terça-feira, 31 de janeiro de 2017

PLANEJAMENTO: DÚVIDAS NA VOLTA À ATIVA APÓS AS FÉRIAS

Turma difícil? Série diferente? Aluno com deficiência? Especialistas respondem a essas e outras perguntas comuns antes do encontro com a garotada no início do ano letivo
Depois de um bom tempo sem pensar nas questões relacionadas ao dia a dia da escola, a aproximação do retorno às aulas exige que o professor comece a se preparar. A rotina é parecida com a de anos anteriores: comparecer aos encontros pedagógicos, tomar conhecimento das suas turmas e, em seguida, planejar o ano letivo.
Esse processo todo pode parecer simples, mas não é. Antes que o ano se inicie, o docente deve investigar os conteúdos mais relevantes da série em que trabalhará, as necessidades de aprendizagem da turma e os desafios típicos da faixa etária de seus alunos. Nessa tarefa, vale recorrer à equipe da própria escola - gestores e colegas professores - e a outros materiais, como projetos e atividades do acervo da escola. Temos, aqui em NOVA ESCOLA, um especial com mais 60 links para ajuda-lo a fazer o planejamento de todo o ano letivo.
Ainda assim, é normal surgirem dúvidas e problemas durante o planejamento e nas primeiras semanas de aula. Abaixo, respondemos a cinco delas.
Peguei uma turma considerada difícil por meus colegas. Como me preparo para encarar esse desafio?
Em primeiro lugar, relativizando o conceito de difícil. O comportamento dos alunos depende de sua relação com eles e as impressões sobre a "dificuldade" das turmas são muito particulares. Não são raras as ocasiões em que classes consideradas difíceis por um professor se dão bem com outro. "Ao assumir um grupo novo, o educador não pode carregar preconceitos que surjam a partir de conversas com os colegas - apesar de essa troca ser importante", explica Adriana Ramos, do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral das Universidades de Campinas (Unicamp) e Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp).
Nas conversas com os colegas, procure descobrir quais são especificamente os traços que tornam essa turma "difícil". Os problemas são relacionados a indisciplina, ao desempenho nas avaliações ou a qual outro fator? Caso o problema seja relacionado ao comportamento dos alunos (brigas constantes e divisão da sala em "panelinhas", por exemplo), planeje atividades que beneficiem a convivência, privilegiando o trabalho em grupos. Outra estratégia importante é a separação de um tempo semanal para discutir esses problemas, como as assembleias de classe.
Desconfio que minha turma ainda não tenha consolidados alguns conhecimentos de anos anteriores. O que devo fazer?
Antes de tudo, certifique-se de sua impressão. Uma avaliação diagnóstica precisa é essencial para que o docente parta do que as crianças já sabem e não perca tempo voltando ao que eles já conhecem. Ao notar que a turma - como um todo - não atingiu as expectativas de aprendizagem de anos anteriores, é importante repensar o planejamento. Os conteúdos ainda não dominados pela turma devem ser retomados. "Os alunos não podem deixar de aprender e, se eles não foram assimilados no passado, é papel do professor que assumiu a turma ensinar", defende Débora Rana, formadora do Instituto Avisa Lá e coordenadora pedagógica da escola Projeto Vida, na capital paulista.
Tenho alunos que, apesar de já estarem nos anos finais do Ensino Fundamental, ainda não leem e escrevem convencionalmente. Como corrigir esse problema?
A situação precisa ser resolvida pela equipe gestora da escola. Os professores especialistas, que dão aula nesse segmento, não costumam ter formação voltada à alfabetização. Por isso, coordenador e diretor devem planejar uma rotina para que esse aluno seja alfabetizado por um profissional preparado para a tarefa. "Enquanto isso, os docentes da turma contribuem planejando junto com o coordenador pedagógico adaptações e flexibilizações para as atividades em sala de aula para que o aluno não alfabetizado possa participar das aulas com os colegas", defende Débora Rana.
Darei aula em uma série diferente da qual estou acostumado. Como devo me preparar?
Seu planejamento deve ser feito com ainda mais cuidado. Os primeiros passos são conhecer as expectativas de aprendizagem para a nova série, entender as características da faixa etária e se desprender da turma anterior. "O educador também precisa refletir sobre a maneira como sua experiência em uma série diferente pode ajudá-lo nesse novo desafio", defende Daniela Panutti, coordenadora pedagógica da Escola Vera Cruz, na capital paulista. Converse com colegas que já deram aula nessa série e os antigos professores da turma que irá assumir. Eles podem lhe fornecer as informações necessárias para iniciar a esboçar um planejamento, já que conhecem as expectativas de aprendizagem para aquela série e também o ritmo de aprendizagem dos alunos.
Sou novo na escola. Como posso me inteirar?
Conhecer a nova instituição é o ponto mais importante. O professor novato precisa se informar sobre o perfil dos alunos, o projeto político-pedagógico e o regimento da instituição, por exemplo. Os primeiros meses serão de adaptação, em que o docente se desliga gradativamente da escola anterior. "Nesse momento, é preciso tomar cuidado para não fazer muitas comparações e querer transformar o novo colégio no antigo", explica Daniela Panutti. Por outro lado, o olhar estrangeiro pode ser benéfico para a nova instituição. "O novo docente enxerga aspectos que quem está acostumado à rotina escolar já não vê", defende a educadora.
Desconfio que um aluno possa ter uma deficiência intelectual. E agora?
É preciso observá-lo mais atentamente, levantando os traços de comportamento que diferenciam essa criança e a maneira como eles afetam sua aprendizagem.
Com uma descrição detalhada e objetiva em mãos, deve-se recorrer à equipe gestora, que dará as orientações mais adequadas. É preciso que se discuta, nesse momento, quais as necessidades específicas daquele aluno. Há casos em que apenas um ajuste nas propostas de trabalho do professor já é suficiente para que ele acompanhe toda a turma. "Em outras situações, é necessário buscar o apoio da área de saúde e, quando houver um diagnóstico, o atendimento educacional especializado (AEE) pode ser importante", explica Daniela Alonso, especialista em Educação Inclusiva.



FONTE: https://novaescola.org.br/conteudo/1829/planejamento-duvidas-na-volta-a-ativa-apos-as-ferias

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

POR QUE PROFESSOR NÃO GOSTA DE LER?

Ensino brasileiro ainda reproduz uma pedagogia ineficaz na valorização da leitura
Aloísio Milani
Institutos de pesquisa, entidades de classe e editoras até hoje não conseguiram aferir, mas, nos bastidores, todos sabem: professor não gosta de ler. Como toda nota vermelha no boletim, essa também chega com muitas justificativas e desculpas. As explicações vão desde a formação educacional até o preço dos livros, passando pela indefectível falta de tempo.
O baixo poder aquisitivo é uma das explicações para o pequeno volume de leitura do professorado. Em estudo de 2001, divulgado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), 41% dos docentes afirmaram ler ao menos um livro por mês, 34% deles eventualmente lêem e 25% não responderam ou não costumam ler.
O problema da leitura no Brasil – denunciado ano após ano pelos índices de aprovação em exames e vestibulares – não é novo. Alunos são massacrados pelos pais e pela escola por apresentarem péssimos rendimentos em interpretação de textos, por não compreender o que lêem, por não gostar de ler.
Segundo pesquisa publicada no livro letramento no Brasil, realizada em 2001, com 2 mil pessoas de 15 a 64 anos, 69% dos brasileiros dizem que nunca vão a bibliotecas. Quando indagados sobre as pessoas que mais influenciaram o gosto pela leitura, 37% dos entrevistados creditaram o hábito a um professor, 36%, às mães. Os dados, levantados pelo Instituto Paulo Montenegro – entidade ligada ao Ibope – e pela ONG Ação Educativa, dão uma amostra da importância do educador nesse processo.
Por mais que haja empenho em se melhorar os índices brasileiros de leitura, nenhuma campanha terá sucesso se não levar em conta que os próprios professores também não cultivam o hábito de ler por prazer – o que não inclui livros técnicos e material didático, cujas leituras são tidas como obrigação da profissão.
Poucos se dão conta de que os mestres que, hoje, apregoam a importância do hábito de ler, quando alunos, não guardaram boas lembranças dos livros e também sofreram com a leitura imposta, tratada como obrigação e treinamento.
O professor repete para o aluno a mesma visão de ensino que teve em sua formação. Muitos dos atuais mestres também tiveram de fazer os ineficazes resumos de obras clássicas; vários nunca foram sensibilizados para o prazer da leitura; outro tanto não tinha condições financeiras para comprar livros. Fica o dilema: como um professor que não gosta de ler pode estimular esse prazer em seus alunos?
“Grande parte do professorado realmente lê pouco, mas não podemos sentenciá-la como culpada. Essa parcela faz parte do contexto de aprendizagem que não coloca a leitura como categoria fundamental”, expõe Edmir Perrotti, professor da Escola de Comunicações e Artes da USP. Para ele, essa situação reflete uma falha profunda nas políticas educacionais.
Na prática, há uma desvalorização do livro como meio básico de educação desde o ensino fundamental. “É um círculo vicioso para o professor: estuda numa escola que não usa direito o livro; forma-se educador sem saber lidar com a biblioteca; e retorna para o ensino reproduzindo isso”, explica Elizabeth Serra, diretora das bibliotecas públicas do Rio de Janeiro.
Por que os professores não lêem mais? Entre os especialistas, é consenso dizer que a questão da leitura está muito mais ligada às condições de acesso ao livro e à informação do que ao interesse das pessoas. Essa tese coloca que ler é um hábito mais próximo das camadas sociais mais ricas, em que a presença da cultura letrada é mais forte.
Luiz Percival Britto, presidente da Associação de Leitura do Brasil, explica que “ler para estar bem informado depende das condições de vida”. Para Britto, o discurso que acusa o professor chega a ser preconceituoso e inocente: “Essa discussão é político-social; a leitura depende de uma política de Estado. Os professores são apenas agentes visíveis do processo.”
No primeiro semestre deste ano, a CNTE divulgou um estudo feito em dez estados brasileiros que mostra que a maioria dos professores está na rede pública, tem uma experiência entre 12 e 18 anos de trabalho e ganha entre R$ 500 e R$ 1 mil.
É nesse contexto que se discute a política de incentivo da leitura do professor. Mas ler o quê? E para quê? Logicamente, os professores já lêem cotidianamente para seus planejamentos de aula. Antônio Augusto Gomes, do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), coloca que o professor “tem pouca familiaridade de utilizar textos mais literários e acadêmicos”, só que está treinado e “especializado no seu método de ensino”. Mais ainda. “Existe uma tensão entre o que o professor gostaria de ler e ser como profissional e como realmente é”, observa Gomes.

Literatura e trabalho – A professora Deise Capitani tem 36 anos e faz dupla jornada de trabalho em São Paulo (SP). Pela manhã, ela dá aulas no ensino fundamental na Escola Estadual Walter Belian e, à tarde, na Escola Municipal Ataulfo Alves, ambas na zona leste da cidade. Deise concluiu, no ano passado, o Programa de Educação Continuada (PEC) de professores de primeira a quarta séries, que lhe deu diploma de nível superior.
No curso – uma adequação à Lei de Diretrizes e Bases que impõe a necessidade de graduação para os docentes do ensino básico -, Deise estudou as linhas pedagógicas de vários educadores, como Paulo Freire, Piaget e Perrenoud. “Nós dávamos aula, mas não sabíamos classificar e nortear a prática do ensino de acordo com os pensadores”, explica.
Deise admite a dificuldade em arranjar tempo para a leitura: “No trabalho, somos cientistas, professores e psicólogos. Nem sempre sobra tempo para ler e se atualizar.” Por exemplo, nas horas de trabalho pedagógico – horários pagos para o professor se aprimorar -, muitas vezes se discutem apenas problemas pontuais de sala de aula. Não há orientação de especialistas no período.
A professora lembra que, fora as exigências do PEC, os últimos livros que leu foram duas biografias: Anjo Pornográfico, de Ruy Castro, e uma biografia de Monteiro Lobato. A leitura das obras, segundo a professora, foi importante para sua didática. “Acho que o professor deveria ser mais valorizado pelas políticas públicas. Se pudéssemos ter um salário para lecionar em apenas uma escola, a situação seria diferente”, analisa.
Segundo Deise, uma maneira de se estimular a leitura dos professores é o governo e as secretarias de educação investirem na assinatura de periódicos: “As revistas Época e Veja, por exemplo, trazem informações históricas com explicações atuais. São textos prazerosos. Acho imprescindível que o professor também leia por prazer.”

Salários baixos – Em sintonia com o discurso da professora está a própria presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Juçara Vieira, que reconhece a escassez de tempo para investir na leitura. “Com a internet, se multiplicaram as formas de acúmulo de conhecimento, mas os trabalhadores da educação são absorvidos pelo volume de trabalho que assumem para ganhar um salário razoável”, pondera.
Um levantamento feito pela Unesco em 1998 evidenciou que o salário médio inicial dos professores da rede pública brasileira chegava a ser até seis vezes menor do que na Alemanha, na Espanha e nos Estados Unidos. Na comparação, a média brasileira era menor até que os índices do Uruguai, da Malásia e da Tailândia.
Mas há vozes dissonantes. “Não há como dizer que o professor realmente lê muito mal. Sabemos que ele é intelectualizado, apesar de, como os brasileiros em geral, não ter acesso à maioria das publicações”, analisa Wander Soares, presidente da Associação Brasileira de Editores de Livros (Abrelivros). “Há uma demanda reprimida da leitura no país. Se houvesse melhora econômica, haveria mais consumo de livros”, acredita Soares.
Entre os livreiros, os descontos também não são a estratégia unânime. “Os descontos são mais uma forma de propaganda do que um incentivo à leitura. Há, muitas vezes, alunos de pedagogia que passam quatro anos estudando e não chegam a ler seis livros inteiros”, dispara Ednilson Xavier, da Associação Nacional das Livrarias e gerente da Livraria Cortez.
Xavier coloca que, dos dez livros da área mais vendidos pela Cortez, em julho deste ano, estão quatro do pedagogo Paulo Freire e um do educador Edgar Morin. Alguns deles chegam a custar menos de R$ 11. “Depende mais do incentivo à leitura do que dos preços. Livro precisa de valor prático.”
Clarisse da Silva leciona matemática na escola estadual Sérgio Leça Teixeira, em Franca, interior de São Paulo. Graduada em matemática com licenciatura plena, a professora se candidatou a uma vaga em concurso aberto pela Secretaria Estadual de Educação para lecionar no ensino básico.
Com a bibliografia do concurso em mãos, Clarisse procura estudar e ler o máximo que pode nos meses que antecedem o teste. Mesmo tendo formação universitária, a professora diz que o estudo na faculdade “não lhe deu base suficiente para concurso”. Para ela, “o nível superior não cobra muita leitura e, devido à falta de tempo, os alunos só lêem o que é cobrado”. Ela ainda completa: “Há muito desinteresse dos alunos e dos professores.”
Antônio Augusto Gomes, do Ceale, explica que o problema da formação do professor surgiu no recrutamento em massa de professores, desde a década de 70. “No perfil social, a maioria faz parte da primeira geração, alfabetizada na família. Isso impõe um desafio enorme para a estrutura de formação”, aponta.
Clarisse avalia que “nunca existiu tanto livro na escola para os professores, mas poucas vezes se usa bem o que se ganha”. Sua escola, como todas as outras 3.126 do estado de São Paulo, receberá da Secretaria da Educação um pacote do programa Biblioteca do Professor com mais 219 títulos.
Mas só comprar livros não tem resolvido a questão. Nesse ponto, o professor Edmir Perrotti lembra os resultados de uma pesquisa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que apontam que o maior problema das bibliotecas não está nos recursos financeiros e, sim, no isolamento e na falta de comunicação entre acervos e salas de aula (leia mais à pág. 44).
Segundo Elizabeth Serra, diretora das bibliotecas públicas do Rio de Janeiro, o professor precisa ser formado para descobrir a literatura e com isso mudar seu ensino.
“Eu acho que a obra de Monteiro Lobato, por exemplo, pode ser usada como projeto pedagógico. Os livros são didáticos, trabalham a diversidade e são verdadeiros clássicos.” Elizabeth faz questão de reforçar: “Leitura não deve ser apenas o ‘fim’, mas o ‘meio’ da educação”, acredita.


FONTE: http://www.revistaeducacao.com.br/por-que-professor-nao-gosta-de-ler/

A IMPORTÂNCIA DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NA ESCOLA

EDUCAÇÃO
Este trabalho discute como surgiu e qual é o papel do coordenador pedagógico no cotidiano escolar frente sua atuação diversificada dentro da unidade escolar.

ÍNDICE

1.   1. Resumo:
2.   2. Introdução
1.   4.1 O Papel Da Escola
1.   4.5.1 A ética
2.   4.5.2 A Consciência
3.   4.5.3 Elementos Subjetivos
1.   5.1 Plano De Trabalho

 

1. RESUMO:

Este trabalho discute como surgiu e qual é o papel do coordenador pedagógico no cotidiano escolar frente sua atuação diversificada dentro da unidade escolar, local do exercício de liderança deste profissional, certamente se mostram pontuais na organização e desdobramento das atribuições do coordenador em relação ao seu papel, em relação ao seu compromisso teórico-metodológico, ao estabelecimento de ensino um clima organizacional propício ao desenvolvimento de um trabalho pedagógico que respeite as distintas vozes que se apresentam no âmbito escolar. Por meio de uma revisão de literatura, de discussões e análise de vivências no cotidiano da escola, selecionei alguns pontos recorrentes para a discussão do objeto de estudo, o que me possibilitou a constatar que a prática pedagógica se constrói pela contribuição de todos os atores sociais, cujo sujeito facilitador, pode ser materializado, dentre outros, na figura do coordenador pedagógico.
Palavras-chave: como surgiu, formação de professores, coordenador pedagógico

2. INTRODUÇÃO

Este trabalho é resultado de algumas reflexões sobre minha prática como professora, coordenadora e de minhas inquietações e inconformidade com algumas situações do cotidiano escolar.
Sou professora há doze anos na rede estadual de ensino e efetiva há três anos. Fiz o magistério e logo entrei para a faculdade de história em Mandaguari Pr, no ano de 2000 mudei com minha família para Mato Grosso em busca de trabalho,mas a busca pelo saber não parou por ai fiz uma graduação em Educação ambiental, mesmo sabendo que naquele momento meu esforço não seria valorizado financeiramente.Sempre tive consciência da necessidade da busca de uma formação mais ampla, que me fizesse compreender, através da teoria a pratica em sala de aula.
Durante algum tempo questionei com minhas coordenadoras pedagógicas a forma como atuavam, percebia a falta de argumentos, mesmo porque hoje compreendo eram pessoas que não estavam preparadas para tal função, a interpretação errônea do verdadeiro papel do coordenador pedagógico,sua valorização como profissional contribui para que nas escolas ainda continue reproduzindo esse modelo pré histórico de coordenar, sem qualificação e motivação para melhorar pois a “gratificação” é insignificante diante da responsabilidade de um coordenador pedagógico,posso dizer depois de tudo que pesquisei, o papel desse profissional é fundamental para o bom desenvolvimento da aprendizagem escolar posso dizer que dentro de uma escola o coordenador pedagógico é a pessoa mais importante,sem ele não há um ensino de qualidade, foi para melhorar as minha habilidades como coordenadora que busquei mais uma vez qualificação mesmo sabendo que a valorização ainda esta longe de ser a ideal,mas a forte do saber,e fazer com qualidade não pode nunca parar ,pois ainda acredito que um dia essa tão sonhada valorização profissional chegue.

3. COMO SURGIU E COMO É O DIA DE UM COORDENADOR PEDAGÓGICO.

A figura do coordenador pedagógico surgiu com as transformações na educação entre as décadas de 70 a 90. A partir das transformações sociais, políticas, econômica a mudança de valores, a fragilidade da educação, a desvalorização dos profissionais provocou situações de desanimo na educação, resultada de políticas educacionais formatadas e despejada nas escolas sem um planejamento, sem a participação dos professores. O coordenador professor pedagógico surge em meios a essas inovações educacionais voltadas para projetos diferenciados, mudanças, porém sem nenhuma qualificação o que comprometeu o bom desempenho de sua função. A figura do coordenador foi fruto de um de uma concepção progressista, onde as novas formas de gestão escolar e processo ensino aprendizagem foram postas em pratica. E hoje o coordenador convive com adversas condições de trabalho faltam as condições objetivas, formação técnica, materiais favoráveis, organização coletiva, entre outros fatores,prejudicando assim sua real função a de coordenar,planejar e acompanhar todo o processo didático pedagógico .
Leva–se em consideração que o atual cenário educacional da gestão democrática busca desenvolver uma gestão participativa, tendo o gestor e coordenador como o mediador das ligações entre escola – comunidade – família, onde há relação orgânica entre a direção e a participação dos membros da equipe escolar. O século XXI inicia-se com uma bagagem cheia de incertezas políticas, ideológicas, comportamentais. Essa situação se reflete também na escola, fazendo emergir sensações de impotência e pessimismo nas pessoas que participam dessa comunidade. Segundo Kuhn (1970), a superação de um paradigma, é lenta e encontra grandes resistências. No período de transição convivem elementos do velho e do novo paradigma que vai progressivamente substituindo, com vantagem, representações, atitudes e procedimentos. Os novos paradigmas gerenciais requerem funções descentralizadas, participativas, interdependentes e integradas. O desenvolvimento organizacional depende da melhoria contínua dos processos de gestão, apoio e de base. A eficiência dos processos depende dos referenciais e recursos neles utilizados. Os recursos humanos são determinantes, pois sua capacitação e motivação é que tornam possível o aumento da eficiência dos processos. A vontade e a capacidade dos agentes organizacionais, em última instância, configuram uma cultura organizacional de desenvolvimento, estagnação ou regressão. Baseado nos estudos realizados, o resultado nos direciona para uma observação mais profunda no que se refere aos processos de gestão participativa, uma vez que queremos formar cidadãos conscientes, críticos responsáveis e capazes de exercerem sua cidadania.
Para isso precisamos rever a formação pedagógica, articulando a entre as políticas educacionais e as concepções de formação enquanto processos de construção coletiva. Com as políticas de reestruturação, ou focalizadas a partir de 2003 essas ações orientadas pelo governo ainda não obtiveram sucesso esperado,do meu ponto de vista o que mais precisaria nesse momento seria o investimento no material humano que faz parte desse processo ,resgatar a auto estima do profissional da educação que apresentar resultados satisfatório no desempenho de sua função através de projetos que tenha resultado no processo ensino aprendizagem. Desse modo o PDE funcionaria como carro chefe onde gestão coordenação e professor conseguisse ver a educação como um bem público, infelizmente o sistema educacional brasileiro apresenta uma fragmentação de ações e programas e, conseqüentemente das políticas educacionais que os fundamentaram. Pensar na qualidade de ensino implica assegurar um processo pedagógico pautado na eficiência, eficácia e efetividade social ,cultural e econômico de modo a garantir o ingresso ,permanência e a qualidade em educação,para formar o novo cidadão brasileiro.
Para que esse processo se efetive é preciso um trabalho coletivo, onde todos estejam voltados pelo mesmo objetivo “uma educação de qualidade’’.

3.1 As multi funções do coordenador pedagógico.

Nesse meio encontra a figura do coordenador se desdobrando em multi funções em seu dia escolar.
FALCÃO (1994:42) afirma:Problemas ligados às características de vida do aluno, o seu ambiente familiar, às suas relações com os pais, às suas condições de saúde e nutrição; igualmente aspectos ligados à sua história escolar, seu aproveitamento em outras séries e outras matérias, suas relações com outros professores e com colegas; todos esses aspectos, ligados à vida do discente fora da sala de aula, interferem no seu aproveitamento e, conseqüentemente no trabalho do professor.

desde conflitos ,sociais, econômicos,familiares, amorosos,violência, drogas,gêneros entre tantos outros...Como substituir o professor que faltou, organizar e agendar os horários de uso da biblioteca, ajudar os funcionários da Secretaria na época da matrícula, controlar a entrada e a saída dos alunos e Infelizmente o cotidiano do coordenador pedagógico passa bem longe do ideal, estamos tentando resgatar o que deveria ser um coordenador,na atual condição onde nos desdobramos para segurar a peteca de uma escola viva como a nossa de ensino fundamental ,onde os alunos estão passando por um processo de metamorfose típico da faixa etária de nossos educando,onde estão se descobrindo,deixando os hábito de crianças para entrar na adolescência , temos que trabalhar não só o aprendizagem mas de uma forma geral tudo ainda conversar com os pais daquele garoto que vive brigando com os colegas ou mesmo pais que nunca vem nas reuniões quando convocados. Várias demandas vão parar nas mãos dos coordenadores pedagógicos. O resultado é que, atolados em afazeres, muitos acabam não dando conta de sua função prioritária na escola: a formação contínua, em serviço, dos professores.
E a atuação se torna sem foco nem é uma questão de falta de experiência, mas pelo grande numero de afazeres como ser: o braço direito do diretor, não só para os assuntos pedagógicos mas também para os burocráticos e financeiros; dos professores, que costumam elegê-lo como o melhor porta-voz para tratar com a direção sobre todos os temas da categoria; dos pais, que não sabem direito qual é a função dele; e das secretarias, que às vezes fazem convocações em excesso e o obrigam a mal parar em seu local de trabalho.

3.2 O coordenador sabe qual é a sua função

Segundo Ana Maria Falcão de Aragão (1998), da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "Eles não sabem os limites de seu papel e, por isso, aceitam todas as demandas que lhe são dadas, fazendo coisas demais por não ter a compreensão de que são, antes de tudo, formadores"
Isso prova que não sabemos, ou melhor, sabemos, mas não temos condições de exercer somente a nossa função.
As tarefas que a coordenação acaba tomando para si poderiam ser passadas para outro profissional, sobrando mais tempo para o que é primordial. Segundo Coelho 1996 Para as coisas funcionarem bem, deve existir um trabalho colaborativo, com o envolvimento de todos”. Um exemplo é o atendimento de pais. "É função do coordenador recebê-los quando se trata de questões pedagógicas", O ideal é que funcionários da secretaria sejam capacitados para fazer uma triagem dos telefonemas e dos pedidos . A escola também ganha ao estipular horários fixos para o atendimento às famílias.
Já as secretarias podem se empenhar para melhorar as condições de trabalho nas unidades, tanto no que diz respeito à estrutura física como na composição de equipes, a fim de organizar e distribuir melhor as tarefas. "Alguns sistemas prevêem a presença de um profissional responsável por questões administrativas e pelos processos burocráticos, criando uma divisão automática de atribuições".
Para Mozart Neves Ramos (2000), conselheiro do movimento Todos Pela Educação, é preciso reconhecer a importância do coordenador na gestão escolar. "Ele é o líder da aprendizagem, o responsável por obter bons resultados com o trabalho de formação dos professores, e cada unidade de ensino precisa ter ao menos um profissional", afirma. Ramos (2000) defende ainda ações de legitimação da função no país. "No Plano Nacional de Educação 2011-2020, a meta que se refere à profissionalização da gestão democrática nem cita o coordenador. Sem levar isso em consideração, corremos o risco de ele trabalhar de forma desarticulada dos objetivos da escola." Sem contar que a valorização do profissional deveria ser igual do gestor, no entanto é inferior sendo ele tão importante no processo de ensino aprendizagem do educando por que essa desvalorização?
E sua qualidade de vida a falta de tempo para a família?
Atualmente, estamos vivenciando um tempo de muitas mudanças, via de regra impulsionadas pela consolidação do sistema capitalista de produção. Esta nova configuração mundial tem tido reflexos na maneira como ocorre à divisão social do trabalho. No campo educacional, mais especificamente, não tem sido diferente. As relações de trabalho, na escola, têm sofrido modificações nas últimas décadas. Assim, se na gênese da Coordenação Pedagógica, o supervisor era o “fiscal”, o chefe que gerenciava a produção - tal qual ocorria na indústria - hoje em dia, almeja-se que este se configure como o que auxilia e contribui para a melhoria do processo ensino-aprendizagem, objetivando uma educação de qualidade. É nesta perspectiva, que podemos afirmar que o cargo Coordenação Pedagógica é necessário no ambiente escolar. Mas a realidade nos indica que, para se alcançar o papel a que se propõe o Coordenador Pedagógico, hoje em dia, existe um longo caminho a ser trilhado, uma vez que o almejável depende de compromisso social, condições materiais favoráveis para o desenvolvimento do trabalho e de compromisso pessoal, comprometimento dos profissionais da área com a sua profissão, para que esse sonho seja concretizado.

3.3 Os coordenadores sabem o que deve ou não fazer como:

-Garantir a realização semanal do horário de trabalho pedagógico coletivo
-Organizar encontros de docentes por área e por série
-Dar atendimento individual aos professores
-Fornecer base teórica para nortear a reflexão sobre as práticas
-Conhecer o desempenho da escola em avaliações externas


O que não fazer:
-Conferir se as classes estão organizadas e limpas antes das aulas
-Fiscalizar a entrada e a saída de alunos
-Visitar empresas do entorno para fechar parcerias
-Substituir professores que faltam
-Cuidar de questões administrativas, financeiras e burocracias em geral.
O que nos falta são condições para isso, uma escola para desenvolver um bom trabalho necessita de um psicólogo, psicopedagogo e um técnico em saúde ,isso seria o ideal ,sabemos que existe parcerias mas são insuficientes,estamos findando o ano letivo e depois de tantos problemas com determinados alunos no decorrer do ano letivo conseguimos uma consulta por intermédio do conselho tutelar em uma situação de risco com uma psicóloga. A escola não esta preparada nem equipada em sua estrutura física e humana para atender as problemáticas da civilização atual que acompanham nossos alunos, que vão desde a sócios econômicas, fome, estrutura familiar, gênero, drogas, violências entre outras.Assim se distribui um coordenador “bom bril”(mil e uma utilidade), para atender os incêndios diários de uma escola.
Segundo Bartman (1998,p.1):
o coordenador não sabe quem é e que função deve cumprir na escola.Não sabe que objetivos persegue.Não tem claro quem é seu grupo de professores e quais as suas necessidades.Não tem consciência do seu papel de orientador e diretivo.Sabe elogiar,mas não tem coragem de criticar.Ou só critica,e não instrumentaliza.ou só cobra,mas não orienta.

Discordo em parte de Bartman, nós sabemos qual deveria ser nossa função, o problema é que por falta de uma equipe qualificada em suas áreas especificas ,nós temos que ser multi uso dentro de uma escola e por conta de tantos afazeres acabamos não executando a nossa verdadeira função.
Segundo Novoa (2001), a experiência não é nem formadora nem produtora.É a reflexão sobre a experiência que pode provocar a produção do saber e a formação”. O coordenador deve estar sempre preparado para mudanças e sempre pronto para motivar sua equipe na formação do novo cidadão. O coordenador eficiente centraliza as conquistas do grupo de professores e assegura que as boas idéias tenham continuidade.Além do que se passa dentro das quatro paredes da sala de aula, há muito mais a aprender no convívio do coletivo - no parque, no refeitório, na rua, na comunidade. É preciso lembrar que só quem não está em classe, imerso naquela realidade, é capaz de estranhar. E isso é ótimo! É do estranhamento que surgem bons problemas, o que é muito mais importante do que quando as respostas aparecem prontas.Só assim é possível que o coordenador efetivamente forme professores (e esse é o seu papel primordial), diria que no dia-a-dia de uma instituição educativa é preciso: dispor segundo certa ordem e método as ações que colaboram para o fortalecimento das relações entre a cultura e a escola;organizar o produto da reflexão dos professores, do planejamento, dos planos de ensino e da avaliação da prática; arranjar as rotinas pedagógicas de acordo com os desejos e as necessidades de todos; e ligar e interligar pessoas, ampliando os ambientes de aprendizagem. Esse é o sentido de ser um bom coordenador, não de uma instituição, mas de processos de aprendizagem e de desenvolvimento tão complexos como os que temos nas escolas.

4. O TRABALHO DO COORDENADOR

O trabalho pedagógico deve ser orientado, um bom projeto e a execução do mesmo é a intenção e a certeza de que a escola e seus profissionais realizem um trabalho de qualidade. Ele será o resultado de reflexões e questionamentos de seus profissionais sobre o que é a escola é hoje e o que poderá a vir a ser. Visando, a inovação da prática pedagógica da escola para elevar a qualidade do ensino.FALCÃO FILHO (1994:46) ressalta:
do aluno requer um conjunto de ações que apenas um docente não pode a formação realizar; portanto o processo de ensino – aprendizagem não se alimenta exclusivamente da contribuição individualizada de cada conteúdo ou professor isoladamente; pelo contrário, além dessas contribuições individuais, há aquelas provenientes do trabalho conjunto de todos os docentes e destes com os demais profissionais da educação lotados na escola.

O trabalho do coordenador deve ser orientado e isso, exige um compromisso muito amplo, não somente com a comunidade na qual se está trabalhando, mas consigo mesmo. Trata-se de um compromisso político que induz a competência profissional e acaba por refletir na ação do educador, em sala de aula, as mudanças almejadas. Todavia, a tarefa do coordenador é muito difícil de ser realizada, exige participação para a integração em sua complexidade.
Segundo Gandin (1983, p. 89), esta ação não é fácil, por que:
·         Exige compromisso pessoal de todos;
·         Exige abertura de espaços para a participação;
·         Há necessidade de crer, de ter fé nas pessoas e nas suas capacidades;
·         Requer globalidade (não é participação em alguns momentos isolados, mas é constante);
·         Distribuição de autoridade;
·         Igualdade de oportunidades em tomada de decisões;
·         Democratização do saber.
Diante do exposto até aqui se conclui que a escola, é parte integrante da totalidade social, não é um produto acabado. É resultado, dos conflitos sociais que os trabalhadores vivem nas relações de produção, nas relações sociais e nas lutas de classe. É também fruto das lutas sociais pela escola como lugar para satisfazer a necessidade de conhecimentos, qualificação profissional, e de melhoria de suas condições de vida enquanto possibilita melhores empregos e o acesso a uma maior renda. Não se pode negar este direito aos trabalhadores, e, por isso, a escola pública, apesar dos pesares, é um espaço de Educação Popular.Contudo, caracteriza Brandão (1999,em seu artigo p.15):
A educação existe no imaginário das pessoas e na ideologia dos grupos sociais e, ali, sempre se espera, de dentro, ou sempre se diz para fora, que a sua missão é transformar sujeitos e mundos em alguma coisa melhor, de acordo com as imagens que se tem de uns e outros.

4.1 O Papel da Escola

Para que a escola possa cumprir com este papel, será necessário investir na mudança de atitude do seu professor, do coordenador, no sentido de criar condições que favoreçam este elo, tendo como objetivo a valorização e a cultura do aluno e busque promover o diálogo com a cultura. Sem dúvida, é imprescindível a presença do coordenador, como instigador da capacitação docente, destacando a necessidade de adquirir conhecimento e condições de enfrentar as dificuldades próprias de sua profissão, como também, estar preparado para administrar as constantes mudanças, no contexto escolar. Ressaltando que a LDB, no seu capítulo IX afirma: “quando se fala em uma nova abordagem pedagógica (...) e avaliação contínua do aluno, tudo isto exige um novo tipo de formação e treinamento ou retreinamento de professores”.
A LDB no seu art. 22 afirma: “a educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”. Lembrando que a escola deve trabalhar a educação, de maneira a ajudar de forma intencional, sistemática, planejada e contínua para os alunos que a freqüentam. Esta educação deve ser diferente da forma como fazem as outras instituições como: a família, os meios de comunicação, o lazer e os outros espaços de construção do conhecimento e de valores para convivência social.
Deve, portanto, assumir explicitamente o compromisso de educar os seus alunos dentro dos princípios democráticos. Ela precisa ser um espaço de práticas sociais em que os alunos não só entrem em contato com valores determinados, mas também aprendam a estabelecer hierarquia entre valores, ampliam sua capacidade de julgamento e realizam escolhas conscientes, adquirindo habilidades de posicionar-se em situações de conflito.

4.2 Como o fazer do Coordenador pode ajudar.

O coordenador tem a possibilidade de transformar a escola no exercício de uma função realmente comprometida com uma proposta política e não com o cumprimento de um papel alienado assumido. Deve antes de tudo, estar envolvido nos movimentos e lutas justas e necessárias aos educadores. Semear boas sementes, onde a educação se faz presente e acreditar veemente que estas surtirão bons frutos.
A caracterização da coordenação precisa ser definida e assumida pelo Educador e pelo coordenador. É uma opção que lhe confere responsabilidade e a tranqüilidade de poder. O coordenador deverá ser capaz de desenvolver e criar métodos de análise para detectar a realidade e daí gerar estratégias para a ação; deverá ser capaz de desenvolver e adotar esquemas conceituais autônomos e não dependentes, diversos de muitos daqueles que vem sendo empregados como modelo, pois um modelo de coordenação escolar não serve a todas as realidades.
O coordenador possui uma função globalizadora do conhecimento através da integração dos diferentes componentes curriculares. Sem esta ação integradora, o aluno recebe informações soltas, sem relação uma das outras, muitas vezes inócua.É preciso que os conteúdos sejam trabalhados por áreas de conhecimento,sendo assim todos estarão interligados ou seja o conhecimento não se da como se fosse uma caixa de fósforo ,abre para história e fecha para português. No planejamento pedagógico, o foco do trabalho deverá estar na maneira como se dará a sequência de aprendizagem dos conteúdos ao longo da escolaridade é preciso fazer a adequação dos conhecimentos que precisam ser trabalhados de forma articulada aos de outras áreas de conhecimento . É preciso que se tenha uma sequência lógica dos conteúdos que darão continuidade aos da fase anterior, garantindo ao aluno uma aprendizagem articulada e eficaz e ao professor, a possibilidade de ações interdisciplinares.
Para que o conhecimento ganhe sentido transformador para o aluno é necessário ter relação com a realidade por ele conhecida, e que os conteúdos das diferentes áreas do conhecimento sejam referidos à totalidade de conhecimento.

4.3 A função do coordenador dentro da gestão democrática

Acredita-se que uma das funções específicas do coordenador é a socialização do saber docente, na medida em que há ela cabe estimular a troca de experiências entre os professores, a discussão e a sistematização de práticas pedagógicas, função complementada pelos órgãos de classe que contribuirá para a construção, não só de uma teoria mais compatível à realidade brasileira, mas também do educador coletivo.
Esse profissional tem que ir além do conhecimento teórico, pois para acompanhar o trabalho pedagógico e estimular os professores é preciso percepção e sensibilidade para identificar as necessidades dos alunos e professores, tendo que se manter sempre atualizado, buscando fontes de informação e refletindo sobre sua prática Segundo Novoa (2001,p.13), “a experiência não é nem formadora nem produtora. É a reflexão sobre a experiência que pode provocar a produção do saber e a formação” com esse pensamento, ainda é necessário destacar que o trabalho deve acontecer com a colaboração de todos, assim o coordenador deve estar preparado para mudanças e sempre pronto a motivar sua equipe. Dentro das diversas atribuições está o ato de acompanhar o trabalho docente, sendo responsável,pelo elo entre os envolvidos na comunidade educacional. A questão do relacionamento entre o coordenador e o professor é um fator crucial para uma gestão democrática, para que isso aconteça com estratégias bem formuladas o coordenador não pode perder seu foco.
O coordenador precisa estar sempre atento ao cenário que se apresenta a sua volta valorizando os profissionais da sua equipe e acompanhando os resultados, essa caminhada nem sempre é feita com segurança, pois as diversas informações e responsabilidades o medo e a insegurança também fazem parte dessa trajetória, cabe ao coordenador refletir sobre sua própria prática para superar os obstáculos e aperfeiçoar o processo de ensino – aprendizagem. O trabalho em equipe é fonte inesgotável de superação e valorização do profissional.
Assim, conseguiremos formar o novo cidadão dotado de capacidades e habilidades para ser inserido na sociedade em que vive, mas para que isso ocorra, as escolas devem se organizar em cima do que já tem, ou seja,conhecendo a realidade de seus docentes, pois as escola participam dos mesmos problemas sociais, no entanto não há receituário para solução dos mesmo,pois cada realidade escolar é diferente,embora os problemas sejam parecidos.

4.4 A autonomia escolar

A autonomia escolar se conquista de acordo com o tempo, tempo de investigar, tempo de planejar, tempo de executar.
O tempo de investigar é quando nos propomos a conhecer a realidade de nossos alunos,não adianta falar em riquezas sabendo o contexto social em que ele vive.Para desenvolver um bom trabalho na comunidade escolar,precisamos saber quem são e quais são as necessidades de nossos educados.
Tempo de planejar é também o tempo de reciclar nossas idéias, buscar algo novo somar ao que já sabemos desenvolver novas técnicas de aprendizagem, avaliar nossa metodologia, inovar para não corrermos o risco de ficar na Pré historia.
Tempo de executar, é o tempo de por em prática tudo aquilo que idealizamos, pesquisamos é um conjunto de ações que vão culminar no saber adquirido do docente, ou seja, é um momento de satisfação profissional, onde podemos avaliar o fruto de nosso esforço enquanto profissionais responsáveis e comprometidos com a educação de qualidade.
O papel do coordenador pedagógico é assegurar através de varias ações que esses tempos, necessário para o bom desenvolvimento escolar seja culminado no PPP e que seja resultado da participação conjunta de professores, alunos, pais, equipe pedagógica e os recursos disponíveis, e isso tudo resulte na formação cidadã do educando.De acordo com Suchodolski (1979, p.477),
O conhecimento da ciência pedagógica é imprescindível, não porque esta contenha diretrizes concretas validas para hoje e para amanha; mas porque permite realizar uma autentica analise critica da cultura pedagógica, o que facilita ao professor debruçar-se sobre as dificuldades concretas que encontra em seu trabalho, bem como superá-las de maneira criadora.

A escola precisa ser de fato, o local do exercício da cidadania, para que isso aconteça o acesso na escola não é suficiente, é preciso garantir a permanência do educando tornando o sujeito aprendente capaz de assimilar e construir saberes com a orientação dos professores, baseando sempre em princípios, valores éticos e morais.

4.5 Os valores éticos e morais na profissão

4.5.1 A ética

Por ética, podemos entender que seja a persistente aspiração que amolda sua conduta, sua vida, aos princípios básicos dos valores culturais de sua missão e seus fins, em todas as esferas de suas atividades.
A sociedade moderna assiste a um processo tecnológico jamais imaginado, que ultrapassa as previsões dos mais perspicazes futurólogos. O extraordinário progresso técnico - cientifico e o avanço econômico-social, não são suficientes para deter no homem contemporâneo certa angustia, que o afasta de si, do outro e da auto realização.
Segundo Garrafa (1996, p.5), a massificação, através dos meios de comunicação e da informática que por sua vez traz uma desagregação de certos valores que de certa forma vinham conduzindo a maioria das pessoas e grupos humanos nos seus posicionamentos morais básicos.

4.5.2 A consciência

A consciência é a mola das ações e das aferições da conduta humana. A consciência é antes de tudo um estado de espírito, ela legisla o individuo na busca do bem, quando também o premia e o pune quando do erro e o faz retornar o caminho do bem.
A ética tem sido entendida como a ciência da conduta humana perante os seus semelhantes, etimologicamente, o termo do grego êthos que significa modo de ser, caráter. Designa, dessa forma, filosófica sobre moralidade, isto é, sobre as regras e os códigos morais que norteiam a conduta humana.

4.5.3 Elementos subjetivos

Sabemos que a ética baseia se em dois elementos essencialmente subjetivo: A consciência e a liberdade. Assim, cada pessoa tem o poder de decidir e praticar suas ações e ser por elas responsáveis. Só que estas ações no campo ético têm uma abrangência bem maior porque a ética visa o comportamento em relação ao outro. Construir-se ou perder-se depende do rumo que ele imprime as suas decisões e ações ao longo de sua vida. No espaço da ética só há lugar para dois atores: eu e o outro.
Cuvillier (1997, p.358-359), destaca:
É pela profissão que o individuo se destaca e se realiza plenamente, provocando sua capacidade, habitualidade, sabedoria e inteligência, comprovando sua personalidade para vencer os obstáculos. Através do exercício profissional, consegue o homem elevar seu nível moral. É na profissão que o homem pode ser útil a sua comunidade e nela se eleva e destaca, na pratica dessa solidariedade orgânica.

Considera-se, diante da importância da escola enquanto formadora de cidadãos é necessário que se pense na formação ética e moral do educador, no que se refere à negligência praticada no trabalho:
Segundo Mardem, (1924, p.210),
Um trabalho mal feito pode causar sérios desastres. Mesmo quando se sabe como fazer, se o trabalho não for executado de acordo com este conhecimento, também se comete uma infração ética, ocorrendo, no caso a negligencia, como bem classifica e exemplifica.

Diante dos acontecimentos que envolvem todos os seguimentos de nossa sociedade, todos os dias divulgados na mídia, percebe se que os princípios éticos e morais estão longe de serem praticados nesse país. 

5. O QUE MUDA COM O NOVO PENSAR E FAZER DO COORDENADOR

O que muda com o novo pensar e fazer do coordenador, tudo, pois agora nós temos uma base, ou seja, uma formação teórica que nos auxiliará no cotidiano escolar.

5.1 Plano de trabalho

O primeiro passo é montar um bom plano de trabalho onde as ações devem ser coordenadas e flexíveis de acordo com a realidade escolar,estimular o trabalho em equipe,lembrar que temos um novo papel e por mais que estejamos ligados por laços de efetividade com os colegas temos deveres a cumprir ou seja nosso trabalho deve ser voltado para orientação e cobranças de resultados satisfatório da aprendizagem. A primeira tarefa do Coordenador é tentar mobilizar os colegas a desenvolver um trabalho de equipe,pois essa é uma condição essencial para a melhoria do fazer pedagógico em sala de aula, deixar claro os objetivos comuns da escola, rememorando o compromisso assumido na elaboração do Projeto Pedagógico e do "Plano Escolar".

5.2 Em busca de melhores resultados

Para que se ter melhores resultados é primordial analisar o desempenho de professores e alunos nos dois primeiros bimestres e ao lado da direção propor ações efetivas para melhorar esse desempenho, pois os índice de aprendizagem nas escolas é ruim.
Com os indicadores da escola em mãos é possível montar um plano de ação visando a melhoria e a recuperação de aprendizagem em várias disciplinas é preciso discutir esses resultados insatisfatório em conjunto ou individualmente com os professores. A troca de informações com os professores envolvidos com os baixos índices de aproveitamento se mostra imprescindível a fim de que conheçam em profundidade as características desses docentes, entre as quais sua inclinação e vontade em remodelar seu trabalho, o grau de interesse pela aprendizagem do alunado, com vistas ao melhor desempenho nos bimestres que se seguirem. Isso contribuirá na implementação de ações necessárias a melhoria do trabalho em sala de aula, ou seja, novas metodologias devem ser adotadas, pois as utilizadas até o momento mostraram-se ineficazes frente aos resultados, até o momento, obtidos. Sabemos que não é fácil pois do lado do professor sempre haverá justificativas, da falta de pré-requisitos à conduta negativa do aluno em sala de aula, justificativas essas que são um convite ao imobilismo e a manutenção da ”mesmice” não aceitando uma auto avaliação do seu trabalho arcaico.
O Professor Coordenador precisa reestimular o docente envolvido com maus resultados para o compromisso de tentar novas formas de trabalho capazes de alterar os rumos do processo.Para que isso aconteça será preciso acompanhar essas ações para que tudo o que se replanejou, não se perca somente com falácias (muito comum nas escolas públicas).
Discutir a questão da assiduidade e buscar razões do excesso de falta de muitos às aulas é uma tarefa árdua pois a falta de continuidade dos conteúdos provoca nos alunos o desinteresse por determinadas disciplinas.
Acompanhar o processo de aplicação dos conteúdos planejados, não só baseá-lo no registro existente nos diários, mas também louvar-se no caderno dos alunos, fonte essencial para saber como andam as classes em relação àquilo que o docente se comprometeu a desenvolver. Essa não é um procedimento fácil na maioria das vezes é considerado como fiscalização.por isso deve ser acordado com os professores.A aprendizagem se da de forma cumulativa,e o não cumprimento do planejamento pode causar dano na aprendizagem do aluno.
Nós podemos também em um processo de formação continuada em reuniões pedagógicas estar direcionando estudos para o aperfeiçoamento dos docentes selecionando textos, normalmente os que tratem de metodologia para o desenvolvimento dos conteúdos,podemos oferecer tanto quanto possível material para a leitura do grupo, que será tanto mais eficaz quando se relacionar ao dia-a-dia dos professores nas diferentes áreas e disciplinas.Na verdade seria mesmo um treinamento por meio dessas leituras e discussões e acompanhar se esta dando resultados.
Organizar, previamente a pauta das reuniões pedagógicas para evitar improvisações para evitar criticas da parte dos envolvidos, procurar chamar a atenção de todos pra que ninguém fique disperso nesse momento pedagógico tão importante.
Acompanhar e analisar as avaliações que serão aplicadas aos alunos e os critérios das mesmas pois as avaliações devem medir a eficiência dos métodos aplicados em sala na prática as provas constituem um mero amontoado de questões nas quais os objetivos não se expressam claramente, nas quais os conceitos básicos e habilidades a serem avaliadas não ganham relevância.Lutar para que a avaliação deixe ser uma arma e passe a ser diagnóstica.Para eventuais recuperações,que elas não se constitui em repetição dos conteúdos não apreendidos, mas um novo momento no qual se aplicarão métodos diferenciados para atingir os objetivos propostos pelo professor.Para que a escola obtenha resultados satisfatórios é preciso que todos os de a sua contribuição à melhoria do ensino-aprendizagem.
Enfim um coordenador pedagógico sabe o que deve, e como fazer para atuar o seu papel, mas vale lembrar que na teoria é muito bonito, que nem sempre na pratica é possível a execução de um bom trabalho, precisamos de apoio, não conseguimos melhorar índice de aprendizagem, com tantos problemas que as escola vem enfrentando atualmente como: os socioeconômicos, cultural, familiar, violências de todas as espécies entre outros, a escola esta perdendo a sua função e abraçando outras causas, por isso é preciso mais investimento em profissionais que possam estar contribuindo nesse processo, já que a crise na educação é proveniente de mudanças na nossa sociedade.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A prática pedagógica requer que se pense de forma dialética e que se faça educação para toda a sociedade, ainda que, através de diferentes meios e em diferentes espaços sociais. À medida que esta sociedade se torna tão complexa, há que se expandir a intencionalidade educativa para diversos outros contextos, abrangendo diferentes tipos de formação necessária ao exercício pleno da cidadania. Espera-se, pois, que o Coordenador Pedagógico conheça plenamente o seu espaço de trabalho, compartilhe idéias e conhecimentos, construa o seu papel na escola, tornando-se assim, a ligação fundamental, traçando o seu caminho transformador, formador e articulador. Certamente que a inexistência de respostas prontas, acabadas e definitivas fazem com que o trabalho pedagógico do coordenador seja uma reelaboração do caminho e a apresentação de algumas das pistas possíveis para a continuação desse “caminhar”.
“Tem de todas as coisas. Vivendo, se aprende;Mais o que se aprende mais é Só o fazer outras maiores perguntas."
(Guimarães Rosa - Grande Sertão: Veredas)


7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERREIRA, F.W. Planejamento; sim e não. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1981.
FUSARI, J.C. O papel do planejamento na formação do educador. São Paulo, SE/CENP, 1988.
. O planejamento da educação escolar; subsídios para ação-reflexão-ação. São Paulo, SE/COGESP, 1989.
GANDIN, D. Planejamento corno prática educativa. São Paulo, Loyola, 1983. SÃO PAULO (ESTADO) Secretaria da Educação. Planejamento de ensino. São Paulo, Coordenadoria de Ensino Básico e Normal 1971.
SAVIANI, D. Educação; do senso comum à consciência filosófica. São Paulo, Cortez/Autores Associados, 1987.
SUBSÍDIOS para o planejamento do trabalho. São Paulo, Núcleo Experimental da Lapa, 1970. (Projeto 70). 53
VASCONCELLOS,Celso S. Planejamento : Projeto de Ensino-Aprendizagem e Projeto Político Pedagógico.São Paulo:Libertad,2000.
VEIGA, Ilma Passos A.(org).Projeto Político Pedagógico da Escola: uma construção possível.Campinas:Papirus,1995.
NOGUEIRA,NilboRibeiro.Pedagogia de Projetos – Etapas,Papéis e Atores.SP:Erica,2005
PIMENTA, S. G. - Questões sobre a organização do trabalho na escola
DOURADO, L. F. - Políticas e Gestão da Educação Básica no Brasil: limites e perspectivas
FERNANDES, M. J. S. O professor coordenador pedagógico, a articulação do coletivo e as condições de trabalho docente nas escolas públicas estaduais paulistas. Afinal, o que resta a essa função?SANTOS, L. L. de C. P. e OLIVEIRA, N. H. - O coordenador pedagógico no contexto de gestão democrática da escola
FONSECA, J. P. Projeto pedagógico: processo e produto na construção coletiva do sucesso escolar. São Paulo-SP: Jornal da APASE. Secretaria de Educação. São Paulo.SP. Ano II – Nº. 03, 2001.
FUSARI, José. A formação contínua de professores no cotidiano. Idéias. São Paulo:FDE, 1992.
LIBANÊO, José Carlos. Organização e gestão da escola: Teoria e Prática. Goiás:Alternativa, 1996.
FALCÃO FILHO, José Leão M. Supervisão: Uma análise crítica das críticas. Coletânea vida na escola: os caminhos e o saber coletivo. Belo Horizonte, p 42-49, mai/94.
SANTOS, ODER José dos. Organização do Processo de Trabalho Docente: Uma análise Crítica. Texto apresentado no V encontro de Didática e Prática de Ensino. 1989.


Publicado por: Marcia Regina Venancio


FONTE: http://monografias.brasilescola.uol.com.br/educacao/a-importancia-coordenador-pedagogico-na-escola.htm