FRAGMENTO DE MONOGRAFIA
Monografia apresentada ao Departamento
de Estudos Especializados da FACED/UFC,
como requisito parcial à obtenção do título
de Especialista em Informática Educativa,
tendo como orientador o Prof. Ms. José
Rogério Santana.
OS PROFESSORES DOS LABORATÓRIOS DE
INFORMÁTICA EDUCATIVA DA PREFEITURA
MUNICIPAL DE FORTALEZA:
UM RETRATO DA FORMAÇÃO DESTES ATORES SOCIAIS NAS
ESCOLAS PÚBLICAS DE FORTALEZA ENTRE 2000 E 2001.
Zorália Brito das Chagas
(...)
3.1 – Lei 9394/1996 (Nova LDB)
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (Lei 9394/1996 –
Nova LDB) não se verifica claramente uma postura sobre a informática educativa,
fato que implica na indefinição legal do uso de computadores na escola. Por outro
lado, na Nova LDB, o artigo 80, define as principais normas da educação à distância
no Brasil, porém, não apresenta uma definição de educação à distância.
Contraditoriamente, a definição aceita está no Decreto 2494/98 que regulamentou o
artigo 80 da Nova LDB. A definição apresentada no decreto se pressupõe o uso de
diversos meios de comunicação, e neste sentido é possível contemplar o uso de
computadores (multimeios).
Educação a distância é uma forma de ensino que
possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de
recursos didáticos sistematicamente organizados,
apresentados em diferentes suportes de
informação, utilizados isoladamente ou combinados,
e veiculados pelos diversos meios de comunicação.
Ao ver a Nova LDB, considera-se que não há parâmetros que contemple
uma política de informática educativa no Brasil, mas apresenta regras sobre o
ensino à distância. Mesmo assim, ao se contemplar o ensino à distância de forma
vaga o que pode ser contemplado em termos práticos, é o uso do computador
diante dos diversos meios de comunicação, pois mesmo sendo uma nova estrutura
tecnológica com fundamentos diferentes dos meios comuns de comunicação (rádio,
televisão) que está sendo considerado somente nas possibilidades de multimídia do
computador.
3.2 – Parâmetros Curriculares Nacionais
Não definindo claramente uma política da informática educativa na LDB,
procurei averiguar nos PCN algo que norteasse para tal aplicabilidade, enfatizando a
mediação dos novos recursos computacionais para reforçar uma nova prática
docente, levando às mudanças sociais, políticas e econômicas.
Fala-se cada vez mais em cidadania, na preservação
da natureza, em educação sexual na escola... O
Brasil está mudando rapidamente. E isso diz
respeito diretamente à educação. Para formar os
cidadãos desses novos tempos, os conteúdos e o
ensino das disciplinas terão de se adaptar. É sobre
esses novos rumos que discorrem os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN).
É clara a preocupação existente na ênfase das mudanças sócioeconômicas,
fato que exige uma nova formação que contemple o uso de tecnologias
computacionais. Deste modo, é possível considerar que:
Os PCN foram criados pelo MEC em 1998, para
ajudar o professor a ampliar o horizonte de seus
alunos, preparando-os para um mundo competitivo.
Com tantas mudanças tecnológicos (está aí o
computador como símbolo maior) e novos assuntos
sendo debatidos pela sociedade, ...., o currículo
tradicional ficou defasado. (Revista Nova Escola –
Ed. Especial, PCN - Fáceis de Entender).
Na busca de uma nova prática docente, percebe-se também nos
parâmetros curriculares, a dificuldade em estabelecer uma real aplicabilidade no uso
das tecnologias de informação e comunicação no contexto escolar. Tornando
complicada a situação daqueles que estão engajados diretamente com os
laboratórios de informática das escolas, pois quais são os parâmetros na elaboração
de um currículo brasileiro de informática educativa ?
3.3 – Proinfo e Tempo de Aprender
Com um aspecto diferencial em comparação a projetos anteriores, o
Proinfo, tem se mostrado como um dos projetos de propósitos pedagógicos bem
delineados, mas, se dispersa quando na referência da sua real execução, pois não
especifica as devidas atribuições aos seus praticantes.
O Tempo de Aprender, por sua vez, veio para fazer o papel do Proinfo
regional, mais específico, atentando para as características do Estado do Ceará.
Nesta visão, pode-se dizer que, o T. A., acata as diretrizes e orientações do modelo
Proinfo, mas busca sua personalização diante das características regionais.
3.4 – Tecnologia Educacional
Vários são os conceitos surgidos da Tecnologia Educacional. Para SILVA
apud LUMSDAINE (1964: p.13),
Tecnologia da Educação é a aplicação de tecnologia
associada às ciências físicas e à engenharia na
construção de equipamentos para fins de instrução,
compreendidos aí rádio, gravadores, televisores,
máquinas de projetar e ensino baseado em
computador.
Estando no alto do tecnicismo, SILVA apud DIB (1974: p.13) defende
que Tecnologia da Educação...
É a aplicação sistemática de conhecimentos
científicos e tecnológicos à solução de problemas
educacionais, apontando para tanto, teorias
advindas da psicologia, da comunicação e a teoria
de sistemas.
Já mais de uma década, SILVA apud NISKIER (1993: p.13), arrisca-se
em atribuir, um conceito mais humanístico para a TE, e que afirma ser uma
estratégia de inovação, definindo-a como ...
Uma forma de planejar, implementar e avaliar o
processo total da aprendizagem e da instrução, em
termos de objetivos específicos, baseados nas
pesquisas sobre a aprendizagem e a comunicação
humana, empregando uma combinação de recursos
humanos e materiais com o objetivo de obter uma
instrução mais efetiva”.
Percebe-se que o papel da tecnologia não pode aferir nem desprezar ao
do humano, exigindo planejamento e adaptação ao novo. Analisando os limites e
possibilidades de cada ferramenta tecnológica quando inseridas no processo ensinoaprendizagem.
Para tanto, nos é de muita utilidade o conhecimento do manuseio de
tais recursos, tanto do ponto de vista do savoir-faire (saber fazer), como de
posturas didática-pedagógicas adequadas.
Dando o devido destaque aos procedimentos operacionais, o
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pensamento de SILVA apud LÉVY (1997: p.14), nos auxilia para revelar a
quantidade de coisas e técnicas que habitam o inconsciente intelectual, sem negar,
no entanto, o quanto a maquinaria do “fazer” vêm impregnados de desejo e
subjetividade, relacionado as tais competências humanas.
3.5 – Sobre Informática Educativa
O uso das NTIC apresentam diferenciações quanto sua aplicabilidade
pelos seus atores nas atividades escolares. Explorando as concepções de BORGES
NETO (1999: p.135-138), à aplicação da informática em um ambiente escolar, se
caracteriza em quatro formas distintas:
- Informática Aplicada à Educação: o gerenciamento escolar é
informatizado, explorando o uso de aplicativos da informática em
trabalhos de controles administrativos, como digitação de textos,
emissão de relatórios, matrículas de alunos, visando a otimização e
rapidez em seus trabalhos.
·
- Informática na Educação: o computador é a própria “máquina de
ensinar”, utilizando-se de softwares tutoriais, desenvolvidos para dar
suporte à educação e que abordam uma aprendizagem bem linear.
- Informática Educacional: utilizado através de projetos, o computador
é a ferramenta para a resolução de problemas. Normalmente, as
atividades são realizadas em grupos, seguindo orientações e que podem
explorar os recursos a que tem acesso. Esta forma de trabalho é bem
interessante, mas se não primar pelos objetivos de aprendizagem a que
se destina o projeto, pode recair apenas no manuseio do computador
pelos alunos explorando seus recursos técnicos, e ignorando o lado dos
recursos pedagógicos do computador e o da transposição didática. O
ideal é que o professor participe e acompanhe todo o processo de
criação e de descoberta dos alunos.
- Informática Educativa: nesta abordagem, o computador é um suporte
a mais na sala de aula do educador, a fim de que o mesmo possa usar
os recursos disponíveis para ajudar o aluno a construir novos
conhecimentos. O professor poderá explorar as potencialidades e
capacidades do computador, tornando possível praticar e vivenciar
situações fundamentais para a construção do conhecimento pelo aluno.
Dando ênfase a Informática Educativa, percebe-se que a integração das
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tecnologias na sala de aula é importante quando for utilizada para contemplar os
discentes na construção dos novos conhecimentos. Construção esta realizada num
processo em conjunto, compartilhado, com o mediador disposto a dar autonomia na
resolução de tarefas, evitando que o aluno mais reaja do que atue, mais siga do
que construa.
3.6 – Gestão dos Laboratórios de Informática Educativa
Para muitos autores, um dos grandes desafios para a inserção da novas
NTIC em nossas escolas públicas está relacionada à gestão, surgindo assim várias
questões. Como o ritmo acelerado das mudanças e das tecnologias, impedem que
nossas escolas, principalmente as públicas acompanhem tais condições.
Segundo CYSNEIROS (2000: p.1) “ao abordar a introdução da
informática em escolas do Brasil, aponta uma série de problemas para assimilação
das novas tecnologias pela escola pública, como a ausência de concepções bem
definidas sobre o que é Informática na Educação”.
E para reforçar tal afirmação, verificamos pelos itens 3.1. e 3.2, que os
próprios dispositivos legais e curriculares contribuem para problematizar tal
situação.
As dificuldades não são poucas nem simples, envolvendo aspectos
administrativos, financeiros, contábeis e de recursos humanos. Para CYSNEIROS
apud KENSKI (2000: p.1), o déficit de infra-estrutura telefônica no Brasil (em várias
localidades) e os problemas de reestruturação das instituições escolares, estão
relacionadas à lógica do ensino com uso de novas tecnologias.
Ao focar os aspectos cotidianos da escola, encontram-se algumas
situações que também contribuirão para essa gestão, como a existência de muitas
turmas, número elevado de alunos por turma, muitos professores, conteúdos
dispersos, dificuldades quanto ao uso pedagógico de ferramentas de softwares.
É necessário que se implante a gestão de novas tecnologias onde todo o
grupo escolar apoie a realização de uma nova prática educacional. Todos envolvidos
para subsidiar o trabalho pedagógico, abordando a diversidade dos conteúdos,
fazendo com que o aluno esteja sempre estimulado para construir seu próprio
conhecimento, que se busque a aprendizagem, e não o uso de recursos sem uma
fundamentação consistente.
(...)