sábado, 30 de setembro de 2017

STEAM PARA MENINAS


Vivemos um momento forte do empoderamento da mulher, e nada mais importante do que iniciarmos este empoderamento desde a infancia. Nao sou radical, nao condeno o uso do cor-de-rosa, de brincar de Barbie e de casinha e nada que envolva a feminilidade, bem pelo contrario, mas acredito que podemos sim incentivar as nossas meninas a explorarem mais, brincarem com coisas que exercitem suas mentes e as ajudem a pensar grande.
Venho percebendo aqui no Canada uma onda forte de incentivo do “STEAM LEARNING”:
S-T-E-A-M =
  • Science (aprendizado + observacao + experimentacao)
  • Technology (computadores + resolver problemas + inovacao)
  • Engineering (design + construcao)
  • Arts (criatividade + cultura + historia + literatura + musica)
  • Math (numeros + equacoes)
Ha uma serie de brinquedos, livros e cursos/aulas que exploram estes 5 pilares do STEAM:
É interessante observar que muitos destes brinquedos identificados hoje como incentivadores de STEAM, foram brinquedos que nós brincavamos décadas atras. Esta na hora de voltarmos a estes brinquedos mais “simples” e proporcionarmos estes estimulo para nossas criancas.
Que lembrança gostosa destes desenhos a esquerda da foto! Quem se lembra como era bom e terapeutico (kkk) criar estas formas geometricas coloridas?
O empoderamento das nossas meninas visa a igualdade de genero tanto na infancia quanto la na frente na vida adulta.
Cruzei com algumas estatisticas bastante preocupantes e que mostram como temos que mudar a educacao das nossas meninas bem cedo na infancia: (nao sei a fonte destas informacoes, mas vale a titulo de curiosidade e alerta)
  • Apenas 10% dos pais encorajam suas filhas a serem engenheiras
  • 66% de menionas na  serie dizem gostar de ciencias e matematica, mas apenas 18% de mulheres se formam em engenharia.
  • Mulheres ocupam 50% do mercado de trabalho, mas menos de 25% ocupam cargos em STEAM.
  • Meninas almejam ser engenheiras e cientistas 3 vezes MENOS que meninos.
  • Apenas 14% de adolescentes meninas desejam ser cientistas.
Interessante:
  • Se voce mostrar o que engenheiros fazem, 78% das meninas mostram interesse em serem engenheiras.
  • 80% dos novos trabalhos na proxima decada requerirao conhecimento em tecnologia.
  • O crescimento de empregos em STEAM esta crescendo 300% a mais do que outras areas da economia.
Super inspirador:
” Se voce ensinar uma menina a programar, ela ensinara mais 3 meninas.”
Eu acredito que chegou a hora da virada, o momento de vermos nossas meninas seguras de si e da sua capacidade e inteligencia. Chega de incentivarmos apenas brincadeiras que remetem a casa, a ser mae e a valorizar a moda e afins, as nossas meninas merecem tao mais do que isso.
E para fechar este post com uma reflexao em apenas 1 imagem:
É assim que a mulher se vê e ainda é vista na sociedade, está na hora de mudarmos isso de uma vez por todas, e isso só acontecera se comecarmos a empoderar as meninas atraves de brincadeiras, atraves de livros, atraves de aulas interessantes e atraves de conhecimento.
Compartilharei em outro post o que eu ando pesquisando para a minha filha, cruzei com uns recursos bem legais sobre isso, assim como aulas super interessante.

METODOLOGIA "STEAM" NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Ninguém pode negar que a cada dia que passa a tecnologia fica mais presente nas nossas atividades diárias. Já estamos tão habituados, que só percebemos nossa “dependência” quando, por algum motivo, ficamos sem.
Tendo isso em vista, novos educadores estão estimulando que a tecnologia faça parte das metodologias de ensino das crianças desde cedo. E assim, há alguns anos surgiu o método STEM – Science, Technology, Engeneering and Math que já vêm sendo utilizado por diversas escolas, principalmente nos Estados Unidos.
Recentemente um grupo de educadores, propôs que uma “competência” fosse acrescentada a essa linha de estudos fazendo com que o STEM seja substituído pelo STEAM, que sustenta as mesmas áreas do conhecimento anteriores, mas acrescenta a Arte como um fio que interliga as outras disciplinas. (Quem quiser conhecer mais sobre essa iniciativa, clique aqui)
Os estudantes expostos a este método, se envolvem em soluções de problemas reais de forma multidisciplinar, através de atividades ligadas diretamente com a ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática. Os alunos aprendem a planejar, exercitam a tentativa e erro, a colaboração e a perseverança, lições muito úteis, independentemente da carreira que venham a seguir. Na educação tradicional, quando punimos o erro, podamos a criatividade. Na metodologia STEAM, o erro não é ignorado, mas o estudante é estimulado a reconhecê-lo e utilizá-lo como aprendizado. O método tem como objetivo fazer com que as crianças se questionem, observem, investiguem e reflitam sobre suas ideias. 
Esta proposta de ensino vai na contramão do modelo tradicional que estamos mais familiarizados. Isso é possível devido à tecnologia da informação e comunicação estar cada vez mais disponível no ambiente escolar e doméstico, permitindo que cada indivíduo tenha seu tempo de aprendizado. Através de ferramentas computacionais, os professores conseguem identificar os pontos fortes e fracos de cada aluno, permitindo a personalização do ensino. O que não significa que o estudante terá que aprender sozinho, mas sim em grupos com demandas e interesses semelhantes.
Não foi fácil encontrar artigos para que eu pudesse me preparar para escrever este post, principalmente em português. Talvez o método seja tão novo, que não tenham muitas pessoas escrevendo a respeito.
De qualquer forma, segue a relação de artigos que encontrei:
Álbuns no Pinterest que já colecionam atividades que podemos aplicar com as crianças no dia a dia sobre o assunto:
Algumas escolas brasileiras que já utilizam (ou estão começando a utilizar) o método: Escola VillareColégio BandeirantesColégio Ofélia Fonseca
Assim como todas as outras metodologias, o STEAM tem muitos elogios, mas ainda gera dúvidas. É bem difícil encontrar materiais a respeito do método. Quem tiver mais informações a respeito, compartilhe! Tenho muito interesse em aprender mais sobre o método.

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E A RELAÇÃO COM SEU FILHO

Bom dia Pais que Educam,
Vocês  conhecem esse documento – conhecido como PPP – que circula dentro da Escola do seu filho? Pois é, ele é de suma importância porque diz respeito à organização e sistematização do que a escola pretende, em sua autonomia, ensinar ao seu filho.
É um documento com registro geral da escola: Estrutura física, corpo docente, propostas, projetos, melhorias a serem feitas.  Conforme informações do Portal da Educação:
O Projeto político pedagógico vê a escola como um todo em sua perspectiva estratégica, não apenas em sua dimensão pedagógica. É uma ferramenta gerencial que auxilia a escola a definir suas prioridades estratégicas, a converter as prioridades em metas educacionais e outras concretas, a decidir o que fazer para alcançar as metas de aprendizagem, a medir se os resultados foram atingidos e a avaliar o próprio desempenho.
Esse é um documento que as Escolas têm dever de elaborar e devem submetê-los para avaliação das Secretarias municipais de Educação.
Entre outras questões, quando esse documento é bem elaborado ele deve contemplar as seguintes questões:
  • Qual a finalidade da escola?
  • Que sujeitos, cidadãos queremos formar?
  • Que sociedade queremos construir?
  • Que conhecimentos, saberes a escola irá trabalhar?
  • Como possibilitará a apropriação dos saberes cultural e historicamente
  • construídos, por seus alunos?
  • Que espaços participativos criará?
  • Como estimulará, apoiará e efetivará a participação do coletivo da escola?

Como o Projeto Político-Pedagógico afeta meu filho:

Esse documento responde que tipo de educação seu filho terá dentro daquela escola. Dirá muito da dinâmica, das estratégias da comunidade escolar na relação com as crianças, de como os docentes estão se atualizando e etc.
Isso é de interesse de todos nós. A educação, o acesso ao conhecimento, é a forma possível de autonomia de todo ser humano e nos constitui como sujeitos. É no mínimo de nosso interesse saber como a Escola pensa essa responsabilidade e a cumpre.
Há muitas escolas que não levam esse documento a sério. Como gerir uma escola sem propósitos estabelecidos, sem um vínculo norteador entre os docentes, sem a integração das disciplinas? Ao que vejo, essa escola está fadada a formar pequenos Frankensteins.
Há muitas escolas que elaboram lindos documentos e os deixam na gaveta. Como tudo na vida, palavra e ação tem que estar de acordo e é preciso estar atento em defesa da boa educação de nossos filhos.
Esse documento deve ser elaborado pela comunidade escolar – professores(as), secretários(as), orientadores(as), diretores(as), alunos – porque são eles que entendem a realidade na qual estão inseridos e que tipo de propostas devem ser feitas.
É direito de vocês, pais, conhecerem esse documento e saber mais sobre as propostas da escola.
Você sabia da existência desse documento? Já o viu?
E você da comunidade escolar, o que acha do documento? Elaboram e põem na pratica? Como é para vocês o trabalho com ele?
Um grande abraço

  

Pamela Greco

Pedagoga e especialista em desenvolvimento infantil

NÃO ESTÃO ENSINANDO NADA NA ESCOLA

É o que me diz um garotinho de 10 anos durante uma de nossas aulas. Gente, quase que eu senti como se tivesse levado um tapa na cara, claro. Ele não estava reclamando do excesso de tarefas, nem do tempo que ele tinha que passar na escola, nem do conteúdo chato. Ele foi claro: “Não estão ensinando nada na escola”.
Minha obrigação é ouvi-lo e entender porque ele se sente assim, se faz sentido, no que ele se baseou. Se eu quiser melhorar meu trabalho, preciso pensar no que ele está me dizendo. É como se um cliente seu te dissesse que sua empresa não está lhe oferecendo nada. Mas espera, você tem trabalhado tanto! Seus colegas e funcionários tem se empenhado tanto! O que está errado?
Pergunto pra ele sobre o que ele gostaria de aprender e que não aprende na escolaA “soltar pipa”, é a primeira resposta. Válido, ok, ainda mais se pensarmos em quanta física, matemática e artes podemos embutir no soltar pipa. Já penso em mil brincadeiras infantis que ensinam mil coisas, que eu uso em minhas aulas, e nem fazem parte da rotina escolar.
Ele queria aprender a “bater em quem me irritasse”. Leio isso como “lidar com conflitos”. Onde quer que haja convívio entre seres humanos haverá diferenças e, portanto, conflito. Algo está desgastando esse garotinho – que poderia ser meu filho ou seu – e ele não sabe como resolver.
Ele queria aprender como “ganhar dinheiro”. Leio a reivindicação dele como uma necessidade de entender como sobreviver nesse mundo, como ter conforto e dignidade, como conquistar os bens materiais que se deseja. E além disso, penso que também precisaríamos ensiná-lo a administrar seu dinheiro, a gerir sua vida, a entender o que lhe é vendido sem que ele precise, que ele é valor e não preço.
Ele queria ler só “livros que ele goste”. Entendo que não estamos fazendo – nós professores e os pais – bem nosso papel apresentando novos livros pras crianças. Aliás, depois desse papo perguntei pra todos os meus alunos quantos livros liam na escola. A resposta foi “fora aqueles livros que nos obrigam? Nenhum.” Para eles a leitura é obrigação, só serve para fazer uma prova ou um resumo no fim do mês. Quem vai querer visitar uma biblioteca? Quem vai querer conhecer outro autor? E que dirá se tiverem que ler pra tirar dúvidas?
Pensei tanto sobre isso que você nem imagina. O que falta na nossa escola? Não deveria – aliás, bem longe disso – ser o único espaço de aprendizagem e de educação. Mas já que tem sido, que impacto a escola está tendo na vida de nossas crianças? Em seu desenvolvimento?
Fiz uma listinha pra mim, pra nortear meu trabalho, e divido com vocês.

O que está faltando na escola?

  • Na escola falta o ensino do discernimento, das decisões morais. Quantas vezes você não se viu numa situação sobre a qual se sentiu congelado? Sem saber o que fazer? Era preciso que nós tivéssemos aprendido – e que ensinássemos – a levantar dados e tomar uma decisão. Não fazemos isso nem com o que diz respeito às crianças no seu dia-a-dia. Assumimos que elas não são capazes. Ora, se elas não são capazes é porque não lhe demos dados pra escolher bem, não lhes mostramos que decidir nem sempre é agradar.
  • Na escola falta o amor pela leitura, a leitura como descoberta, a leitura como instrumento de conhecer, de matar a curiosidade.
  • Na escola falta ensinar a lidar com conflitos e a respeitar na diferença. A escola pune e só. Suspensão pra lá, tarefa de casa dobrada pra cá, zero na prova, reprovação…
  • Na escola falta ensinar a viver bem. Com seu dinheiro, com seu corpo, com suas lutas, com suas dores. É claro que estou falando da escola de hoje, porque quando a escola foi criada era a sociedade que deveria ensinar essas coisas. Eram os pais, os vizinhos, as famílias… Hoje estamos mais isolados, apesar de conectados pela internet. A escola deveria ser só pra instrumentalização técnica e o restante do aprendizado viria nos grupos em que a criança vive. Mas não podemos nos dar ao luxo de pensar que isso é possível hoje, com as nossas cargas de trabalho!

O que a escola mais ensina?

  • Conteúdos técnicos: Como contar, ler, como escrever, como chegamos historicamente aqui.
  • Conteúdos estáticos: há muito tempo a escola ensina a mesma coisa, mudando só a forma e acrescentando um novo problema: Às vezes é a falta de água, as vezes as mudanças climáticas e por aí vai. Necessário, mas só parte da educação.
  • Obediência: Respeito seria melhor, com certeza. Você não quer que seu filho obedeça qualquer um com boa lábia, quer?
  • Hierarquia: Sempre obedecer, mesmo que o outro que está em um cargo ou posição social melhor que você, faça coisas que te desagradam muito.

Será que essas lacunas são inocentes?

Pode soar teoria da conspiração, amigo. Mas eu acho que não. Quem paga os professores? A princípio nossos impostos, mas quem administra esses impostos? Quem administra o dinheiro e o projeto das escolas? Quem decide no que investir?
Pois é, o mesmo político que rouba milhões. Que desvia dinheiro e aumenta impostos. Que quebra patrimônios nacionais e que faz negócios mirabolantes com grandes empreiteiras…Será que se a escola ensinasse tudo que eu disse lá em cima, esses “reizinhos” que governam o país chegariam onde estão?
Pra pensar né?

O QUE VOCÊ ACREDITA QUE SEJA EDUCAÇÃO?

Se eu tivesse o direito de redefinir algo na Educação escolar é claro que eu investirias nas coisas nas quais acredito. Se as pessoas que determinam os rumos da Educação lessem esse texto, talvez elas achassem que sou muito romântica para educar. Mas pra mim, e aprendi com o lindo Rubem Alves, educação é romance. E agora eu compartilho isso, com coração transbordando, com você.
Eu pediria que Educassem nossas crianças pra serem livres. Isso significa que teríamos de confiar nelas e ensinar, ao mesmo tempo, que há consequências em todas as suas escolhas. Seriam livres, não inconsequentes. Que as crianças aprendessem a serem honestas desde cedo, pra que não tivessem que pedir autorização ou pegar “plaquinha” quando quisessem ir ao banheiro, por exemplo, o que aos meus olhos é uma coisa vergonhosa.
Eu pediria que ouvissem o que as crianças dizem com toda sua preguiça, “conversa paralela”/desinteresse. Elas gritam que esses conteúdos estão atendendo um currículo tão antigo e não pensado no momento em que elas estão vivendo. Dizem que já não sabem por que estudam o que estudam e a forma que estudam. Dizem que querem ver mais. “Apresente-me o mundo! Fascine esse meu novo olhar” – pedem. Querem que a gente mostre pra elas os mistérios do universo, os mistérios do que foi e do que pode ser, desde o equivoco de um cientista até uma grande descoberta. Todas as tentativas seriam reproduzidas por elas em laboratórios, no jardim, na biblioteca, nos espaços escola…
 Eu pediria que a Educação confiasse na capacidade de nossas crianças. Que eu, você e todos os outros professores confiemos que elas são capazes, em seus tempos, em suas formas tão diferentes, com suas histórias de vida tão opostas, com suas crenças, seus medos e seus modelos.  E que a educação lhes desse espaço pra serem diferentes, já que ela fala tanto em respeito à diversidade. Não impor os mesmos tempos, usar todos os instrumentos pra que todas as crianças aprendam e não impor a mesma base pra comparação de desempenho.
Que a educação das crianças lhes desse limite. Porque “nãos” são bem vindos, protegem, dão segurança emocional e lhes ensinam a lidar com a frustração. A não ser que queiramos crianças de 30 anos de idade, adultos que não sabem lidar com seus sentimentos e fracassos. Adultos que não pensam nos outros, totalmente voltados aos seus desejos narcísicos.
A Educação deveria lhes dar Arte. Pra expressar os sentimentos, as mágicas que nos acontecem ao longo da vida, as incertezas, os medos, as tristezas e as angústias. Que fossem acessíveis os museus, os parques, as bibliotecas…Aaaahh as bibliotecas…
Que a Educação lhes desse livros. Todos quantos lhe fossem desejáveis ler, de todos os temas. Para que vissem mundos (im)possíveis, sonhos de homens e mulheres, contradições, erros, fantasias, ideias e conceitos.
Que a Educação lhes desse raízes, história. Contasse-lhes como o mundo se configurou dessa forma que está hoje, mas na forma apaixonada como um contador de histórias conta suas histórias. Seria com quando ouvimos alguém ler para nós nosso livro preferido, mudaríamos a forma de ensinar. Partilharíamos! 
Que a Educação lhes de instrumentos pra viver a vida. Na área em que decidirem atuar, nas informações pra discernir e fazer escolhas, linguagem pra comunicar e acima de tudo respeito, pelo simples fato de saber que eu e você somos frutos de nossos tempos, contextos e histórias.
E que a única prova que nossas crianças tenham seja essa: A potência que são e os cidadãos que se tornam. E que esse seja o parâmetro de nossa Educação.
Do resto, eu devo pedir é a sociedade. Que lute pra que seja mais justa, e assim toda essa Educação vai encontrar sua manifestação potencializada.
Beijos da Prô

RELATO DE PEDAGOGA - TEMPOS DE ENSINO IGUAIS?

Em uma das visitas em uma Escola Pública de Campinas me deparei com uma situação comum, mas que causou imenso desconforto em mim.
A professora pediu que eu acompanhasse uma das alunas da turma que tinha muita dificuldade. Era um 3º Ano, turma de 34 alunos. Fui e sentei-me ao lado dela. Já nos conhecíamos de outras visitas, então ela já estava familiarizada comigo.
A primeira atividade foi distribuída. Após as explicações da professora, todos começaram a fazê-la e, enquanto faziam, a professora lidava com questões burocráticas – que tomam um tempo desnecessário – impostas.
Começamos a atividade e a aluna estava com bastante dificuldade. Ela lia com muito esforço o enunciado e “demorava” na escrita. Mas estava trabalhando bem, e aos poucos a tarefa ia sendo concluída e ela ia progredindo. De repente a professora levanta e dá início à outra atividade. A aluna fecha o caderno no qual estava escrevendo e “parte para a próxima” sem terminar a primeira.
Começa então outra atividade – em meu papel de visitante ali, eu não poderia interferir no andamento da aula, claro – e a aluna repete o ciclo anterior. E assim vai, por mais quatro ou cinco atividades do dia. Ao final da aula, ela tem diversas “não conclusões” e um “fragmento” de cada coisa.
Fiquei angustiada. Onde estava o respeito pelo processo daquela aluna? Pelo tempo de aprendizagem dela? A culpa não é do professor – talvez a conivência sim seja culpa de todos nós – mas de um cenário muito maior. Quem foi que disse que aprendemos todos do mesmo jeito, no mesmo tempo? E ainda são impostas apostilas e o ensino dos “capítulos” são cobrados diariamente do professor.
As crianças estão aprendendo ou estão sendo “atropeladas” pelas informações? O foco está no aprendizado ou na falsa produtividade das crianças? Estão sendo treinadas, desde cedo, pra trabalhar nas empresas?

Atenção, Pais que Educam

Seus filhos não precisam aprender no mesmo tempo que outros! O importante é que aprendam e que seu processo seja respeitado.
Cada criança tem uma história de vida, uma bagagem de conhecimento e experiência e é injusto colocá-las sob mesmas condições e cobranças. E não se engane! Outra educação é possível, há outra forma e ela já está sendo colocada em prática por diversos professores, mesmo que em condições desfavoráveis no quesito material e de incentivo. Não é utópico exigir um ensino respeitoso, que dê chances para que todos possam aprender.
Seu filho pode ter entrado na escola sabendo ler e outro não! Seu filho pode ter tido mil livros em casa – porque pra você isso era importante – e outro não. Como cobrar o mesmo desempenho?
Para quem é Pedagogo(a) e que estudou muito sabe que é possível motivar e ensinar os dois.

Algumas condições necessárias:

– A Escola precisa confiar – acompanhar e incentivar – no trabalho do professor, sem ter que verificar se os “capítulos da apostila ou do livro” foram apresentados conforme a ordem pré-estabelecida.
Sugiro aos pais que não pressionem seus filhos a tirar sempre notas altas, a ter bom desempenho. Vocês podem pedir empenho, mas não resultado. Nem sempre as coisas saem como nós gostaríamos, mesmo quando nos esforçamos. Para a criança a situação é a mesma, e em geral o desapontamento dos pais as afeta muito dando-lhes a sensação de que são incapazes.
– Se seu filho tem dificuldade de aprendizagem de maneira que o atrapalhe na escola, você tem duas possibilidades: Cobre da escola o que ela pode fazer pela situação –analise a resposta dada –  e, se isso não for suficiente, procure um professor particular/apoio para o seu filho.
Não se preocupe: Seu filho não é menos inteligente porque não acompanha o ritmo da classe, lhes garanto!

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

COMO CONSTRUIR UMA BOA PARCERIA COM A ESCOLA DO SEU FILHO

Escola e pais, em suas funções distintas, tem um interesse em comum: o bom desenvolvimento de uma criança. Tendo isso sempre em vista é mais fácil agirmos diante das situações que surgem nessa relação.
Quando procuramos uma escola para nosso filho queremos um lugar em que ele se sinta confortável para ser quem é, para explorar o mundo, para aprender e se socializar e também um pedaço acolhedor da vida no qual ele possa se sentir seguro. Diga um pai ou mãe que não queira isso para os filhos?
De forma geral, a escola deve garantir que todas as crianças sejam tratadas iguais, que se sintam seguras, amparadas e que encontrem todos os materiais/espaços/tempos para que todas aprendam e explorem.
Em parceria com a querida Rita, do blog Botõezinhos, quisemos trazer um papo para vocês sobre como fazer dessa relação o mais proveitosa possível. Falaremos sobre as expectativas na ótica dos pais e na ótica da escola sem, no entanto, achar que daremos conta de representar todas elas. Então depois de ler esse texto, corra no blog dela e leia a outra parte da história.

Como fica a parceria entre pais e escola?

Se você ainda tem dúvida sobre o que é responsabilidade de cada um, vale dar uma olhada nesse texto.
No contexto brasileiro, existe um hall de responsabilidades da escola que são confundidos. Vamos falar, por exemplo, sobre o ambiente, estrutura e espaço. De maneira geral a administração de escolas públicas não está totalmente (ou quase nada) em posse da unidade escolar. Essa é uma briga antiga. Quem melhor do que a própria escola para saber administrar seu espaço e suas necessidades? A escola recebe uma verba do governo e deve aplicar de acordo com os interesses da comunidade escolar, prezando pela segurança dos alunos, pelos materiais disponíveis e pelo desenvolvimento da escola de forma estrutural. Mas a administração também se vê pressionada por interesses políticos.
Se você vê falhas nesse quesito, procure a administração escolar e se envolva nos processos de decisão. A escola deve ser aberta, mas não entenda que isso significa que você poderá decidir gastar o dinheiro com algo que só seu filho precisa. Ligue o modo “pensamento coletivo” e parta para ação. É possível que você descubra que a falha está no sistema político de repasse de verba. Sem preguiça, exerça sua cidadania e se movimente para cobrar na prefeitura mais próxima. Quando a gente cala, o corrupto agradece. Se seu filho estuda em escola particular, cobre da administração da escola as melhorias e proponha ideias. Não se deixe intimidar pelo “nós sabemos o que é melhor para seu filho”. Esteja envolvido e cobre seus direitos.
Há vários desacordos que podem acontecer quando falamos sobre o interior da “sala de aula” e a relação entre professores e alunos. Nós, professores, temos que garantir que seu filho esteja sempre seguro e que esteja se desenvolvendo. É do nosso interesse que você se sinta acolhido nas suas dúvidas quanto ao processo de ensino e é muito bom quando os pais dividem conosco situações familiares que podem interferir no comportamento da criança.
Minha dica é que quando você (como pai, mãe, ou responsável legal) for procurar um professor para uma dúvida, deixe as acusações de lado e parta do pressuposto de que ambos querem o bem do seu filho. Entender com calma o que aconteceu, qual a proposta que está sendo colocada, quais são as repercussões e como as situações estão se desenhando é essencial antes de decidir o que fazer.
Você pode descobrir que o problema é de ordem estrutural, por exemplo, e que a intervenção tem que ser feita a partir da administração escolar. Respeite o professor como qualquer outro ser humano merece respeito. Deixe de lado o ego e a ideia de que se você “paga o salário” (ou faz parte de não sei quantos mais que pagam) de alguém a pessoa é inferior a você. Aliás, largue disso em qualquer situação, ok?
Não estou assumindo que você sempre encontrará boas respostas. É possível que seu filho tenha caído e ralado o joelho porque a) a professora não dá conta de olhar 30 crianças então precisamos pensar que a adm precisa de mais funcionários ou b) a professora estava lendo uma revista. Entende como os cenários são diferentes? Seja qual for o caso, lembre-se de manter a calma. Perdê-la não te fará resolver o problema, mas acrescentar outro. Se você usa da agressividade e da violência para resolver questões importantes, não se espante se seu filho fizer o mesmo.
Trate de suas dificuldades diretamente com o profissional. Seu filho passa pelo menos 20 horas por semana com o professor ou professora. É preciso que uma relação afetiva respeitosa seja estabelecida e que a criança perceba o respeito por esses profissionais. Quando dizemos “Essa professora é terrível!” para alguém, em uma festinha de criança ou com o parceiro, estamos desautorizando-os e ridicularizando-os. As crianças percebem isso e aprendem que o melhor jeito de resolver um problema com alguém é reclamar para outra pessoa ao invés de ser objetivo, direto e respeitoso. Além disso, é possível que ele não admire mais aquele profissional e isso prejudique seu desenvolvimento. Entendem onde quero chegar?
Aos professores eu peço que se lembrem do significado de seu trabalho e que envolvam e convidem os pais caso precisem de suporte. Não se sintam desamparados e se façam ouvir. Não sofram sozinhos um salário indecente ou uma turma cheia demais. É do nosso interesse que nossos filhos encontrem em você um porto seguro e uma luz no caminho. Recebam os pais com calma e atenção para suas dificuldades e dúvidas. Nada de julgamento, chega de rotular crianças porque “pais estão se divorciando”, “pais não dão limites” ou coisas do gênero. Partam para ação! Vamos conversar com esses pais, abrir diálogos e partir do conhecimento da situação para melhor intervenção conjunta. Qual o medo do pai que não dá limites aos filhos? Medo de perder o amor? Que tal organizar uma palestra com profissional pra falar sobre isso? Que tal acolher esses pais?
Vamos começar lembrando que em uma relação saudável não há vilões. Eu particularmente acho que essa briga instaurada entre escolas e pais é uma distração pra não olharmos uns para os outros e nos perguntarmos:
  • Quem foi que colocou 30 crianças em uma sala apertada?
  • Quem foi que disse que o melhor jeito de aprender é sentado estático em uma cadeira?
  • Quem decidiu que a melhor educação é aquela só do giz e lousa?
  • Por que eu passo lição de casa?
  • Por que eu não confio na escola?
  • Qual a formação do professor do meu filho?
  • A escola ensina a alegria?
  • Por que as crianças aprendem o que aprendem?
Vamos pensar nas questões mais sérias e dar as mãos de novo, o que acham?

GESTÃO EMPRESARIAL... O QUE ESTÃO FAZENDO COM A ESCOLA?

Vamos imaginar que você decidiu aprender mandarim. Você não tem noção nenhuma, mas será essencial aprender já que você decidiu morar uma temporada na China. Então a empresa na qual você trabalhará por lá te inscreve em um curso. No seu curso, há cerca de trinta a quarenta pessoas, cada uma em um nível de mandarim, algumas já quase o dominam. O professor deve seguir rigorosamente um script, então dá seguimento à aula atendendo o grupo mais avançado. E você? Fica observando e pensando se alguém mais enxerga apenas desenhos sem sentido na lousa. No final do mês o professor te avalia, com base nos alunos que já tinham conhecimento do mandarim, e parece que seu progresso não fez diferença: Seu emprego está em jogo, sua permanência na China em jogo e sua reputação em jogo.

 Reconhece essa cena?

E daí que é assim que muitos de nossos filhos tem se sentido na escola. Deslocados, avaliados segundo roteiros pré-estabelecidos de desenvolvimento esperado. Para eles, cada vez mais os conteúdos são uma verdadeira aula de mandarim, e os tempos que eles têm pra aprender tem se tornado cada vez mais escassos e sua atenção menos constante.
Essas crianças são avaliadas e sua autoconfiança é posta em sua nota, na reação dos professores e dos pais: Você não se saiu bastante quando comparado aos colegas, você não se saiu bem o bastante para seguir pra próxima etapa e, por fim, o que há de errado com você?
O que há de errado está errado não na escola e não em nossas crianças. Aceitamos um modelo de gestão escolar semelhante ao de gestão empresarial, e isso partiu de onde? Nem vou me dedicar a discutir se o modelo empresarial tem servido sequer as empresas, mas vou focar completamente na escola.
A escola não pode ser gerida como uma empresa pelo simples fato de que ela forma seres humanos, ela os põem em relação e deve fornecer todos os instrumentos necessários para que os que a frequentam possam entender e atuar no mundo em que vivem e colaborarem pela humanidade. Todos devem viver em relação de igualdade: Igualdade no direito de aprender, igualdade no direito de ter recursos materiais para isso, igualdade de ser respeitado e poder desenvolver todo seu potencial humano.
Se atropelarmos o processo de aprendizado de cada criança não estamos a respeitando. Na prática isso significa que seu filho pode ter dificuldades na escola, merece ser atendido e orientado, merece respeito pelo seu tempo de aprendizado, merece a confiança da professor(a) de que juntos (aluno-professor(a)) superarão aquele saber e o elaborarão,
Para nós, adultos e pais, fica a tarefa de questionar esse pacto estranho que aceitamos do Poder Público de que nossos filhos devem ser educados em moldes fabris.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

ZOARA FAILLA: "SE O PROFESSOR NÃO É LEITOR, NÃO CONSEGUE TRANSMITIR O PRAZER PELA LEITURA"

A socióloga pesquisou os hábitos de leitura dos brasileiros e constatou indícios de que os responsáveis pelo ensino não gostam de ler



Os professores são os principais influenciadores nos hábitos de leitura dos brasileiros. Mas há indícios de que, no seu tempo livre, eles raramente abrem um livro, assim como a maioria dos brasileiros. O dado está no livroRetratos da Leitura do Brasil 3, que foi lançado durante a Bienal do Livro de São Paulo, no último mês. A obra analisa a pesquisa de mesmo nome feita pelo Instituto Pró-Livro, sob organização da socióloga Zoara Failla.

Ela diz que a amostra de professores ouvidos em 2011 – apenas 145, entre cerca de 5.000 entrevistados de todo o Brasil – é pequena, mas o resultado surpreendeu. Apenas três docentes disseram que gostam de ler no tempo livre. Ao serem questionados sobre títulos preferidos, eles citaram os de autoajuda e religiosos. 
O Brasil ainda não é um país de leitores. Cerca de 50% da população não lê, quantidade maior do que a verificada em 2007, quando 55% se diziam leitores. Mas é preciso considerar que houve algumas mudanças na forma de conduzir as entrevistas entre uma edição e outra do estudo. O que mais afasta os brasileiros da leitura não é o preço dos livros ou a dificuldade de acesso e, sim, a falta de interesse. Por isso, a atuação de bons “professores-leitores” é estratégica. “Se o professor for um bom ‘marketeiro’ dos livros, ele consegue despertar o interesse dos alunos”, diz Zoara Failla. Em entrevista a ÉPOCA, a pesquisadora fala sobre os hábitos de leitura de quem ensina e de quem aprende. 
ÉPOCA - Qual é o perfil dos professores ouvidos na pesquisa?Zoara Failla - É muito parecido com o dos demais entrevistados. A gente imaginava que, sendo educador, fosse haver um indicador melhor de leitura, de indicação de literatura, de clássicos, diferente da população como um todo. É uma amostra pequena, a gente não pode generalizar, mas é um indício. No seu tempo livre, eles preferem a televisão e as redes sociais. 
ÉPOCA - O que afasta o professor da leitura?Zoara - Temos problemas na formação desse professor. São as universidades. Quem está formando esse professor não está desenvolvendo esse interesse e apresentando a leitura não só como forma de atualização, mas como forma de lazer. Temos problemas também com tempo de trabalho. Muitos [professores] têm uma carga excessiva. Além disso, a maioria tem familiares de escolaridade não muito privilegiada. Há problemas de acesso. Boa parte das escolas tem bibliotecas, mas elas estão com acervos desatualizados, têm poucos livros. E, pelos salários baixos, os professores têm dificuldades para comprar obras. 
ÉPOCA - O professor aparece na pesquisa como um dos maiores influenciadores do hábito da leitura dos brasileiros. Se ele não gosta de ler, como pode cativar os alunos?Zoara - Isso é um dos principais problemas. A escola é um espaço privilegiado para formar leitores. Tanto que a gente percebe, pela pesquisa, que eles [os jovens] leem mais quando estão na escola. Depois que saem, deixam de ler porque não foram despertados para isso. Se o professor não é um leitor, não consegue transmitir esse prazer pela leitura e conquistar os alunos. Não tem repertório para indicar. Quando você tem uma conexão com os livros, consegue despertar emoções no outro. O bom leitor interpreta, fala sobre os personagens, cita frases e faz quase um marketing dos livros. Se o professor for um bom “marketeiro” dos livros, ele consegue atrair o interesse dos alunos. 
ÉPOCA - É comum que a leitura nas escolas vire apenas uma atividade obrigatória. O professor tem que indicar obras clássicas que nem sempre são do gosto dos jovens. Como, então, despertá-los para a leitura por prazer?Zoara - Sim, a leitura pode virar uma tarefa feita apenas para responder um questionário frio, que pergunta a escola literária, a época em que o autor viveu. Você massacra a obra de arte. Às vezes, o professor obriga uma leitura que não é adequada para uma faixa etária. Machado de Assis é maravilhoso, mas uma criança não vai ter condições de apreender aquele universo. Se você apresenta à garotada uma narrativa que tenha a ver com o momento dela, vai despertar interesse. É preciso dar opções de escolhas. Mesmo entre os clássicos, há várias possibilidades. Infelizmente, o ensino médio está preso também aos vestibulares. Mas você pode deixar o momento mais interessante, com contação de história daquele romance ou rodas de leitura. Você pode fazer integração com outras disciplinas, facilitando a leitura, na medida em que a contextualiza.
ÉPOCA - O que fazer para melhorar as taxas de leitura entre os professores?Zoara - É preciso rever o currículo da formação dos professores nas universidades. Para os que saíram da escola, a alternativa é a formação continuada, cursos de especialização. É um grande desafio para os educadores pensar em como fazer com que pessoas adultas descubram os livros e o prazer de ler. 
ÉPOCA - Muitos brasileiros dizem não gostar de ler. Isso pode estar relacionado a dificuldades de leitura?Zoara - Avaliações internacionais, como o Pisa, mostram que cerca 30% dos brasileiros não têm compreensão leitora. Se não têm a possibilidade de compreender um pequeno texto, não vão gostar de livros. Primeiro, temos que resolver essa questão, que é essencial: o letramento. Segundo a pesquisa [do Instituto Pró-Livro], 50% dos brasileiros não são leitores, ou seja, não leram nenhum livro nos últimos três meses. Desses, 30% não são leitores porque a escola não os capacitou para a leitura. Portanto, temos 20% de brasileiros que dominam a leitura, mas não gostam de ler. 
ÉPOCA - Por que mesmo crianças pequenas têm dito que não gostam de ler?Zoara - A criança fica fascinada com contação de história, quer que repita a mesma história muitas vezes. Mas nós temos que desenvolver esse interesse. É preciso ler para criança, ler na frente dela, dar livros de presente. São formas de conquistá-la, de mostrar que a leitura tem valor. Será que alguém nasce gostando de futebol no Brasil? Gostam porque isso é valorizado. 
'POR AMADA POLATO