sexta-feira, 29 de setembro de 2017

RELATO DE PEDAGOGA - TEMPOS DE ENSINO IGUAIS?

Em uma das visitas em uma Escola Pública de Campinas me deparei com uma situação comum, mas que causou imenso desconforto em mim.
A professora pediu que eu acompanhasse uma das alunas da turma que tinha muita dificuldade. Era um 3º Ano, turma de 34 alunos. Fui e sentei-me ao lado dela. Já nos conhecíamos de outras visitas, então ela já estava familiarizada comigo.
A primeira atividade foi distribuída. Após as explicações da professora, todos começaram a fazê-la e, enquanto faziam, a professora lidava com questões burocráticas – que tomam um tempo desnecessário – impostas.
Começamos a atividade e a aluna estava com bastante dificuldade. Ela lia com muito esforço o enunciado e “demorava” na escrita. Mas estava trabalhando bem, e aos poucos a tarefa ia sendo concluída e ela ia progredindo. De repente a professora levanta e dá início à outra atividade. A aluna fecha o caderno no qual estava escrevendo e “parte para a próxima” sem terminar a primeira.
Começa então outra atividade – em meu papel de visitante ali, eu não poderia interferir no andamento da aula, claro – e a aluna repete o ciclo anterior. E assim vai, por mais quatro ou cinco atividades do dia. Ao final da aula, ela tem diversas “não conclusões” e um “fragmento” de cada coisa.
Fiquei angustiada. Onde estava o respeito pelo processo daquela aluna? Pelo tempo de aprendizagem dela? A culpa não é do professor – talvez a conivência sim seja culpa de todos nós – mas de um cenário muito maior. Quem foi que disse que aprendemos todos do mesmo jeito, no mesmo tempo? E ainda são impostas apostilas e o ensino dos “capítulos” são cobrados diariamente do professor.
As crianças estão aprendendo ou estão sendo “atropeladas” pelas informações? O foco está no aprendizado ou na falsa produtividade das crianças? Estão sendo treinadas, desde cedo, pra trabalhar nas empresas?

Atenção, Pais que Educam

Seus filhos não precisam aprender no mesmo tempo que outros! O importante é que aprendam e que seu processo seja respeitado.
Cada criança tem uma história de vida, uma bagagem de conhecimento e experiência e é injusto colocá-las sob mesmas condições e cobranças. E não se engane! Outra educação é possível, há outra forma e ela já está sendo colocada em prática por diversos professores, mesmo que em condições desfavoráveis no quesito material e de incentivo. Não é utópico exigir um ensino respeitoso, que dê chances para que todos possam aprender.
Seu filho pode ter entrado na escola sabendo ler e outro não! Seu filho pode ter tido mil livros em casa – porque pra você isso era importante – e outro não. Como cobrar o mesmo desempenho?
Para quem é Pedagogo(a) e que estudou muito sabe que é possível motivar e ensinar os dois.

Algumas condições necessárias:

– A Escola precisa confiar – acompanhar e incentivar – no trabalho do professor, sem ter que verificar se os “capítulos da apostila ou do livro” foram apresentados conforme a ordem pré-estabelecida.
Sugiro aos pais que não pressionem seus filhos a tirar sempre notas altas, a ter bom desempenho. Vocês podem pedir empenho, mas não resultado. Nem sempre as coisas saem como nós gostaríamos, mesmo quando nos esforçamos. Para a criança a situação é a mesma, e em geral o desapontamento dos pais as afeta muito dando-lhes a sensação de que são incapazes.
– Se seu filho tem dificuldade de aprendizagem de maneira que o atrapalhe na escola, você tem duas possibilidades: Cobre da escola o que ela pode fazer pela situação –analise a resposta dada –  e, se isso não for suficiente, procure um professor particular/apoio para o seu filho.
Não se preocupe: Seu filho não é menos inteligente porque não acompanha o ritmo da classe, lhes garanto!