quando há um planejamento, os coordenadores e diretores conseguem acompanhar de perto o plano de ensino dos alunos.
No entanto, é preciso que este seja um projeto focado no estudante. É preciso levar em consideração idade, interesses, necessidades e dificuldades. Tudo isso, levando em conta também novos acontecimentos do dia a dia no Brasil e no mundo e tendências da área de educação. Alguns destes elementos ainda não estão claros e concluídos no início do ano e, por isso, a reavaliação do planejamento é fundamental.

A importância de flexibilizar o planejamento

Um exemplo: o mundo parou para assistir às notícias vindas dos Estados Unidos no dia 11 de setembro de 2001, quando o país sofreu três atentados terroristas. Durante aquela semana, muitos professores de história precisaram mexer em seu planejamento para contextualizar com os alunos do ensino médio sobre o que estava acontecendo. Talvez, em qualquer outro momento, o aprendizado sobre temas como o terrorismo não teria atraído a atenção de um número tão grande de alunos. Mas, nos dias que sucederam os atentados, havia um interesse geral da população para entender mais sobre esses fatos.
Isso demonstra que o planejamento deve ser algo flexível. Professores e demais gestores envolvidos devem ter a liberdade de mudá-lo, sempre que necessário. Isso é essencial para que os estudantes realmente tenham acesso à melhor educação. No início do ano, não é possível prever tudo o que vai acontecer nos próximos meses ou como será a resposta dos alunos ao conteúdo programado, e estes são elementos que devem influenciar o planejamento escolar.

Observação diária

A reavaliação deve ser fruto de uma observação diária feita pelos professores. Como os alunos estão reagindo ao conteúdo passado? Há alguma dificuldade em determinado assunto? Quando um tema parece complicado para a maior parte da turma, pode ser o caso de aumentar o número de aulas para explicá-lo. É preciso lembrar que mais do cumprir o planejamento do início do ano, é essencial que os estudantes realmente absorvam o conteúdo programado.
Por isso, não é necessário esperar o final do ano, nem mesmo o meio do semestre para fazer esta reavaliação. Uma vez por semana é uma boa frequência. A reavaliação deve ser feita com base no interesse demonstrado pelos alunos, nas dificuldades apresentadas por eles e no que está acontecendo no mundo. O segredo de um planejamento eficaz é simples: basta mantê-lo focado no aprendizado do aluno.

FONTE:

PLANEJAMENTO DO PRÓXIMO ANO LETIVO DEVE COMEÇAR NO SEGUNDO SEMESTRE

Chegamos ao segundo semestre e a partir de agora os gestores de escolas e cursos já devem ficar de olho no planejamento do próximo ano letivo. É nesse período que se começa a analisar os investimentos a fazer, além de definir o quadro de horários, organizar matrículas, rematrículas e tantas outras questões importantes. Todo esse planejamento é fundamental, pois garante que o ano letivo seguinte comece bem estruturado e seja um sucesso.
A seguir, separamos 9 dicas que o ajudarão a realizar esse planejamento do próximo ano letivo e preparar o seu curso ou escola.

Veja como começar o planejamento do próximo ano letivo!

1. Faça o balanço patrimonial da escola

O balanço patrimonial é uma declaração exigida por lei que mostra a situação do patrimônio do curso ou escola no final do ano. Ele mostra um quadro preciso de sua situação contábil e financeira e permite que os gestores examinem o patrimônio da instituição, as suas obrigações (hipotecas, contas à pagar, etc) e o capital disponível em caixa.

2. Veja quais investimentos precisam ser feitos

O balanço patrimonial indicará qual é o patrimônio líquido da instituição, ou seja, o capital que ela possui disponível em caixa. Parte desse capital pode ser investido, por exemplo, na modernização das salas de aula e na expansão do prédio. Este investimento é fundamental para a atração de novos alunos e também para a melhoria da imagem do curso ou da escola.

3. Avalie o reajuste de mensalidades

Nestes últimos meses, será necessário analisar o reajuste de mensalidades, levando em conta as despesas da instituição, a folha de pagamento dos funcionários, a previsão do total de alunos pagantes, entre muitos outros fatores. Os gestores também devem adaptar o preço das mensalidades à atual situação econômica do país.

4. Verifique a disponibilidade dos professores

No segundo semestre, uma importante tarefa precisa ser realizada: a definição do quadro de horários. E para isso, os gestores devem verificar a disponibilidade dos professores, principalmente daqueles que trabalham em várias instituições de ensino. Quanto antes eles fizerem isso, menor será a correria nas semanas que precedem o início das aulas.

5. Organize a área de matrículas e rematrículas

Muitas matrículas e rematrículas ocorrem logo no segundo semestre. Por isso, é importante organizar o quanto antes a área da instituição responsável pela realização delas. Para que não haja confusão, é importante o curso ou escola contar com um sistema de gestão que possibilite a organização e o controle de todas as matrículas e rematrículas realizadas.

6. Comece a fazer o levantamento da demanda de alunos

A formação das turmas do próximo ano letivo dependerá da demanda de alunos. Para levantar essa demanda, os gestores precisam verificar a quantidade de matrículas e rematrículas já feitas nesse segundo semestre e também o número previsto de alunos que ainda irão se matricular no fim deste ano e no início do próximo.

7. Prepare as ações de marketing

Os pais que querem trocar seu filho de escola começam a avaliar as opções logo no segundo semestre. Daí a importância de preparar e colocar em prática as ações de captação de alunos logo nesse período. As escolas que não incluírem o marketing no planejamento do próximo ano letivo certamente perderão recursos financeiros e muitos alunos.

8. Faça uma pesquisa de satisfação com os pais e alunos

A pesquisa de satisfação é muito útil para identificar pontos que precisam ser melhorados. Ela pode ser feita pela internet, no site ou blog da instituição ou presencialmente, na hora em que os alunos estiverem fazendo a sua matrícula. É importante que essa pesquisa seja simples e rápida, para não tomar muito o tempo de quem a responde.

9. Organize a volta às aulas

O primeiro dia de aula é muito especial para os alunos, pois eles reencontram os amigos e os professores. É por isso que ele precisa ser muito bem planejado, para que todos se sintam acolhidos. As palestras, atividades e apresentações devem ser organizadas logo agora no segundo semestre, para que não haja correria dias antes do início das aulas.

Conferiu todas as nossas dicas para o planejamento do próximo ano letivo?? Então comece a colocá-las em prática agora mesmo! Compartilhe esse post com seus amigos e comente aqui sua opinião!

FONTE:
WPensar

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

COMO DAR FEEDBACKS EFETIVOS DENTRO DA ESCOLA

Seja objetivo, não julgue, descreva fatos e ajude seu colega a crescer pessoalmente e profissionalmente

Feedback, em português, significa “dar retorno”. Você provavelmente já fez isso algumas vezes, com colegas próximos: “Talvez fosse melhor fazer diferente”, “isso não ficou legal”, “e se você fizesse assim?”. Esse retorno, quando bem feito, é um presente. Afinal, é uma preocupação sincera com o desenvolvimento profissional do colega.
Mas nós sabemos que, na prática, feedback é um presente raro – justamente porque não é visto assim. Muitas pessoas não dão feedback porque têm medo de ferir os sentimentos de um colega. Outros evitam qualquer crítica porque temem uma reação intempestiva. E ainda há as pessoas que não falam nada porque, afinal, “cada um sabe o que faz de certo ou errado”.
Pois bem, estamos perdendo muitas oportunidades ao não dar feedbacks.  Quando essas devolutivas são feitas de maneira construtivo, elas ajudam a outra pessoa a pensar sobre sua prática e a melhorar – tanto pessoalmente quanto profissionalmente.
Em NOVA ESCOLA, nós acreditamos no poder do feedback. Por isso, convidamos Silvana Tamassia, coordenadora da Elos Educacional, consultoria de gestão escolar e formação de professores, para conversar com o Time de Autores NOVA ESCOLA, que será responsável por produzir 1.500 planos de aula de Matemática alinhados à Base Nacional Comum Curricular. A formação aconteceu durante a Virada de Autores, evento de quatro dias em que começamos esse projeto que visa levar materiais de qualidade, de forma gratuita, a todos os educadores do Brasil.
Esse grupo de dezenas de professores trabalhará junto ao longo dos próximos meses. Para esse processo funcionar, segundo Silvana, eles terão de dar muitos feedbacks uns aos outros – afinal, nosso processo de planos de aula é, ao mesmo tempo, muito autoral e muito colaborativo.
Gostamos tanto das lições de Silvana que resolvemos compartilhá-las com você. Leia, a seguir, quatro dicas para incluir o feedback na rotina da sua escola. E, depois, nos dê feedback sobre esse texto. Combinado?
Seja objetivoA linguagem clara e sem muitos adjetivos é essencial para que o feedback não se torne um conjunto de julgamentos que, no final do processo, deixam a outra pessoa na defensiva. Lembre-se de que esse deve ser um momento para reflexões, não para ataques. Em vez de dizer “isso é ruim”, descreva o episódio. Por exemplo, imagine um feedback do coordenador pedagógico para um professor após uma formação: “Quando você usa o celular durante o encontro, você perde o conteúdo”.  
Destaque evidênciasDescreva situações com detalhes. "Ao direcionar sua fala a questões específicas, o coordenador qualifica o que está sendo avaliado”, explica Silvana. Continuando com o exemplo anterior: “Quando você usa o celular durante o encontro, você perde o conteúdo. Na nossa última formação, você passou boa parte da reunião respondendo mensagens do WhatsApp enquanto nosso convidado orientava sobre como incluir alunos com graus moderados de autismo”.     
Estabeleça uma comunicação cordialVerbos imperativos afastam o interlocutor. Vinícius Mano, analista de Educação no Sesi do Rio de Janeiro e mentor do Time de Autores sugere: “Se o gestor for transparente, sem deixar de elogiar o que há de bom no trabalho docente, fica mais fácil abrir caminho para sugerir pontos de melhoria”. Vamos continuar no exemplo anterior? Sim. “Quando você usa o celular durante o encontro, você perde o conteúdo. Na nossa última formação, você passou boa parte da reunião respondendo mensagens do WhatsApp enquanto nosso convidado orientava sobre como incluir alunos com graus moderados de autismo. Você é uma professora muito preocupada com o assunto, uma das referências da escola, e sei que essa formação poderia te ajudar com algumas crianças que você tem em sala”.  
Sugira mudançasNão adianta apenas criticar. Se você acredita que tem algo que possa contribuir para o desenvolvimento do professor, diga para ele. Melhorias da prática podem garantir a aprendizagem de qualidade para todos os alunos. Por outro lado, tente não ser impositivo demais. Afinal, você não muda o outro. A mudança deve partir da pessoa. Vamos encerrar com o nosso exemplo?
Quando você usa o celular durante o encontro, você perde o conteúdo. Na nossa última formação, você passou boa parte da reunião respondendo mensagens do WhatsApp enquanto nosso convidado orientava sobre como incluir alunos com graus moderados de autismo. Você é uma professora muito preocupada com o assunto, uma das referências da escola, e sei que essa formação poderia te ajudar com algumas crianças que você tem em sala”. Não sei se você tinha algum problema pessoal urgente. Quando for assim, não tem problema, pode deixar a reunião. Do contrário, gostaria muito que você participasse ativamente de nossas formações. Tenho certeza de que você tem muito a aprender e a colaborar com o grupo. O que acha? Faz sentido? Tem algo que eu não vi?”.
E não se esqueça. O melhor feedback é aquele dado como presente – e nunca como punição.