domingo, 27 de outubro de 2019

LER, ESCREVER, CONTAR, RESPEITAR: FRANÇA VOLTA AO BÁSICO NA EDUCAÇÃO.

Resgate das línguas clássicas no ensino está entre as novas prioridades do Governo francês


A escola francesa – fábrica de cidadãos, motor da meritocracia e pilar histórico da identidade da França republicana – volta ao básico. Ler, escrever, contar, respeitar. Estes são os fundamentos nos quais deverá se concentrar, de acordo com Jean-Michel Blanquer, ministro da Educação Nacional do Governo do presidente Emmanuel Macron. No ano e meio em que está no comando, Blanquer, que deu impulso à proibição de telefones celulares nas classes, também tem promovido o aprendizado de latim e grego.
"A principal questão da nossa época", diz ele em um encontro com EL PAÍS e outros meios de comunicação europeus, "é como este mundo cada vez mais tecnológico pode ser um mundo cada vez mais humano".
O reforço das línguas clássicas no ensino, progressivamente enfraquecido nos últimos anos, está entre as prioridades do Governo francês. Blanquer (Paris, 1964), um tecnocrata especialista em América Latina, que dirigiu a escola de negócios ESSEC, promoveu o aumento das horas de ensino nestas disciplinas opcionais, horários que as tornem mais acessíveis e um sistema de pontuação que lhes dá maior peso no ensino médio. Nenhuma dessas medidas é revolucionária. Não há planos, por exemplo, de tornar essas línguas obrigatórias, mas sim incentivar seu estudo a fim de reverter o declínio progressivo dos estudantes nos últimos 20 anos.
Na França, 12,25% dos alunos estudam latim e 0,85%, grego. Para o ministro, as línguas antigas representam mais que duas simples disciplinas. Para Blanquer, elas podem ser algo como as paredes principais do sistema. "Devemos estar atentos para que este novo mundo, caracterizado pela Internet e as novas tecnologias, não nos dê soluções enganosas. Quanto mais entramos neste mundo em que temos que saber programar, mais interessante é conhecer a história grega e latina", diz ele. "A aprendizagem do latim e do grego contribuem para o desenvolvimento da lógica, facilitam a aprendizagem de outras línguas e permitem estabelecer uma ligação entre diferentes conhecimentos".
Uma das críticas a Blanquer é que suas medidas são mais simbólicas do que profundas, uma política de gestos e mensagens. E é verdade que não propõe uma transformação radical do sistema educacional, mas sim uma soma de pequenas mudanças que, juntas, refletem uma abordagem centrista e muito macroniana: uma mistura de liberalismo com estatismo republicano; de senso comum ao modo tradicional com teorias inspiradas nas mais recentes inovações da neurociência.
Blanquer dividiu as classes dos primeiros anos do ensino básico nas zonas desfavorecidas, fixando um número máximo de alunos por sala, medida considerada chave para reduzir as desigualdades. Mas a principal medida foi a proibição dos celulares nas escolas de ensino básico e médio, até os 15 anos. “É uma mensagem para toda a sociedade”, diz Blanquer, porque “os pais devem administrar o mesmo problema em casa” e “é um vício que, infelizmente, não atinge apenas os adolescentes”.
Os sindicatos criticam o ministro pelo corte de postos de trabalho de professores, pela reforma do exame de bacharelado e pelas avaliações padronizadas dos alunos e das instituições. Na semana passada, ele enfrentou a primeira greve, que teve adesão limitada. Blanquer também é criticado por ter uma visão conservadora, em alguns aspectos antiquada, da educação, e por “reproduzir o funcionamento de uma economia e de um mundo que hoje estão esgotados", como escreveu recentemente, em uma coluna no jornal Le Monde, um grupo de professores e especialistas em educação. Os setores mais duros da direita o condenam por defender o ensino de árabe nas escolas públicas.
“O árabe é uma língua importante, assim como outros grandes idiomas da civilização, o russo e o chinês”, argumenta Blanquer. “Devemos questionar a maneira como se ensina essa língua hoje”, acrescenta, em referência às aulas de árabe em âmbitos religiosos − como as escolas corânicas −, onde se fomentam “desvios comunitaristas, muitas vezes fundamentalistas”. “Não podemos fingir que não vemos isso. E isso justifica ainda mais que este ensino ocorra na escola da República, onde está protegido das forças obscurantistas e pode ser ensinado sem conotações religiosas”, prossegue. “É uma das maneiras de lutar contra o fundamentalismo religioso.”
A França tem um instrumento particular de integração: a laicidade, cujos princípios estão definidos na lei de 1905 que estabelece a liberdade de culto e a neutralidade do Estado em relação às religiões. Às vezes isso também foi visto da forma oposta, como um instrumento de discriminação que impede a manifestação das particularidades de cada comunidade.
Foi devido à laicidade que se proibiu, em 2004, a ostentação de símbolos religiosos na escola. Para Blanquer, a laicidade é uma garantia da presença do Estado e dos valores republicanos na escola diante da “dissolução da autoridade, um laxismo que conduz à lei do mais forte”. “E em alguns bairros, a lei do mais forte é o fundamentalismo muçulmano”, acrescenta.
O problema da violência aflorou em outubro, quando foram divulgadas imagens de um aluno de 15 anos, em uma escola da periferia de Paris, apontando uma arma falsa contra sua professora. As imagens provocaram um debate sobre a necessidade de colocar policiais nas escolas. “Acima de tudo, queremos criar um contato entre as crianças e a polícia, para que as crianças se acostumem a ter uma visão positiva sobre o que é um policial”, diz o ministro. “Minha filosofia consiste em abrir a possibilidade, mas sem generalizar, como têm falado. Não se trata, de jeito nenhum, de militarizar a escola ou de torná-la policial.”
CRÉDITOS: El País Brasil

sábado, 26 de outubro de 2019

STORYTELLING NA PRÁTICA

Contar histórias é uma prática pedagógica altamente eficaz que torna mais relevantes os resultados da técnica de storytelling na educação. Nesse post, vamos falar de storytelling na prática. Inegavelmente, um grande diferencial para a aprendizagem e uma poderosa ferramenta de ensino.
A contação de histórias é uma estratégia eficiente para a transmissão de conteúdo e como alternativa às aulas expositivas. Por meio dessa metodologia, os professores também podem estabelecer dinâmicas interativas e estimular os alunos a encenações teatrais.
Por exemplo, outra maneira de fixar o conteúdo é solicitar aos estudantes a criação de pequenas histórias (storytelling na prática) com base nos ensinamentos aprendidos. Uma boa forma de avaliar a compreensão e a capacidade de contextualização dos conhecimentos adquiridos.

Storytelling e interdisciplinaridade

Estratégia importante para tornar mais relevantes os resultados da técnica de storytelling na educação. Na prática, o storytelling deve estabelecer relações entre duas ou mais disciplinas. Com toda a certeza, um desafio para o qual as instituições de ensino e os professores precisam estar preparados. Visto que é uma aposta que vale a pena, pois maximiza resultados.

Storytelling na prática

O termo storytelling significa o conjunto de técnicas desenvolvidas para a criação de narrativas. Em síntese, é um somatório de boas práticas que potencializa a transmissão de conhecimento e facilita a fixação e assimilação dos conteúdos.
Para que uma história fique realmente boa, muitas vezes, será preciso alterar e reescrever algumas partes. Por isso, sempre é bom testar e pedir opiniões e sugestões. Storytelling na prática é técnica e exercício, passos que habilitam qualquer professor a construir um bom roteiro e uma boa história.

Princípios e modelos de storytelling na prática

As grandes histórias têm muito em comum. São elementos e padrões que, mesmo não sendo obrigatórios, compõem e ajudam a estruturar uma boa narrativa.
Como resultado, os modelos de storytelling (na prática) são muitos e facilmente encontrados na internet. Um dos mais utilizados, que remonta a mitologia e a tragédia grega, é a do monomito, ou jornada do herói.
No livro O herói de mil faces, o antropólogo Joseph Campbell afirma que toda história tem um herói como protagonista e que é ele quem guiará o espectador (aluno) durante toda a narrativa. Efetivamente, a mensagem e a relevância da técnica de storytelling na educação são revelados por meio dos desafios, conquistas e descobertas desse herói.
Acima de tudo, esse modelo, consagrado pelo Cinema e pela Literatura, se apoia em algumas premissas. A jornada do herói pode ser simplificada ao ser dividida em apenas 7 etapas, frente às doze da trajetória clássica.

1. Introdução

Começar bem faz toda a diferença. Primeiramente, na introdução, o herói é apresentado. Sobretudo, é preciso cativar e prender a atenção dos alunos. Primordialmente, contextualiza-lo com a narrativa e com os interesses da audiência e da disciplina é o caminho para criar a necessária conexão e empatia entre o herói e os estudantes.

2. Problematização

Em seguida, o herói, sempre, será convidado a se retirar de sua zona de conforto. Depois da introdução, herói e alunos conhecem os desafios que precisarão enfrentar e superar. A saber, esse momento não pode demorar, pois é o gatilho que desperta a curiosidade e gera a conexão que mantém o público atento e cativo.

3. Recusa ao chamado

Em princípio, todo herói é humano e, portanto, falho. É um atributo que humaniza e gera reconhecimento e empatia entre os alunos e o herói. Nã só ele se desnuda, bem como expõe suas fraquezas e seus limites. Por consequência, dá a entender que não será capaz de cumprir os desafios apresentados. Então, esse momento de dificuldade deve se tornar um obstáculo quase intransponível. Por outro lado, fica clara e expressa a necessidade da persistência do herói, o que valoriza o problema e torna a superação dos desafios mais valioso e relevante, ao final.

4. Ajuda

Surpreendentemente, em meio aos momentos de perrengue, o herói sempre recebe uma oferta de auxílio. No caso do storytelling na educação, serão ferramentas, soluções, guias, amigos que o ajudarão com proteção, conhecimentos e confiança até o final de sua jornada.

5. Superação em etapas

Contudo, os obstáculos e desafios não são fáceis de serem superados. O herói e os alunos precisam superá-los, um a um. A cada etapa cumprida, o herói fica mais forte, tem novos aprendizados e se habilita a novos desafios. É, também, o momento de recapitular a história. Sem dúvida, essa revisão do caminho percorrido e dos problemas superados precisa ser apresentada espetacularmente. Pois, ratifica que a persistência e o próprio caminho é que forneceram a força necessária ao herói para superar todos os obstáculos até aqui.

6. Desafio final

Finalmente, depois de muito lutar, quase exausto, um grande e, aparentemente, intransponível desafio é apresentado. É o clímax de toda a história e da jornada do herói. A narrativa precisa ser conduzida de forma a levar a audiência à máxima atenção. Será que o herói estará preparado para cumprir esse último desafio? Será que todo o aprendizado da jornada será suficiente para transpor esse obstáculo final? É o que os educandos precisam se perguntar.
Certamente, esse, pode ser o momento de uma virada narrativa, um momento de catarse. O herói revela por inteiro sua humanidade: existe, ainda, uma questão pessoal e interior a ser superada. Ele precisa lutar para sobrepujar os desafios externos e os internos. É um momento de superação, força e coragem extremas. Quando o herói conquista em definitivo a admiração do público, é que a mensagem a ser transmitida deve ser entregue. Assim, assume relevância e garante a memorabilidade entre os educandos.

7. Conclusão

Enfim, toda história precisa ter um fim. Ao final, o herói retoma sua vida. É o momento para a análise crítica e para um debate sobre como a jornada transformou (ou não) a vida e o próprio herói e quais foram os aprendizados.

Bilhete à mãe de Thomas Edison

Contar uma boa história pode ser feito de muitas maneiras e não precisa (nem deve) ser muito extensa. Mas, o modelo descrito acima é apenas um entre tantos outros. No post anterior, sobre storytelling na educação, temos um exemplo de storytelling na prática com apenas um parágrafo.
Abaixo, transcrevemos uma história, de autor desconhecido.
Certo dia, Thomas Edison chegou em casa com um bilhete para sua mãe. Ele disse:
– Meu professor me deu este papel para entregar apenas a você.
Como resultado, os olhos da mãe lacrimejavam ao ler a carta e resolveu ler em voz alta para seu filho:
– Seu filho é um gênio. Essa escola é muito pequena para ele e não tem suficientes professores ao seu nível para treiná-lo. Por favor, ensine-o você mesmo!
Por fim, depois de muitos anos, Edison veio a se tornar um dos maiores inventores do século. Após o falecimento de sua mãe, encontrou novamente o bilhete recebido na infância, porém o conteúdo era diferente do que sua mãe leu anos atrás.
– Seu filho é confuso e tem problemas mentais. Não vamos deixá-lo vir mais à escola!
De fato, Edison chorou durante horas e, então, escreveu em seu diário:
– Thomas Edison era uma criança confusa, mas graças a uma mãe heroína e dedicada, tornou-se o gênio do século.
Sem dúvida, existem certos momentos da vida onde é necessário mudar o “conteúdo do bilhete” para que o objetivo seja alcançado…

História e estórias: storytelling na prática

Thomas Edison (11/02/1847 – 18/08/1931) foi um dos mais prolíficos inventores americanos. Apesar de não ter frequentado a escola formal, é responsável por 1993 patentes de invenções, tais como microfone, telefone, equipamentos de telegrafia, fonógrafo, câmara de filmar, fotocopiadoras, lâmpadas elétricas incandescentes etc. Ele foi educado em casa, por sua mãe.
Em contrapartida, biógrafos e estudiosos da vida e obra de Thomas Alva Edison, negam a existência desse bilhete. O que pouco importa, em verdade. A relevância e a beleza dessa inspiradora história é sua construção e propósito. Ela abre inúmeras possibilidades para os processos de ensino e aprendizagem e oportuniza uma alternativa às aulas expositivas tradicionais. Mestres e educandos podem ensinar e aprender de forma mais prazerosa e eficiente. Um belo exemplo de storytelling na prática.
CRÉDITOS: Diário Escola

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

STORYTELLING NA EDUCAÇÃO

A contação de histórias ultrapassa as fronteiras do entretenimento e tem poderosa aplicação na educação. Nesse post, vamos falar de storytelling na educação. Uma poderosa ferramenta de ensino e um grande diferencial para a aprendizagem.
O impacto de uma boa história é inegável. Quem não lembra de histórias ouvidas na infância? Ou da dificuldade de parar de ler um bom livro quando a narrativa está muito envolvente? E quando um filme é tão bom que não conseguimos sair da frente? Sem dúvida, o poder de uma história bem contada é enorme.
Principalmente por essa característica e atributo é que o storytelling na educação, como ferramenta pedagógica, ganha espaço e adeptos a cada dia. Storytelling, que em tradução livre significa “contação de histórias”, é uma habilidade humana ancestral. Contudo, hoje, o termo significa o conjunto de técnicas desenvolvidas para a criação de narrativas com funções específicas. Inegavelmente, desde o marketing, passando pela indústria do entretenimento até a storytelling na educação.

Atenção garantida

Registros históricos da atividade humana, as pinturas rupestres eram uma das formas como os humanos antigos contavam suas histórias e vivências. Primeiramente, as mais antigas, datavam de mais ou menos 30 mil anos. Entretanto, em 2011, foi encontrada a pintura rupestre mais antiga do mundo. Apenas em 2018 é que foi confirmada a sua datação. Ela tem cerca de 73 mil anos e está localizada na África do Sul, na caverna de Blombos. O que intrigou os cientistas e a comunidade científica é que, pela datação, essas pinturas não podem ter sido feitas por humanos modernos (homo sapiens). Surpreendentemente, elas foram feitas por neandertais! O que põe mais lenha na fogueira da discussão sobre inteligência e cognição na evolução da espécie humana.
Viu! Nem é uma história inventada… É a pura realidade. Mas, contada da maneira certa, cativa, atrai e tem o poder de manter a atenção de um grupo de jovens em sala de aula. Além disso, o storytelling na educação é uma ferramenta que permite trabalhar multidisciplinarmente. Certamente, uma história bem planejada pode ser o foco do ensino de duas ou mais disciplinas. Com reais vantagens para a aprendizagem dos educandos.

Storytelling na educação tem base científica

Ouvir histórias aumenta os níveis de atividade cerebral. De fato, estudos relacionam melhor desenvolvimento cognitivo em adultos que ouviram histórias na infância. Despertar a curiosidade e incentivar a empatia são poderosos resultados de uma boa narrativa. Ao ouvir uma história bem contada, o cérebro libera dopamina – hormônio responsável pelo prazer e pela conexão emocional.
Dentre as Teorias de Aprendizagem, a Teoria de Ensino de Bruner diz que a probabilidade de memorização por meio de uma história é 20 vezes maior do que de forma isolada e descontextualizada. Então, segundo o psicólogo Jerome Bruner, professor de Psicologia e Diretor do Centro de Estudos Cognitivos da Universidade de Harvard, as técnicas de storytelling na educação são extremamente úteis para a cognição e fixação de conhecimento.

Storytelling na educação

As técnicas de contação de histórias já são muito utilizadas nos materiais didáticos. Assim, muitos livros e apostilas já utilizam personagens que protagonizam diversas situações e ilustram os conteúdos pedagógicos. É, também, um modo de humanizar as informações e conhecimentos das diversas disciplinas.
O storytelling na educação é uma ferramenta tão poderosa que transcende a educação básica (educação infantil, fundamental I e II e ensino médio). Da mesma forma, o ensino superior e as modalidades EAD de ensino se beneficiam grandemente. Inclusive, porque nesses níveis de ensino, professores e alunos fazem uso dessa técnica. É um modo de tornar as aulas (professores) e os trabalhos (alunos) mais criativos, dinâmicos e interessantes.
Outra vantagem do storytelling na educação são as possibilidades audiovisuais. Nesse sentido, toda história pode e deve ser ilustrada com imagens, áudios e vídeos. Assim, ficam mais envolventes e cumprem melhor sua função.

Técnica eficiente

Storytelling na educação é eficiente para criar conexão, ilustrar contextos e atrair e manter a atenção dos estudantes. Ou seja, é um conjunto de boas práticas que oportuniza maior eficácia e potência na hora da transmissão de conhecimento. Ao mesmo tempo, também facilita a fixação e assimilação dos conteúdos.
Contar uma boa história pode ser feito das mais diversas formas. Com técnica e algum treinamento, todo professor é capaz de adquirir essa habilidade. No entanto, inicialmente, é preciso ter em mente alguns passos importantes e estratégicos. São eles: planejar, conhecer os interesses de seu público, definir a natureza da mensagem que se quer transmitir, saber onde e como a história será contada e qual a infraestrutura e tecnologias disponíveis para tal. E, desenvolver um bom roteiro e uma boa história.
CRÉDITOS: Diário Escola

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

APRENDIZAGEM COOPERATIVA



CRÉDITOS: Teia Cooperativa

NINGUÉM FAZ ESCOLA SOZINHO, DIZ EDUCADORA DO ANO.

Em entrevista à NOVA ESCOLA GESTÃO, a coordenadora Joice Lamb conta os caminhos que trilhou para mobilizar a equipe para implementar projetos inovadores.

O projeto “Aprender e Compartilhar” foi o responsável pela premiação de Joice Lamb como uma das dez vencedoras da edição 2019 do Prêmio Educador Nota 10 e escolhida como a Educadora do Ano, pela mesma premiação. Formada em Letras, ela é coordenadora pedagógica da EMEF Prof.ª Adolfina J.M. Diefenthäler, em Novo Hamburgo (RS), desde 2012. Seu grupo escolar desenvolveu projetos de iniciação científica, debates, atividades envolvendo alunos de séries diferentes e criaram ferramentas para ampliar a participação da escola e a sua comunidade nas decisões de gestão.

“Desde o início como coordenadora da escola, fizemos projetos para resolver os problemas que nós tínhamos”, relembra. No entanto, no meio de tantas atribuições que cabem ao coordenador pedagógico, encontrar tempo para desenvolver projetos é um desafio na rotina. Para vencer essa corrida contra o tempo, Joice sabia que a missão transbordava o cargo. Era preciso que todo mundo estivesse envolvido na solução dos problemas. Nesta entrevista, ela nos conta como gestores podem olhar para dentro da sua escola e criar projetos que ampliem a autonomia dos alunos e engaje todos na melhoria da aprendizagem.

É muito comum ouvir dos coordenadores pedagógicos que, no dia a dia da escola, muito do tempo é gasto “apagando incêndios” e sobra pouco tempo para o desenvolvimento de projetos maiores ou até mesmo para desenvolver bem todas as atribuições do coordenador. Qual é o seu conselho para os coordenadores organizarem melhor o tempo e conseguirem espaço para pensar projetos para a escola?

JOICE LAMB O primeiro passo é observar o que são essas coisas emergenciais, se elas não são repetitivas ou se elas têm um padrão que vai se repetir. Dificilmente, existem dinâmicas muito diferentes de um dia para o outro. Geralmente, os “incêndios” são relacionados à indisciplina. O coordenador tem que tentar mapear [as questões que os desviam de suas atribuições no cargo] e olhar para as razões que levam esses problemas a acontecer. A partir daí, ele pode começar organizando um projeto com o grupo gestor da escola para mudar essa situação.

Como você lida com o que surge no dia a dia e o tempo para cuidar dos projetos?

Você não pode trabalhar sozinho, tem que ter o coletivo e a escola junto. Ninguém faz nada sozinho. Por isso, a coordenação precisa ter a direção da escola como parceira. Cada estado tem uma configuração de equipe gestora diferente, mas esta equipe precisa estar unida. Eu não consigo imaginar uma maneira de fazer este trabalho sozinha.

O projeto “Aprender e Compartilhar” te deu o título de Educadora do Ano de 2019, no Prêmio Educador Nota 10. O que te motivou a desenvolvê-lo?

Nós, da gestão, chegamos nessa escola que não se olhava, a escola funcionava no automático. As pessoas que estavam ali achavam que, realmente, alguns alunos sempre iam reprovar – eram 50 reprovações no final do ano. Você ouvia: “a vida é assim mesmo, alguns vão saber; outros não, porque as famílias isso, porque eles são pobres...”.

A partir de alguns projetos, crescemos no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), melhoramos nas avaliações do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e diminuirmos a reprovação. Mas nós não tínhamos avançado o suficiente e ainda tínhamos problemas. Apesar dos resultados, o contexto não saia do lugar e parecia que estávamos andando em círculos.

Em equipe, começamos a pensar o era possível fazer. Começamos com a gestão democrática, fazendo as pessoas falarem e participarem. Ao mesmo tempo, fomos olhar para dentro da escola, analisando os dados que tínhamos. Mostramos para os professores quais eram os índices da escola, criamos índices próprios para poder monitorar a alfabetização e foi por aí que tudo começou.

As coisas foram acontecendo e foram se juntando, foram se entrelaçando. Três elementos são essenciais como base de projetos: participação e interação de todos, preocupação com o conhecimento e com a aprendizagem dos alunos. Estes três eixos estão presente no projeto “Aprender e Compartilhar”.

Ao instaurar uma gestão participativa, é preciso aprimorar o olhar da comunidade e dar insumos para que eles possam ser ativos nesse processo. Como isso foi desenvolvido na sua escola?

Em 2012, nós percebemos que era preciso dar espaço para as pessoas. Entretanto, geralmente, quando se pensa em gestão democrática, a primeira  coisa é: nós temos que deixar os alunos falarem. Nós começamos pelos professores. Fizemos assembleias específicas com eles. Isso porque quando você entra em uma escola que já está fragilizada, com vários problemas, não dá para abrir espaço para um único grupo falar e esperar que todas as pessoas se sintam apoiadas. A principal dificuldade dos professores é o medo de perder o controle dos alunos.

Só depois que os docentes começaram a atender que uma ideia tirada na assembleia precisa ser realizado por  todo mundo e que isso traria benefícios a todos, foi que nós começamos a abrir para  os alunos os espaços de participação. Nessas assembleias, tiramos ideias, sugestões, conversamos. Algumas coisas nós conseguimos pôr em prática, outras coisas não conseguimos. E, partir disso, criamos um documento sobre o que realmente precisamos fazer. No final do ano, existe uma conferência com professores, pais, alunos e funcionários em que decidimos quais serão as prioridades que a direção vai trabalhar no ano seguinte.

Na sua avaliação, o que a gestão participativa faz pelos diretores, coordenadores, docentes e alunos?

Ela traz uma ideia de pertencimento. A escola é dos alunos, é da comunidade e nós temos que batalhar por ela. Aos poucos, isso vai crescendo dentro da comunidade. Quando os pais vão reclamar de alguma coisa – mesmo aqueles que não estão muito ligados –, se isso incomoda alguém, pode ser coloca na conferência.

As pessoas começaram a se colocar mais, isso é um aprendizado de cidadania. Se tem uma coisa que me incomoda, não é no grito que eu vou resolver. Existe um lugar aqui, na escola, para isso. Se você tem uma demanda e as outras pessoas não concordam com você, a demanda não é realizada. As coisas precisam ser resolvidas no coletivo porque o seu ponto de vista pode estar errado, então você tem que ouvir os outros. E isso é um aprendizado pra todo mundo, não só para os alunos. Os professores têm medo de perder o controle e acham que essa gestão participativa dá muito poder aos alunos e eles vão decidir algo que não é bom. Mas na prática, é outra coisa.

Como foi o processo de mobilização da comunidade para participar do “Aprender é Compartilhar”? Como eles foram sensibilizados para participar?

O projeto foi acontecendo aos poucos, desde 2012. Não dá para dizer que teve um grande momento. As ações que nós fizemos, uma a uma, foi mobilizando a comunidade. Mas uma das maneiras de mobilizar é oferecer para a comunidade momentos de participação que eles possam estar presente. Às vezes, todas as atividades da comunidade acontecem durante a manhã e a reunião é marcada para a tarde. Então, você já dá o sinal para a sua comunidade que você não quer que ela vá. Nós tínhamos os horários no final da tarde, à noite e quando não era possível a participação presencial, ela poderia ser por escrito.

Houve resistência por parte da comunidade? Como você lidou com ela?

Sempre existe resistência quando uma proposta é muito diferente do usual e algumas das nossas propostas eram assim. Mas nem toda resistência é agressiva. Eventualmente, alguém vinha e dizia “não estou entendendo o que vocês estão fazendo” e a gente explicava. Foi uma resistência ao novo, ao diferente, uma resistência que carregava um receio de que, “poxa vida, nós estamos trocando algo que nós sabemos fazer por outra coisa. E se não der certo?”. E, nesse movimento, acabam não olhando pelo lado de que, realmente, o que nós estamos fazendo também não está dando certo, mas é jeito que todo mundo. É preciso mostrar esse outro lado quando a resistência surge.

O que foi mais desafiador no processo de implementação dessas ideias?Você precisa ter paciência para tecer as relações. Eu não posso apressar o desenvolvimento das pessoas e dos alunos. Eles precisam ter seu tempo. Então, tem que estimular. É algo que eu demorei para aprender – que eu estou aprendendo ainda –, mas é algo que precisa ser aprendido. É preciso compreender o tempo das pessoas e isso não significa que, se ele quiser ficar sentado, eu vou deixá-lo ficar sentado o tempo todo. Eu tenho, enquanto coordenadora, a função de estimular, propor, colocar as pessoas em situações. Mas não pode ser uma tarefa feita com raiva ou obrigação, tem que ser feita com amor e com tranquilidade.

Nesse processo, pode ser que alguém esteja demorando demais [para se envolver e apropriar das novidades], mas nós temos que olhar essa pessoa e entender o ponto de vista dela. Isso é muito difícil. No entanto, como eu quero que os professores compreendam os alunos ao longo de seus processos de aprendizagem, eu também tenho que compreender esses professores. Precisamos trabalhar essa equidade nas relações, tanto na gestão dos alunos quanto na dos professores. É trabalhoso, mas tem um resultado muito positivo nas pessoas.

Como você vê o espaço do aluno como protagonista da aprendizagem?

Quando os alunos têm mais autonomia, eles dão mais significado para aprendizagem. Parece, às vezes, quando eu digo que os alunos podem escolher, que não existe um trabalho pedagógico por trás, que eles podem fazer o que eles quiserem, qualquer coisa vai ser bom e nós não vamos ter rigor. Não é verdade. Aquilo que eles escolhem fazer precisa ser bem feito, tem uma cobrança grande dos resultados e eles têm que demonstrar esses resultados. Dessa forma, os estudantes começam a dar mais valor para esse conhecimento. Quando a comunidade começa a entender que não é fazer por fazer, mas que existem objetivos por trás disso, eles começam a ser parceiros dessas iniciativas. Por exemplo, criar espaços de convivência entre alunos de séries diferentes, ajuda na questão da empatia, da convivência e do clima escolar. Nós temos uma escola que não é segmentada. Claro, nós temos as divisões de séries, mas, ao mesmo tempo, é uma escola em que todo mundo faz parte. A escola é de todo mundo.

Qual é a dica que você dá para os gestores que identificam áreas da escola que possuem problemas, mas ainda não se mobilizaram para reverter essa situação?

Primeiro, é necessário apresentar esses problemas embasado com dados para o grupo de gestores e para os professores. Comece pedindo que o grupo traga as possibilidades de solução do problema. Mesmo que você tenha vários, não vai conseguir cuidar de todos eles ao mesmo tempo, por isso, elenque o principal problema que se tem para atacar primeiro. Analise o problema e busque soluções coletivamente porque, se as sugestões não vierem do grupo e não os representarem, eles não vão assumir a proposta.

CRÉDITOS: Gestão Escolar

terça-feira, 22 de outubro de 2019

O QUE FAZ UM BOM DIRETOR DE ESCOLA?

Quais as características que esse profissional precisa ter para executar suas atividades com propriedade?

Estamos vivenciando uma mudança de paradigma na Educação: a escola não é mais o espaço de reprodução de conteúdos enciclopédicos. A maioria dos professores que estão em sala de aula não foi formada para atender às demandas dos alunos do século 21. Os jovens chegam à escola, não raro, com uma postura de enfrentamento, muitas vezes desqualificando os docentes.  Diante disso, como gerir uma unidade escolar mergulhada em tantas adversidades? Quais as características que o gestor precisa ter para lidar com a atual realidade?
Não é preciso comparar a postura de nossos jovens com a de estudantes de países como Finlândia, Suécia ou Dinamarca para perceber que estamos fracassando na formação cidadã de nossos alunos. Hoje, estamos em um momento político que nada mais é do que um sintoma da degradação social que vivemos nas últimas décadas. Diante do comportamento inadequado de alguns alunos em sala de aula, a não valorização dos responsáveis pela posição social do professor e a inabilidade do gestor em lidar com tantos problemas, alguns docentes ficam desestimulados, tornando-se uma figura que repete e escreve no quadro os conteúdos de livros didáticos. Assim, cada vez mais, nos distanciamos da humanização da educação. O mau desempenho do professor em sala de aula também pode ser consequência de uma gestão que não valoriza as qualidades da equipe. Atribuir somente ao professor a responsabilidade do fracasso escolar não é justo e não resolve o problema.
Sendo assim, o gestor escolar precisa de uma série de atributos técnicos e comportamentais para assegurar o bom desempenho de sua equipe. Podemos comparar o trabalho do diretor ao de um maestro, sempre buscando de seus regidos a melhor harmonia possível. Ele deve manter o grupo motivado e comprometido com a formação dos alunos. A liderança não é uma competência nata, ela pode ser adquirida com uma formação adequada. Sugiro algumas práticas para um bom desempenho de uma gestão escolar:
  • Mantenha uma escuta ativa. Tenha serenidade diante de conflitos, ouça antes de emitir opiniões. Um líder sempre cria um ambiente para que as ideias de seu time sejam levadas a sério. Manter a calma, mesmo diante de opiniões contraditórias, facilita o diálogo.
  • Descentralize a gestão. O trabalho em equipe é mais eficaz e mantém o envolvimento de todos os membros da equipe. Promover uma gestão democrática é garantir o compromisso de cada membro.
  • Estabeleça regras claras. Quando se tem uma ideia clara de onde se quer chegar, fica mais fácil visualizar o que deve ser feito para que os resultados desejados sejam alcançados.  
  • Analise os resultados de seus alunos. Medir os resultados das avaliações internas e externas é uma excelente forma de planejar ações que norteiam para o crescimento social e intelectual dos alunos.
  • Valorize o professor. Reconheça suas qualidades, incentive as iniciativas inovadoras, dê feedback sempre ressaltando o lado positivo, sem deixar de ser verdadeiro.
  • Abertura para o novo. Nossas instituições de ensino, nas últimas décadas, criaram uma cultura de resistência ao novo. Inove sem medo, a escola é o espaço ideal para isso.  
  • Fomente uma comunicação não violenta. Promover reflexões com os docentes sobre o vocabulário usado no dia a dia da escola.
  • Coloque o aluno no centro do aprendizado. A finalidade da escola é promover o crescimento intelectual dos alunos, ou seja, agrupar forças para que a aprendizagem dos alunos seja efetiva.
  • Circule pela escola. Você não pode administrar o que não conhece.
  • Organize-se. O dia de um gestor escolar é muito dinâmico. Crie prioridade para as demandas diárias.
Uma gestão comprometida com a educação tem o potencial de mudar a realidade de uma escola, garantindo modelos eficazes na construção de uma sociedade crítica e reflexiva.
CRÉDITOS: Gestão Escolar

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

O QUE APRENDI SENDO GESTORA

Lúcia Cortez trabalha com gestão escolar há 25 anos e compartilha seus aprendizados nessa trajetória

Ao longo destes 25 anos exercendo o cargo de gestora escolar fui me reinventando e me reconstruindo como profissional da Educação. Foram muitos desafios enfrentados neste complexo mundo da Educação. A partir deles, fui refletindo sobre a minha prática, vendo os erros e acertos cometidos em busca de um ensino de qualidade.

Sempre fui consciente do meu papel como líder e das minhas responsabilidades no estabelecimento de ensino enquanto gestora. Para tal, acreditava que tinha que ser exemplo de pessoa e de chefe. Uma exímia cumpridora dos meus deveres, em excesso. Eu me cobrava demais, sempre muito séria e rigorosa com os horários, entrega de documentos e todas as outras atribuições que me cabiam.

Nesta busca rígida e incansável pela perfeição na gestão escolar, posso citar algumas lições que a vida me ensinou ao longo desta jornada:

1. Equilibrar as ações administrativas e pedagógicas

O gestor não pode se deter apenas nas questões administrativas e financeiras, isto é, nas ações burocráticas. Não podemos esquecer que a gestão pedagógica é a atividade primordial da escola, mas para que tenhamos bons resultados educacionais, temos que ter uma boa gestão administrativa. Portanto, temos que ter um bom planejamento para equilibrar as duas áreas, para que possamos garantir a aprendizagem das crianças e a satisfação a todos os envolvidos no processo.   O gestor tem que que ter clareza que o projeto político pedagógico (PPP) da escola é o norteador de todas ações desenvolvidas, inclusive das administrativas. Não se pode permitir ações de separação entre o administrativo e pedagógico.

2. Gerenciar no coletivo, não podemos ficar isolados

Precisamos aprender a trabalhar em equipe. Uma andorinha só não faz verão. Todas as ações da escola devem ser pensadas e executadas no coletivo. Assim, envolvemos a todos no processo educativo, para que se sintam integrados e alinhados aos objetivos propostos. É preciso proporcionar uma gestão democrática, participativa e crítica. Envolver todos os atores da comunidade escolar. Trazer os pais e responsáveis para participarem ativamente das atividades desenvolvidas na escola, como também a comunidade dos moradores do entorno. Todos precisam se sentir acolhidos e pertencentes ao grupo. Temos que ter uma participação ativa com respeito e espírito de colaboração, numa perspectiva coletiva e solidária.

3. Garantir uma boa comunicação escolar

É fundamental que tenhamos uma boa comunicação entre gestor, alunos, pais, funcionários e comunidade para evitar os ruídos que surgem no dia a dia da rotina escolar.   A escola contemporânea precisa estar alinhada às novas gerações que se utilizam seus smartphones como ferramenta para se comunicar e resolver seus problemas. Temos que conhecer, nos adaptar e dinamizar a cultura da informação às novas práticas pedagógicas para que possamos estar conectados com todos os segmentos da escola e demais envolvidos no processo.

4. Motivar a todos os sujeitos do processo

Temos que ser entusiastas na direção escolar. Precisamos valorizar os funcionários, alunos, pais e comunitários para se engajarem com afinco no chão da escola. É preciso dar subsídios para desempenhem seu papel de forma integrada, buscando melhorar as relações interpessoais e intrapessoais para ter um alto clima escolar de satisfação. É preciso ajudar a construir um espaço propício para se criar vínculos com as pessoas e com o espaço educativo. Precisamos promover a empatia  e estabelecer relações recíprocas de amizade, respeito, alegria, tolerância e com muita afetividade. A escola é um lugar de harmonia e pessoas alegres. Precisamos fazer a diferença não só no pedagógico, mas também para proporcionar um clima escolar agradável. Para que tenhamos qualidade de vida no trabalho e com saúde, é fundamental termos uma boa convivência e um bom relacionamento entre todas as partes envolvidas. O magistério exige resiliência.

5. Incentivar a pesquisa e a formação continuada em serviço

O gestor tem que ser um articulador e incentivador para que todos sejam protagonistas da sua própria aprendizagem e que sejam pesquisadores. Estamos em processo constante de aprendizagem, portanto, temos que nos manter informados e atualizados na Educação. Todos os sujeitos envolvidos no processo educacional devem participar das formações. Profissionais administrativos, da cozinha da limpeza e demais áreas para que se sintam comprometidos e atuantes no processo. Todos os profissionais precisam investir e buscar conhecimento e colocá-lo em prática que possamos ampliar experiências educativas com foco na criatividade e inovação. Temos que criar espaços de formação continuada na escola, para troca de experiências, discussão, reflexão da teoria e prática. O gestor tem que ser o líder pedagógico para construção coletiva de um projeto formativo.

6. Inovar na escola

Os processos educativos no século 21 devem estão alinhados a novas competências desta geração. Portanto temos que buscar metodologias e práticas inovadoras. O gestor precisa ter a coragem para liderar processos de transformação, quebrar barreiras e romper com o tradicional. Trocar mobiliário, acabar as filas, tirar o foco da lousa. Incentivar o protagonismo e estimular o exercício da cidadania. Lutar por autonomia pedagógica e administrativa. Reconhecer que a Educação acontece nos diferentes espaços escolares. Assim, a sala de aula deixa de ser o único território de aprendizagem e o professor assume o papel de mediador e facilitador do conhecimento. Dessa forma, criamos espaços de interação, fazemos e aprendemos juntos, colocando o aluno no centro das atenções da escola. Promovendo uma gestão democrática e a Educação integral, valorizando o discente em todas as suas dimensões.

7. Ser flexível e aberto ao diálogo

A escola tem que ser um espaço de escuta e de diálogo. Não dá para o gestor ter uma postura inflexível, ditatorial, autoritária e centralizadora. Temos que acabar com a hierarquia para criarmos relações mais humanas e horizontais, em que as pessoas se sintam acolhidas e possam formar uma rede colaborativa em um movimento cíclico. Temos que resolver os conflitos e o absenteísmo com uma conversa franca, sincera e com empatia. Temos que ser mais flexíveis para sermos mais felizes e desfrutarmos de uma melhor qualidade de vida na escola. Uma boa conversa tem o poder de mudar concepções de vida, de quebrar e superar as adversidades. Precisamos ter certeza que estamos no mesmo lado. Não somos inimigos, mas parceiros. Poderemos ter pensamentos divergentes, mas poderemos ter uma convivência de respeito e harmonia entre os sujeitos.

Enfim, não foi e não é fácil realizar mudanças na escola e na vida. No decorrer destas aprendizagens houve muita resistência por parte de funcionários, alunos e comunidade externa. Mas é questão de tempo para todos se adaptarem e perceberem como as inovações fazem bem para o ambiente escolar e para as pessoas. A Educação tem que ser libertadora e formadora de cidadãos críticos e reflexivos. Uma escola que respeite a heterogeneidade e a individualidade da comunidade escolar. Assim, asseguramos uma Educação de qualidade para todos.

CRÉDITOS: Gestão Escolar
Sal