Terrorismo: o
termo, aparentemente estranho à Educação, surgiu em uma reunião de diretores,
aqui na cidade de Itapetininga (SP). Meus colegas a usaram para se referir ao
que alguns professores faziam com os alunos dentro da escola. A principal “arma
de destruição em massa”, claro, seria a ameaça de retenção.
Com esse
termo ecoando na minha cabeça, fui para casa e resolvi pesquisar melhor seu
sentido. Descobri que terrorismo vem do latim “terror” e significa “causar
medo, coagir, combater ou ameaçar pelo uso sistemático do terror”. Ao buscar
essas referências, me lembrei de que, no tempo em que eu estava na escola, o
bom professor era aquele que reprovava seus alunos. Não tinha discussão. Ele
reprovava e ponto. O “terror” vivido pelos alunos era tão intenso que calafrios
percorriam pelo corpo todo. Você também se recorda dessa época?
Felizmente,
hoje vivemos uma nova perspectiva sobre o modo de avaliar. Nós, professores,
contextualizamos a avaliação no fazer do aluno, ou seja, em tudo o que ele
desenvolveu dentro e fora da sala de aula, em sua capacidade criadora e em suas
devolutivas dentro desse processo de conhecimento que o levaram a obter
determinado resultado. Seu desempenho, portanto, leva todos esses fatores em
conta. Ainda assim, alguns alunos acabam retidos.
Sei que o
assunto é controverso e o que vou expor aqui é minha opinião sobre o tema. Eu
não utilizo a palavra reprovação, porque o seu significado é de exclusão e de
rejeição. Em vez dela, prefiro retenção, que conota o tempo de espera, parar
por um tempo para resgatar. Portanto, não vejo a retenção como um bicho papão,
mas como uma nova oportunidade, ou seja, começar de onde parou. No entanto, nem
sempre a retenção é a melhor alternativa para um aluno com dificuldades, porque
estas poderão se arrastar por um período, se desenvolverem em problemas mais
graves que levarão ao fracasso escolar e, consequentemente, ao abandono.
O que fazer
com os retidos
Foi seguindo
essa visão que eu, os professores e os monitores da minha escola realizamos o conselho de classe na última sexta-feira, sobre o qual refleti com vocês na semana passada.
Nesse momento, discutimos toda a vida escolar das crianças que não conseguiram
avançar na série/ano. Para isso, revimos os detalhes das atividades feitas por
ele, pelo professor e pela escola durante o ano letivo, considerando os
investimentos realizados, desde a melhoria dos ambientes até a integração dos pais no processo de aprendizagem, por
exemplo. O que deu certo e o que deu errado? Como poderemos ajudar essas
crianças no próximo ano?
Depois dessa
discussão, definimos algumas ações. Para o início do ano que vem, decidimos
fazer uma avaliação diagnóstica dos alunos que foram retidos neste ano. Assim,
já nas primeiras semanas de aula, ofereceremos suporte a essas crianças, com
aulas direcionadas às dificuldades apresentadas neste ano.
Também
resolvemos realizar uma reunião com cada família para promover a cumplicidade
com a escola. Considero essa parceria fundamental! Para alunos que possuem
muita dificuldade de aprendizagem, utilizaremos uma ficha de acompanhamento de
sondagens e encaminhamentos para que especialistas nos ajudem e pediremos aos
pais que assinem um termo de compromisso para dar essa assistência.
Na minha
escola, comprometimento de todos será a palavra-chave de 2014!
Espero que
vocês tenham obtido resultados significativos neste ano, mesmo que algumas
retenções tenham acontecido! Para superar as dificuldades e seguir adiante, o
importante é que a conscientização de grupo leve em consideração o resultado
que se espera para o próximo ano.
E para você,
diretor, como foi o último conselho de classe com sua equipe?
Um grande
abraço, Sonia Abreu
FONTE:
http://gestaoescolar.org.br/conteudo/1054/a-dificil-decisao-de-reter--e-o-que-fazer-com-os-retidos