quarta-feira, 30 de novembro de 2016

O ESPAÇO FÍSICO DA ESCOLA É UM ESPAÇO PEDAGÓGICO

A escola é uma das nossas moradas e deve ser preservada para acolher bem os alunos, no presente e no futuro


Por Terezinha Azerêdo Rios 

A palavra ethos foi usada pela primeira vez entre os gregos para designar a morada dos homens, o local no qual eles se reuniam e se protegiam dos perigos a que estavam expostos na natureza. Abrigar-se é algo próprio dos animais. 

Entretanto, enquanto os humanos transformam sua moradia de maneira intencional, planejada, fazendo mudanças com base em um projeto e dando uma cara própria a sua casa, o mesmo não ocorre com os demais - nesse caso, é a natureza que estabelece a maneira como eles irão modificá-las. 

Para além do determinismo da physis (palavra grega que significa "natureza"), os humanos criam o ethos, que, em um segundo momento, passa a representar, além do abrigo, o conjunto de produtos culturais que identifica um grupo, uma comunidade e uma sociedade. No sentido literal ou figurativo, o ethos é a casa do homem e, portanto, necessita ser preservado. Mas são muitas as nossas casas. Uma delas é a escola que, embora seja diferente do espaço em que vivem os que a frequentam, exige deles o mesmo cuidado. E cuidado deriva de respeito, o princípio fundamental da ética. Respeitar implica reconhecer o outro e a existência junto com ele num tempo e local específicos. 

O ambiente escolar - como um espaço público no qual grande parte de nossas crianças e jovens passam seu tempo - é um dos lugares que permitem exercitar tal convívio. A estrutura física da escola, assim como sua organização, manutenção e segurança, revela muito sobre a vida que ali se desenvolve. 

Os educadores têm pensado na organização desse espaço? O trabalho educativo não se limita à sala de aula, mas, se a configuração desse ambiente for acolhedora, poderá contribuir para tornar mais prazeroso o trabalho que ali se faz. Serão assim as nossas salas de aula? Pensarão os gestores nesses assuntos ou os deixarão em segundo plano, envolvidos que estão com as chamadas "questões pedagógicas"? Ora, o primeiro passo para se envolver com os aspectos relacionados ao espaço físico é considerá-los pedagógicos. É aí que a dimensão ética se articula com a estética, de modo estreito. 

Escola bonita não deve ser apenas um prédio limpo e bem planejado, mas um espaço no qual se intervém de maneira a favorecer sempre o aprendizado, fazendo com que as pessoas possam se sentir confortáveis e consigam reconhecê-lo como um lugar que lhes pertence. 

Hoje falamos muito sobre sustentabilidade. Apontamos o dever ético, comum a todos os seres vivos, de cuidar da casa que habitamos no presente, de forma a preservá-la para que se mantenha efetivamente acolhedora para aqueles que vierem depois. A Terra é nossa morada, temos uma responsabilidade planetária. 

Nas escolas, procura-se fazer um trabalho de conscientização, apontando os riscos e danos a que estaremos expostos se não estivermos atentos às questões relacionadas à exploração do meio ambiente e às intervenções que podem provocar sua destruição. 

Os educadores devem empenhar-se na tarefa de despertar uma consciência crítica em relação ao cuidado com o planeta. Contudo, essa preocupação só terá sentido se partir da atenção com o espaço mais restrito, que é o do país, da cidade e da casa. Da casa que é a nossa escola.

Terezinha Azerêdo Rios 
É graduada em Filosofia e doutora em Educação.

FONTE: http://gestaoescolar.org.br/espaco/espaco-fisico-escola-espaco-pedagogico-630910.shtml

O CONSELHO ESCOLAR COMO PARCEIRO DO DIRETOR

Olá, Diretor(a)
Você já planejou as atividades do Conselho Escolar para este ano? Ele é um órgão fundamental para a prática da gestão democrática.
Composto por professores, funcionários, gestores, pais e alunos, deve discutir, definir e acompanhar o desenvolvimento do projeto político-pedagógico (PPP). Na prática, isso significa que sua lista de funções é bem ampla: ele pode tomar decisões quanto às diretrizes e linhas gerais da escola, discutir questões pedagógicas, administrativas e financeiras, acompanhar as ações educativas desenvolvidas e fiscalizar o trabalho dos gestores.
Assim, percebemos que ele é muito mais do que um espaço de reunião. Tem papel decisivo na democratização do ensino, pois contribui para a autonomia da instituição e, desse modo, fortalece o papel da unidade e da comunidade. Engajar todos os setores para a participação no Conselho, que muda anualmente, é fundamental. É sempre bom reforçar que todos têm a oportunidade de participar deste colegiado, caso tenham interesse. Esta reportagem de GESTÃO ESCOLAR mostra como um Conselho atuante pode mudar a realidade da instituição.
Para que este órgão funcione de fato como um parceiro, você, diretor, pode refletir sobre alguns pontos importantes: Os horários e a frequência das reuniões estão adequados para garantir a participação de todos os componentes? Será que você não está impondo suas pautas e ouvindo pouco os demais membros do Conselho? Como você divulgou e acompanhou o que foi decidido nas reuniões? O calendário escolar foi discutido e ajustado neste fórum?
Sugestão: Na primeira reunião, apresente os conselheiros do ano anterior para a comunidade, para que prestem conta das ações realizadas no período. Aproveite este momento para expor também as ações da escola quanto ao que fora estabelecido com a equipe, sobre metas alcançadas (as que deram certo e as que não). Em seguida, abra o espaço para convidar os demais pais presentes a participarem da constituição do novo Conselho Escolar.
A participação dos pais na vida escolar dos filhos, que é recorrente em várias escolas, pode ser mais efetiva por meio deste colegiado. É possível envolver a comunidade e estimulá-la a acompanhar não só os estudos dos seus filhos, mas o que está acontecendo na escola, de maneira geral. Fortalecendo essa ideia, todos saem ganhando.
Compartilhe conosco nos comentários como é a participação do Conselho Escolar onde você trabalha! Estou curiosa para conhecer suas experiências.
Um abraço,
Maura.
FONTE: http://gestaoescolar.org.br/blogs/na-direcao-certa/2016/02/17/o-conselho-escolar-como-parceiro-do-diretor/

10 ASSUNTOS QUE NÃO PODEM FALTAR NA AGENDA DA DUPLA GESTORA

Pelo menos uma vez por semana, diretor e coordenador pedagógico precisam se encontrar para falar sobre o planejamento da escola. Veja quais são os temas mais importantes a tratar

Por Aurélio Amaral 

Nos corredores, no pátio ou na sala dos professores, diretor e coordenador pedagógico se encontram todos os dias. Nessas ocasiões, trocam comentários sobre o que está acontecendo no momento na escola, tratam de problemas pontuais e até decidem sobre alguma questão rapidamente, ali mesmo, em pé. Porém essas conversas breves não podem ser a tônica do contato entre os dois. Para assumirem definitivamente o papel de gestores que lhes cabe, os educadores que ocupam essas funções precisam se corresponsabilizar pelos rumos do ensino oferecido na unidade, discutirem os problemas e, juntos, encontrarem as soluções. 

Para tanto, é interessante reservar um horário específico para que eles possam se sentar com calma, analisar os dados da escola e empreender as iniciativas necessárias. As reuniões periódicas entre a direção e a coordenação pedagógica são a maneira mais profissional de consolidar essa relação. 

Mas por que toda essa formalidade? Ela é necessária? Sim, pois os encontros marcados - o recomendado é que eles aconteçam, no mínimo, uma vez por semana, de preferência em dias fixos - dão importância à parceria entre os gestores, ajudam a otimizar o tempo e impedem que assuntos de menor importância se sobreponham aos mais relevantes - que devem estar na pauta das reuniões. "Sem essa rotina, os imprevistos acabariam preponderando e as interrupções no dia a dia seriam tantas que não sobraria tempo para cumprir as atividades planejadas. E, no improviso, a discussão não adquire profundidade", argumenta Débora Rana, selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10 na Categoria Gestor, e formadora de professores e coordenadores pedagógicos do Instituto Avisa Lá, em São Paulo. 

Assuntos a tratar é que não faltam - como você vai ver nesta reportagem. Juntamente com consultores e duplas gestoras que já vivenciam uma rotina em comum, selecionamos os dez principais temas que devem estar sempre presentes na agenda conjunta desses líderes. Conheça também a história de algumas equipes que conseguiram planejar com mais clareza as ações pedagógicas para a escola depois de instituir o hábito de se reunir com frequência.


1 Organização do calendário escolar
Esse é um dos principais tópicos da pauta das reuniões, já que é preciso organizar a rotina interna, adequando as semanas de provas, as reuniões de pais, a entrega das notas e as finalizações dos projetos didáticos ao calendário fixado pela Secretaria de Educação. Vale lembrar que o planejamento dos professores para cada turma depende dessas definições. Durante as conversas semanais entre direção e coordenação, verifica-se se o cronograma está em ordem ou se é preciso revê-lo. Caso um feriado ou um programa de formação externo coincidam com um encontro pedagógico semanal, uma data alternativa será escolhida. Ela precisa se encaixar tanto no planejamento elaborado pelo coordenador como na organização do uso dos espaços - supervisionada pelo diretor.

2 2 Revisão do projeto político-pedagógico (PPP)
Esse documento - que traz os objetivos da instituição e os meios para alcançá-los - pressupõe uma revisão periódica. Uma ou duas vezes por ano, o assunto entra na pauta dos gestores para que eles identifiquem os passos seguintes para alcançar as metas e planejem as assembleias para debater as mudanças (como será a participação da equipe, como tornar o debate mais produtivo, o número de encontros etc.). E, depois de tudo isso, é preciso ainda definir quem vai formalizar e supervisionar as alterações no documento.

Equipe grande exige mais organização

3 Análise de resultados dos alunos
O desempenho dos estudantes norteia as ações da escola, por isso o tema vai estar sempre presente nas reuniões. O coordenador deve sistematizar em tabelas os resultados de avaliações internas e externas, o aproveitamento dos alunos nas atividades em sala e o progresso das turmas em um período e, em seguida, analisá-los com a direção. "O diretor está mais atento a questões extraclasse e esse olhar pode indicar novas soluções para um problema", diz a coordenadora Mônica Guerra, da Associação Parceiros da Educação, em São Paulo.

4 Elaboração de projetos institucionais
A escolha dos temas e das abordagens dos projetos está diretamente vinculada ao item anterior e à análise criteriosa que os gestores devem fazer para que as iniciativas estejam em consonância com as orientações do PPP. Ideias vindas da equipe ou dos professores, que colaborem para que os objetivos da escola sejam atingidos, podem ser integradas ao cronograma pela coordenação e ao planejamento da direção, que deverá prever os materiais necessários para a concretização das propostas. Se uma delas, por exemplo, previr atividades no contraturno, a equipe gestora terá de checar se existe sala vaga ou um espaço adequado e se é preciso ter um professor presente ou se um monitor dá conta de acompanhar os estudantes. A finalização do projeto, igualmente, demanda decisões conjuntas sobre a exibição da produção dos alunos e a participação da comunidade.

5 Formação dos professores em serviço
Esse assunto também costuma figurar na maioria dos encontros. Como responsável pela formação de professores, o coordenador pedagógico detecta rapidamente as necessidades da equipe docente - o que pode ser percebido inclusive com a análise dos resultados dos alunos. "Os registros dos professores e dos próprios coordenadores, feitos durante as observações das aulas, dão uma base mais concreta à tomada de decisão da dupla", explica Silvana Tamassia, consultora educacional e formadora na Fundação Lemann, em São Paulo. Muitos diretores até participam de reuniões dos formadores com os professores, mas isso não é obrigatório. O importante é que os gestores estejam de acordo com o foco definido, decidam como atender às necessidades de trabalho do coordenador pedagógico, providenciem um espaço específico, disponibilizem projetores de vídeo e busquem apoio junto à equipe técnica da Secretaria da Educação.

  • Em sintonia com a rede de ensino

6 Diálogo constante com a Secretaria de Educação
As orientações da rede de ensino sobre as políticas públicas devem ser discutidas pelos gestores de cada unidade para que haja consenso sobre como elas serão apresentadas aos docentes e incluídas na pauta de formação. Da mesma forma, as necessidades dos professores que dependam de providências da Secretaria devem ser levadas pelo coordenador ao diretor para que faça a interlocução com a rede. Dessa maneira, ele terá informações mais detalhadas para fundamentar a requisição de, por exemplo, um profissional de Atendimento Educacional Especializado - cuja necessidade fica clara em registros de aulas da equipe docente - ou de cursos de atualização ou extensão, que se mostram importantes para o planejamento da formação elaborado pela coordenação.
7 Preparação do Conselho de Classe
Para essa reunião, que costuma estar na pauta da dupla gestora até quatro vezes por ano, é necessário retomar os registros dos diagnósticos e observar outros dados além das notas, como se os dias letivos do bimestre foram cumpridos. Para que o conselho se torne, de fato, um momento formativo, é essencial partilhar informações, observar as dificuldades institucionais e prever estratégias - quais serão as metas e a quem serão delegadas as missões.

8 Aquisição, uso e conservação de materiais
O que comprar, para que e como usar os materiais pedagógicos são questões que diretor e coordenador terão de responder juntos - e decidir também. Por isso, esse tema reaparece a cada nova demanda. O coordenador identifica as necessidades dos alunos e avalia o que precisa ser adquirido com mais urgência. Para evitar desperdício ou subutilização, os recursos - os adquiridos com verba própria e os recebidos pela rede - têm seus usos planejados nas reuniões da equipe gestora, garantindo que todos os alunos tenham acesso a eles. "Não se forma leitores com a biblioteca fechada", argumenta Neurilene Martins, coordenadora pedagógica do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (Icep).

Decisões administrativas a favor da aprendizagem

9 Articulação com as famílias
Das reunião de pais às festas na escola, tudo passa pelo crivo da direção e da coordenação pedagógica - atentos sempre para saber se os eventos cumprem a finalidade de envolver a família na aprendizagem dos filhos e de divulgar o PPP. As reuniões de pais pedem uma atenção maior, pois é preciso decidir os assuntos a discutir e como abordá-los. Que pontos do currículo, e fora dele, devem ser debatidos? "Temas sem relação direta com o aprendizado, como drogas e violência, que são de interesse dos pais, podem influenciar o processo de ensino", relata Regina Giffoni Brito, professora da pós-graduação do departamento de Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

10 Mobilização dos segmentos escolares
Ao liderar os profissionais que trabalham na instituição, o diretor torna-se responsável por criar um fluxo de comunicação com cada segmento. O coordenador pedagógico, por acompanhar a prática docente, traz detalhes sobre a motivação e o desempenho dos professores, enriquecendo o repertório do gestor para dar devolutivas consistentes ao grupo. A pauta dos encontros com os funcionários, quando preparada pelo diretor e o coordenador, ganha um viés formativo. "Discutir as refeições com as merendeiras é também falar de alimentação saudável, um tema curricular. Daí a importância da articulação entre o administrativo e o pedagógico", diz Heloísa Lück, diretora do Centro de Desenvolvimento Humano Aplicado (Cedhap), em Curitiba.

FONTE: http://gestaoescolar.org.br/aprendizagem/10-assuntos-nao-podem-faltar-agenda-dupla-gestora-677027.shtml?page=0

terça-feira, 29 de novembro de 2016

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA EM SALA DE AULA PARA A FLUÊNCIA LEITORA

Ler por ler é atividade para se fazer na escola. Cada vez mais, professores têm valorizado as práticas de leitura em sala de aula. Atividades variadas favorecem a fluência leitora e a compreensão dos textos

1. Leitura conquista espaço para ser atividade central nas aulas

O trabalho com leitura parece estar em um novo patamar nas escolas nos últimos anos. Os professores compreendem a função da leitura em suas diferentes modalidades: leitura pelo professor, leitura pelo aluno, leitura compartilhada, leitura para apresentar aos outros. Ler e apreciar um texto, atribuir sentido a ele, reler, comentar, comparar com outras leituras, ouvir o que dizem outras pessoas sobre o mesmo texto e ampliar seu olhar são ações que a escola pode desenvolver com os alunos em diferentes faixas etárias.
A leitura feita pelo professor alcançou o "horário nobre" em muitas salas de aula e hoje não é mais vista como uma atividade sem grande importância, que é realizada se sobrar um tempinho no final do dia, ou ainda para que seja feita outra atividade com base nela. A leitura está se tornando uma atividade central da aula, ocorre diariamente e, com isso, os professores têm mostrado aos alunos sua importância. As crianças podem conhecer diversos gêneros textuais, escritores e suas obras, valorizar diferentes estilos e apreciar textos de qualidade, previamente selecionados pelo professor, que compartilha com elas os critérios de sua escolha.
A leitura compartilhada ou colaborativa - aquela em que alunos e professor leem juntos um mesmo texto e apresentam suas ideias e impressões acerca do que foi lido - tem como finalidade, segundo Kátia Bräkling, em Sobre a leitura e a formação de leitores, "ensinar a ler, ou seja, criar condições para que as estratégias de atribuição de sentido (sejam relativas à mobilização de capacidades de leitura, ou utilização de determinados procedimentos e desenvolvimento de comportamentos leitores) sejam explicitadas pelos diferentes leitores, possibilitando, dessa forma, que uns se apropriem de estratégias utilizadas por outros, ampliando e aprofundando sua proficiência leitora pessoal". A leitura compartilhada precisa ganhar mais espaço na escola com o intuito de dar aos alunos um modelo de leitor (o professor) e promover o intercâmbio de ideias sobre o que foi lido.
Comentar sobre o que leu ou ouviu ajuda a atribuir sentido ao texto. Ao ouvir um conto, notícia ou lenda, o aluno o interpreta com base em seus conhecimentos de mundo e de outros textos, do que sabe e conhece do gênero ou do autor, do que antecipou durante a leitura. Quando ouve outras interpretações sobre o mesmo texto, ele passa a considerar diferentes pontos de vista e revê os seus, modificando-os, ampliando-os ou reforçando-os. Considerar o que um colega compreendeu, que caminho percorreu para chegar àquela conclusão e localizar qual parte da leitura possibilitou sua análise, ajuda-o a buscar sentido, a entender melhor o conteúdo e a ampliar sua própria interpretação sobre aquele texto e sobre outras leituras.

2. O que significa fluência leitora?

A leitura feita pelo aluno talvez seja a modalidade que atualmente mais precisa de investimento na escola, no sentido tratado neste artigo. É comum ouvirmos dizer que o computador, a televisão e os jogos de vídeo game são os maiores concorrentes da leitura, e que estão ganhando a disputa. Há uma queixa recorrente dos professores de que os alunos leem pouco, não leem bem, não entendem o que leem, ou seja, não são leitores fluentes. Mas o que é ler bem? O que significa fluência leitora?
Ler fluentemente não significa compreender o que se lê, pois é possível ler rapidamente sem entender o assunto de que trata o texto. A leitura de um texto requer conhecimento de seu propósito por parte dos alunos, já que fluência também tem a ver com a intenção da leitura: para que ler, quais estratégias poderão ser utilizadas e o que se espera ao final. E é importante expor aos alunos esses propósitos em cada atividade. Costumamos "tomar" um texto sempre com uma intenção e esta não necessariamente está vinculada ao gênero. Dessa forma, nem sempre vou ler obras literárias apenas para apreciá-las. Também posso ler para fazer um estudo sobre a época em que se passa um romance, ou para analisar o estilo empregado pelo autor, ou ainda para traçar um perfil dos personagens. Lemos notícias com intuitos variados, além de nos informarmos. Podemos ler para conhecer mais sobre outro país, para ampliar nosso conhecimento sobre um assunto específico, para estudar para uma prova etc. Essa intenção irá determinar minha leitura e a compreensão que tenho do assunto abordado por aquele texto.
De acordo com Antônio Gomes Batista, em Alfabetização, leitura e ensino de Português: desafios e perspectivas curriculares, "para que o aluno leia com fluência é fundamental que: possua um amplo domínio das relações entre grafemas e fonemas na ortografia do Português; automatize o processo de identificação de palavras (...); seja capaz de realizar uma leitura expressiva, que envolve uma adequada atenção aos elementos prosódicos, como entonação, ênfase, ritmo, apreensão de unidades sintáticas".
Falamos, portanto, da fluência leitora para alunos que já conquistaram a base alfabética do sistema de escrita, aqueles que já dominam a escrita e estabelecem relações entre grafemas e fonemas.
O leitor que ainda está preso à decifração dificilmente consegue entender o que aborda o texto lido, pois não utiliza as estratégias mais adequadas para a compreensão. É necessário um trabalho que o ajude a ir além da leitura "palavra a palavra" ou "sílaba a sílaba" para buscar outros meios de identificação que permitam tornar a leitura mais fluente, utilizando paralelamente os processos de decifração e compreensão.

3. Ler e reler em voz alta ajudam a melhorar a compreensão do texto

Uma grande aliada do trabalho com fluência na escola é a leitura em voz alta, pois permite ao aluno preparar-se para ler, ensaiar, compreender para comunicar e expressar a outros um sentido. Ler para outras pessoas requer habilidade, concentração e expressividade, ou seja, envolve entonação, ritmo e ênfase. Para Goodman (1986), a leitura veloz está associada a uma alta compreensão.
Historicamente, a leitura em voz alta feita pelos alunos servia para a escola avaliar seu desempenho nessa atividade, atribuindo-lhes nota pela clareza e os erros cometidos - devia ser uma leitura rápida e eficaz, sem tropeços. Tomar leitura na escola era escolher o aluno "de surpresa", sem preparação prévia, muitas vezes sem ter lido o texto antes. De pé, o aluno lia para todos ouvirem. Os demais ficavam acompanhando para não perder o fio da leitura, com receio de serem os próximos a serem chamados e não saberem onde o colega havia parado. Se houvesse condições, os alunos decoravam o texto e apenas o reproduziam na hora da chamada, sem ler.
Ler em voz alta para outras pessoas ouvirem é um trabalho fundamental para desenvolver a fluência leitora e não para servir de avaliação. Definir a atividade, selecionar o que se lê, escolher a forma que será feita a leitura (em grupos, individualmente, divisão por personagens, por trechos etc.), ler e reler, ensaiar a apresentação, apresentar para um grupo menor (a própria classe) para ajustar alguns aspectos necessários e, por fim, apresentar a um público o que foi planejado.
Preparar a leitura envolve procedimentos específicos que devem ser socializados e explicitados. Ao definir o que cada um lerá na apresentação, os alunos podem grifar os trechos que serão lidos e destacar a última parte do colega para saber de onde partirá. Pode-se fazer um ensaio individual, outro ensaio coletivo, a apresentação para a turma e a retomada dos critérios necessários.
Ler e reler não significam de modo algum repetir várias vezes o que se leu sem ver sentido algum, apenas para tornar a leitura veloz e garantir fluência. O propósito dessa atividade é favorecer a compreensão de modo a dar mais ênfase a determinados trechos ou escolher o ritmo da narração.

4. Sarau e leitura dramática são boas atividades para trabalhar a fluência

Há atividades que propiciam a fluência leitora e que merecem espaço na escola: o sarau poético ou literário, o teatro lido ou a leitura dramática de textos e a leitura para gravação de CD. Estas atividades devem estar vinculadas a projetos ou sequências didáticas para seu desenvolvimento.
Ainda são raros os projetos didáticos cujo produto final seja somente uma atividade de leitura. É comum vermos projetos que envolvem leitura, mas o produto é sempre uma produção escrita. E esse é outro ponto importante a ser abordado: nem toda proposta de leitura precisa envolver uma proposta de escrita. Ler por ler é também atividade da escola e ler para apresentar a outras pessoas é um grande desafio.
Há práticas recorrentes de desenhos após a leitura - sejam de trechos que o aluno mais gostou, de personagens da história, de cenários ou do desfecho -, além de questões para serem respondidas a título de "interpretação do texto". As práticas de leitura se tornam chatas, sem sentido para os alunos, que preferem não ler por terem que cumprir uma tarefa posterior.
Dentre as atividades que favorecem o trabalho com fluência leitora, o sarau envolve a escolha dos textos e a preparação da apresentação, considerando um público externo. Pode contar com música de fundo, apresentações de vários grupos ou pessoas em horários alternados, e deve considerar um único gênero - por exemplo, sarau de poesias ou de contos.
A leitura dramática - também chamada de teatro lido - é a leitura em voz alta de uma obra teatral para o público e exige interpretação por meio de expressões faciais, gestos e entonação. A leitura dramática pode contar com uma direção (como em uma peça teatral), trilha sonora, figurino e até mesmo cenário ou alguns objetos de cena. Pode também ser uma leitura sem outros recursos além das falas dos personagens, marcadas por pessoas diferentes ou diferentes vozes. Os alunos podem estar sentados ou em pé, um ao lado do outro.
Outra proposta é a leitura de contos para a gravação de um CD a ser entregue para outra turma ou a uma instituição. Os alunos selecionam os textos de acordo com seus ouvintes, ensaiam a leitura e leem para a gravação, o que requer muitas idas e vindas. Gravam, ouvem, corrigem e gravam novamente, atentos ao tom de voz e às entonações dadas, podendo haver músicas de fundo ou sons de efeito.

5. Professores com um novo olhar sobre as atividades de leitura

As atividades de leitura para fluência não se relacionam a atividades em que os alunos precisam decorar textos. A leitura deve ser a atividade central da proposta. A preparação da leitura dramática não deve direcionar esforços para confecção de cenários ou figurinos, pois corre-se o risco de envolver outros aspectos que não estão relacionados à leitura fluente. O ensaio é que deve ocupar lugar de destaque nessa atividade, uma vez que é necessário ensaiar várias vezes para que a apresentação atinja seu propósito. A intenção é garantir fluidez na leitura e não avaliar a capacidade do aluno de decorar com facilidade.
Também não se trata de dramatizações tão frequentemente utilizadas na escola. Dramatizar um texto não requer muita preparação anterior, pode ser feita com base em qualquer gênero e contar com improvisos. Parece assemelhar-se à encenação, mas o texto serve apenas como referência e não é lido nem decorado.
O trabalho com fluência leitora na escola deve ganhar um novo olhar por parte dos professores, visando promover momentos e atividades variadas a depender da turma, da experiência leitora e da faixa etária dos alunos. É preciso contar com propósitos claros e objetivos definidos em variadas séries/anos.
De modo geral, as atividades de leitura devem estar presentes em toda a escolaridade, começando com as turmas menores, com leituras diárias e conversas sobre as leituras, em que os alunos possam socializar suas interpretações e estabelecer relações com outras leituras. Com os maiores, os projetos e sequências didáticas de leitura aparecem com mais frequência, além da permanência da leitura diária feita compartilhadamente ou pelo professor.
Trabalhar fluência leitora na escola é o desafio proposto para ampliar a experiência dos alunos com os textos e colaborar na compreensão do que se lê, ajudando-os a interpretar e a argumentar a favor de seu ponto de vista. Trabalhar a argumentação é outro ponto que precisa ser ampliado nas escolas, mas isso deve ser tema para outro artigo.

FONTE: http://novaescola.org.br/conteudo/136/a-importancia-da-leitura-em-sala-de-aula-para-a-fluencia-leitora

TECNOLOGIA: UM GUIA PARA ESCOLHER BEM

Analisamos o potencial didático de 13 recursos digitais. Saiba quando e como levá-los à sala de aula

Analisamos o potencial didático de 13 recursos digitais. Saiba quando e como levá-los à sala de aula. Foto Ricardo Toscani. Ilustração O Silva

Do bom-dia ao boa-noite, o cotidiano da professora Sayonara Ribeiro, de Lavras, a 240 quilômetros de Belo Horizonte, é cercado de tecnologia. Ela desperta com o smartphone e, no café, acessa e-mails e lê notícias na web. Depois, como ninguém é de ferro, dá uma espiada no Facebook. E, para o planejamento escolar, Google e Word são companheiros inseparáveis.

Talvez você seja ainda mais plugado. É natural, portanto, pensar em levar esses recursos para a aula. Pressões não faltam: de um lado, 82% dos alunos navegam na internet ao menos uma vez por semana, informa a pesquisa TIC Educação 2013. De outro, segundo a mesma sondagem, 95% das escolas têm acesso à rede. Mesmo desconfiada, Sayonara aderiu à tendência. "Comecei usando as novas ferramentas nos mesmos moldes de antigas tecnologias. O PowerPoint substituiu o projetor de slides. Mas eu me incomodava. Queria mais."

O incômodo - que também pode ser o seu - tem a ver com uma pergunta de ouro: a tecnologia que você pretende usar vai melhorar o aprendizado do conteúdo que quer ensinar?

A resposta precisa ser sim. Idealmente, a tecnologia leva os alunos a aprender coisas que, sem ela, não aprenderiam. "Ela deve contribuir para um estudante ativo, criativo e que trabalhe em equipe", avalia Marta Voelcker, especialista em Informática na Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Lecionar assim é desafiante. Significa trocar o antigo papel de único detentor da informação pelo de orientador dos processos de descoberta. Não se trata, porém, de uma perda de importância. "A tecnologia não substitui o professor. Ela o coloca em outro patamar. Ele tem que ser mais reflexivo e consciente dos processos de pesquisa e investigação para ensinar", afirma Patricia Diaz, diretora de desenvolvimento educacional da Comunidade Educativa Cedac.

Outro receio é a constatação - real - de que os alunos têm mais familiaridade com os dispositivos digitais. Não se intimide. Lembre-se de que qualquer recurso em sala se soma ao conhecimento didático que só você possui sobre sua área ou disciplina. Por essa razão, vale seguir a recomendação da especialista argentina Delia Lerner no artigo La Incorporación de las TIC en el Aula. Para utilizar as tecnologias, o professor precisa treinar como usuário, explorando os recursos básicos das ferramentas, e, mais importante, deve preparar-se bem para aplicá-las em situações didáticas.

As próximas páginas trazem sugestões de uso em sala dos 13 mais populares recursos digitais do dia a dia, esquadrinhados por 17 especialistas em tecnologia da Educação e nas mais variadas disciplinas (veja a lista completa de fontes na última página). Para completar, três professores - uma delas a própria Sayonara, citada no começo desta reportagem - ilustram como se apropriar das ferramentas para transformar a prática pedagógica. A reflexão e o planejamento deles é o componente humano de que a tecnologia necessita para cumprir a promessa de ajudar no aprendizado.


1. Google

Analisamos o potencial didático de 13 recursos digitais. Saiba quando e como levá-los à sala de aula. Foto Ricardo Toscani. Ilustração O Silva

Potencial de uso em aula Alto.
O que trouxe de novo google.com já virou sinônimo de pesquisa na internet. O acesso fácil e a grande oferta de informações alteram a função do professor. Ele deve, entre outras coisas, ajudar os alunos a construir uma atitude crítica em relação à avalanche de conteúdos disponíveis na rede. No artigo La Metamorfosis Digital: Cambios, Ventajas e Riesgos de Leer y Escribir en La Red, o pesquisador espanhol Daniel Cassany faz a analogia entre pesquisar na internet e conversar com um desconhecido na rua: para termos certeza de que não estamos sendo enganados, é preciso que tomemos algumas precauções. Tudo o que está na internet é verdade? Existem páginas mais confiáveis que outras? Quais são os critérios para encontrar uma boa fonte de pesquisa? O primeiro resultado de busca é sempre o mais relevante?
O que você precisa saber É aconselhável ter um domínio razoável da ferramenta para instruir os alunos a refinar suas pesquisas com a definição de palavras-chave e a utilização de diferentes sinais gráficos. As aspas, que restringem os resultados, são fundamentais (veja outras estratégias). Ainda mais importante é instruir a garotada a reconhecer e a utilizar fontes confiáveis - nas quais seja possível identificar a autoria dos textos e diferenciar fatos de opiniões -, comparar informações de diferentes fontes e, ao incorporar dados aos textos, discutir questões como citação, cópia e plágio.
Cuidados ao usar A pesquisa é uma importante etapa de uma sequência ou projeto didático, mas não pode ser um fim em si mesma. Ela é apenas o ponto de partida, um recurso para os alunos se apropriarem de informações que deverão ser articuladas com saberes prévios e informações provenientes de fontes offline.
Ferramentas similares Bing e Yahoo!.

2. Facebook

Analisamos o potencial didático de 13 recursos digitais. Saiba quando e como levá-los à sala de aula. Foto Ricardo Toscani. Ilustração O Silva

otencial de uso em aula Médio. 
O que trouxe de novo A facilidade em acessar informações e o apelo que o facebook.com tem sobre os jovens podem ajudar a ampliar o contato do estudante com o saber para muito além do tempo de aula. No entanto, a concorrência com a interação social e o acesso a todo tipo de conteúdo pode se converter em uma grande barreira. É comum que os alunos estudem em casa com o Facebook aberto e recorram uns aos outros durante a realização das tarefas. Caso se sinta à vontade, o professor pode se valer disso para criar grupos de estudo ou de debate e tirar dúvidas dos alunos. As discussões online também podem ser contempladas no planejamento das atividades com o levantamento de conhecimentos prévios e das opiniões da turma antes das aulas. É possível ainda encorajar a classe a entrar em contato com especialistas de diferentes áreas do conhecimento por meio de seus perfis públicos na rede. 
O que você precisa saber O recurso de criação de listas (veja um tutorial) é valioso. Com ele, você pode controlar quais postagens vão diretamente para seus alunos e os conteúdos pessoais a que eles não terão acesso. 
Cuidados ao usar São muitos. Primeiro, a idade mínima para ter um perfil no Facebook é 13 anos. Segundo, é importante considerar que não é possível restringir a interação dos alunos apenas aos professores e colegas ou grupos criados exclusivamente para fins educativos. Por esse motivo, especialistas em tecnologia da Educação recomendam a utilização de ambientes colaborativos específicos para a Educação. 
Ferramentas similares ThinkQuestMoodleEdmodo e Google Classroom. Todas elas são plataformas para o gerenciamento de aprendizagem (em inglês, Learning Management Systems, LMS). 

3. Wordpress

Analisamos o potencial didático de 13 recursos digitais. Saiba quando e como levá-los à sala de aula. Foto Ricardo Toscani. Ilustração O Silva
Potencial de uso em aula Alto. 
O que trouxe de novo A possibilidade de criar blogs com o wordpress.com coloca a linguagem em seu contexto real de uso, o que provoca a reflexão sobre a relevância do conteúdo produzido, seu leitor presumido e a qualidade final. Utilizado em contextos de produção individual ou coletiva, o blog desperta o sentimento de autoria. 
O que você precisa saber Como a ferrramenta é intuitiva, lançar um blog não exige conhecimento de informática. Mas, antes de pedir que a turma coloque uma página no ar, é importante fazer um planejamento: saber qual será a função do blog, que tipo de conteúdo será postado nele e quem serão os responsáveis pelas postagens, assim como regras de comportamento online. 
Cuidados ao usar Usar o blog apenas como repositório de fotos ou portfólio é subaproveitar o instrumento. 
Ferramenta similar Blogger

4. Instagram

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Potencial de uso em aula Baixo. 
O que trouxe de novo Famosa pelas famigeradas selfies e pelas fotos de refeições, a rede social de imagens, disponível para iOS e Android, tem uso reduzido em sala. Em Arte, é possível ampliar o repertório da turma apresentando obras de artistas contemporâneos que tenham perfil na rede. Em Língua Portuguesa, permite trabalhar a produção de legendas. Mas as sugestões poderiam ser desenvolvidas utilizando outros recursos. 
O que você precisa saber Para tornar as fotos localizáveis, elas precisam estar associadas a palavras-chave com #, a famosa hashtag
Cuidados ao usar Lembre-se de que se trata de uma rede social e que nem todos podem concordar em ter suas imagens expostas. A idade mínima para a utilização da plataforma é de 13 anos. 
Ferramenta similar Snapseed (para celulares iOS e para aparelhos Android).

5. Word

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Potencial de uso em aula Alto. 
O que trouxe de novo Em todos os segmentos de ensino, o uso dos editores de texto pode proporcionar ganhos significativos para aquisição e desenvolvimento das competências de escrita. Nas turmas de alfabetização, em que os alunos ainda estão aprendendo sobre o funcionamento do sistema, ao sublinhar em vermelho uma palavra grafada de maneira não convencional, o corretor ortográfico ajuda os pequenos a se interrogar sobre a grafia correta. Com alunos mais velhos, é possível discutir problemas de pontuação e concordância indicados pela presença do grifo verde, e tornar o processo de edição e revisão mais eficiente. "Para o escritor, o uso das ferramentas de recortar e colar é a melhor invenção desde o lápis e a borracha", afirma a formadora Denise Guilherme. A mobilidade no manejo dos parágrafos deixa o escritor livre para experimentar. Também merece destaque a possibilidade de salvar versões do texto, para que os alunos comparem a evolução da escrita e percebam que sua construção envolve diversas etapas, do planejamento à revisão. Uma dica é guardar as versões numerando-as. Também é útil a ferramenta de comentários, que sugere adequações sem intervenção direta no material (veja um tutorial)
O que você precisa saber Vale ter familiaridade com as funções básicas do software, como habilitar e desabilitar o corretor ortográfico, salvar diferentes versões e fazer notas de revisão. 
Cuidados ao usar Há pouco sentido em pedir para os alunos atuarem como copistas ao digitar no computador um texto cuja produção foi inteiramente realizada no papel. 
Ferramentas similares LibreOffice e Google Docs.

6. PowerPoint

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Potencial de uso em aula Médio.
O que trouxe de novo Sucessora da cartolina e das transparências, a apresentação digital supera suas irmãs mais velhas nos quesitos interatividade e praticidade. É um recurso interessante para sistematizar os achados de uma pesquisa.
O que você precisa saber O fundamental é trabalhar o gênero expressão oral - ou seja, ensinar a fazer apresentações. Como material de apoio à fala, os slides devem funcionar como um roteiro conceitual, contendo somente as ideias-chave que serão desenvolvidas. A organização dos slides deve levar em conta a hierarquia das ideias e seus desdobramentos para a definição de um esquema de apresentação (confira dicas).
Cuidados ao usar Muitas vezes, as apresentações são marcadas pela enfadonha leitura de lâminas e mais lâminas sobrecarregadas de texto. "A escola parte do pressuposto de que o aluno já sabe fazer seminários, o que raramente é verdade", comenta a formadora Denise Guilherme.
Ferramentas similares Prezi e SlideShare.

7. Twitter

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Potencial de uso em aula Baixo. 
O que trouxe de novo A principal característica da comunicação por meio microblog twitter.com é a agilidade. O limite de 140 caracteres por postagem pode ser um bom mote para explorar a produção de sínteses ou trabalhar gêneros como o microconto e o haicai. Outra atividade interessante é analisar como diferentes personalidades exercitam a concisão da escrita para se expressar por meio desse canal. Ou comparar a cobertura de um mesmo evento pelo perfil dos diferentes atores envolvidos - por exemplo, as manifestações pelo olhar da grande imprensa e dos veículos alternativos (mais utilizações)
O que você precisa saber O mais importante é ter clareza dos objetivos do microblog (compartilhar indicações de leitura e comunicações rápidas). É útil também saber usar as hashtags para indexar posts e fazer pesquisas e utilizar os encurtadores de links para o compartilhamento ser eficiente. 
Cuidados ao usar O Twitter é inadequado para tirar dúvidas ou discutir em profundidade. Como explicar bem um conteúdo em 140 caracteres? 
Ferramenta similar FriendFeed

8. Google Maps


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Potencial de uso em aula Alto. 
O que trouxe de novo A plataforma maps.google.com.br agrega serviços que ajudam no trabalho de alfabetização geográfica. É possível abordar conteúdos como toponímia, coordenadas geográficas e convenções cartográficas. Alternando as modalidades de exibição entre mapa, imagens de satélite e visão de rua, a correlação entre a representação cartográfica e a vida real fica mais palpável (plano de aula). Serviços como o mapa de trânsito e a função terreno mostram as diferentes utilidades dos mapas.
O que você precisa saber O Google Maps utiliza vários satélites, cada um com um nível diferente de detalhamento e representação gráfica das informações coletadas. Nem todas as imagens possuem a mesma definição, o que impacta na escolha das regiões e temas a ser estudados.
Cuidados ao usar É recomendável abordar a história da cartografia para mostrar como os mapas evoluíram com as tecnologias digitais.
Ferramentas similares Mapas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da agência espacial americana, a Nasa.

9. Geogebra

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Potencial de uso em aula Alto. 
O que trouxe de novo Sua principal característica é permitir entender conceitos matemáticos de maneira dinâmica (baixe aqui). É possível explorar conteúdos da geometria, da álgebra, da estatística e da trigonometria de maneira mais ágil e intuitiva do que seria realizado com lápis e papel. Um bom exemplo é a propriedade da soma dos ângulos internos dos triângulos. A regra diz que o resultado dá sempre 180 graus. Para inferir essa característica com o uso dos materiais tradicionais, o aluno seria obrigado a construir diferentes triângulos para depois realizar os cálculos. Com o software, basta fazer uma figura e alterá-la de modo que seus ângulos internos se modifiquem. Com menos trabalho braçal, a turma experimenta mais para chegar à conclusão. 
O que você precisa saber O bom aproveitamento da ferramenta passa pela capacidade de elaborar situações desafiadoras. Para que isso aconteça, é importante conhecer as funções disponíveis e praticar bastante antes de propor atividades. A internet pode ser uma aliada para encontrar fóruns de discussões, e vídeos (como este)
Cuidados ao usar O software não deve ser visto apenas como sinônimo digital de instrumentos como a régua e o compasso. "Procedimentos de uso do Geogebra nem sempre são transferíveis para uma situação de uso de lápis e papel e vice- versa", afirma Saddo Ag Almouloud, coordenador do Programa de Estudos Pós-Graduados em Matemática da Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC-SP). Utilizar o programa apenas para construção de figuras geométricas, por exemplo, é um uso que não estimula a reflexão, já que boa parte do processo é automatizado, inviabilizando erros com potencial enriquecedor. 
Ferramentas similares Cabri e Euklid.

10. YouTube

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Potencial de uso em aula Alto.
O que trouxe de novo São inúmeras as aplicações educacionais do youtube.com. Pode-se recomendar vídeos para o debate em sala, indicar referências para pesquisas ou mesmo orientar uma produção própria. Além disso, videoaulas podem servir como material de apoio para o estudo.
O que você precisa saber A produção de vídeo requer conhecimentos específicos. Nesses casos, vale pedir a colaboração de parceiros ou identificar habilidades entre os próprios alunos.
Cuidados ao usar O entretenimento é o grande motivador do acesso ao site. As crianças sabem disso. Privilegie vídeos relacionados aos conteúdos estudados. Além disso, é preciso indicar fontes seguras de informação e desenvolver o senso crítico para que os estudantes possam avaliar a qualidade dos diferentes materiais disponíveis.
Ferramenta similar Vimeo.

11. Whatsapp

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Potencial de uso em aula Baixo. 
O que trouxe de novo A agilidade na troca de mensagens pelo celular pode ajudar a levar discussões para fora da sala e para esclarecer dúvidas pontuais dos alunos. É possível também utilizar o serviço de compartilhar materiais durante pesquisas de campo ou atividades extraclasse. 
O que você precisa saber É importante deixar claro quais são os objetivos das conversas e dos grupos criados. Cabe ao professor manter o foco e fazer a mediação das discussões. 
Cuidados ao usar Como o aplicativo só roda em smartphones, todos precisam ter acesso ao aparelho, o que nem sempre é a realidade. E, como as mensagens tendem a ser curtas, é melhor buscar outros meios para discussões complexas. 
Ferramenta similar Kik (para celulares iOS e para aparelhos Android). 

12. Excel

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Potencial de uso em aula Alto. 
O que trouxe de novo O trabalho com gráficos é uma boa opção para familiarizar a turma com o programa. Ao explorar suas opções, eles podem perceber que existem formatos de visualização mais adequados para cada tipo de informação. É possível ainda trabalhar cálculos com números grandes, porcentagens e funções. 
O que você precisa saber É importante estudar para poder explorar as diferentes possibilidades do programa. Dificilmente você conseguirá aprender tudo de uma vez. Teste com antecedência o que dá e o que não dá certo. 
Cuidados ao usar O software deve estar atrelado à resolução de situações-problema. O uso apenas com o intuito de automatizar operações sem vistas a um objetivo maior é supérfluo. 
Ferramenta similar Google Spreadsheet

13. Skype

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Potencial de uso em aula Médio. 
O que trouxe de novo As chamadas em vídeo são úteis no estudo de Língua Estrangeira. Uma possibilidade do skype.com em todas as disciplinas são as videoconferências com especialistas das diferentes áreas. É possível ainda propor sua utilização para trabalhar o gênero entrevista. 
O que você precisa saber Para que a videoconferência funcione, é conveniente preparar uma pauta com os temas da conversa divididos em tópicos para garantir que as trocas entre os alunos atendam aos objetivos pedagógicos. 
Cuidados ao usar O aluno deve ser o protagonista das conversas a distância. Uma chamada em que só o professor fala fará com que a turma perca o interesse. A grande potência da ferramenta é permitir ao aluno desenvolver a oralidade. 
Ferramenta similar Google Hangouts.

FONTE: http://novaescola.org.br/conteudo/1929/tecnologia-um-guia-para-escolher-bem