sexta-feira, 29 de setembro de 2017

O QUE VOCÊ ACREDITA QUE SEJA EDUCAÇÃO?

Se eu tivesse o direito de redefinir algo na Educação escolar é claro que eu investirias nas coisas nas quais acredito. Se as pessoas que determinam os rumos da Educação lessem esse texto, talvez elas achassem que sou muito romântica para educar. Mas pra mim, e aprendi com o lindo Rubem Alves, educação é romance. E agora eu compartilho isso, com coração transbordando, com você.
Eu pediria que Educassem nossas crianças pra serem livres. Isso significa que teríamos de confiar nelas e ensinar, ao mesmo tempo, que há consequências em todas as suas escolhas. Seriam livres, não inconsequentes. Que as crianças aprendessem a serem honestas desde cedo, pra que não tivessem que pedir autorização ou pegar “plaquinha” quando quisessem ir ao banheiro, por exemplo, o que aos meus olhos é uma coisa vergonhosa.
Eu pediria que ouvissem o que as crianças dizem com toda sua preguiça, “conversa paralela”/desinteresse. Elas gritam que esses conteúdos estão atendendo um currículo tão antigo e não pensado no momento em que elas estão vivendo. Dizem que já não sabem por que estudam o que estudam e a forma que estudam. Dizem que querem ver mais. “Apresente-me o mundo! Fascine esse meu novo olhar” – pedem. Querem que a gente mostre pra elas os mistérios do universo, os mistérios do que foi e do que pode ser, desde o equivoco de um cientista até uma grande descoberta. Todas as tentativas seriam reproduzidas por elas em laboratórios, no jardim, na biblioteca, nos espaços escola…
 Eu pediria que a Educação confiasse na capacidade de nossas crianças. Que eu, você e todos os outros professores confiemos que elas são capazes, em seus tempos, em suas formas tão diferentes, com suas histórias de vida tão opostas, com suas crenças, seus medos e seus modelos.  E que a educação lhes desse espaço pra serem diferentes, já que ela fala tanto em respeito à diversidade. Não impor os mesmos tempos, usar todos os instrumentos pra que todas as crianças aprendam e não impor a mesma base pra comparação de desempenho.
Que a educação das crianças lhes desse limite. Porque “nãos” são bem vindos, protegem, dão segurança emocional e lhes ensinam a lidar com a frustração. A não ser que queiramos crianças de 30 anos de idade, adultos que não sabem lidar com seus sentimentos e fracassos. Adultos que não pensam nos outros, totalmente voltados aos seus desejos narcísicos.
A Educação deveria lhes dar Arte. Pra expressar os sentimentos, as mágicas que nos acontecem ao longo da vida, as incertezas, os medos, as tristezas e as angústias. Que fossem acessíveis os museus, os parques, as bibliotecas…Aaaahh as bibliotecas…
Que a Educação lhes desse livros. Todos quantos lhe fossem desejáveis ler, de todos os temas. Para que vissem mundos (im)possíveis, sonhos de homens e mulheres, contradições, erros, fantasias, ideias e conceitos.
Que a Educação lhes desse raízes, história. Contasse-lhes como o mundo se configurou dessa forma que está hoje, mas na forma apaixonada como um contador de histórias conta suas histórias. Seria com quando ouvimos alguém ler para nós nosso livro preferido, mudaríamos a forma de ensinar. Partilharíamos! 
Que a Educação lhes de instrumentos pra viver a vida. Na área em que decidirem atuar, nas informações pra discernir e fazer escolhas, linguagem pra comunicar e acima de tudo respeito, pelo simples fato de saber que eu e você somos frutos de nossos tempos, contextos e histórias.
E que a única prova que nossas crianças tenham seja essa: A potência que são e os cidadãos que se tornam. E que esse seja o parâmetro de nossa Educação.
Do resto, eu devo pedir é a sociedade. Que lute pra que seja mais justa, e assim toda essa Educação vai encontrar sua manifestação potencializada.
Beijos da Prô