quarta-feira, 19 de julho de 2017

LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA EDUCATIVA - LIE

FRAGMENTO DE MONOGRAFIA

Monografia apresentada ao Departamento de Estudos Especializados da FACED/UFC, como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Informática Educativa, tendo como orientador o Prof. Ms. José Rogério Santana. 

OS PROFESSORES DOS LABORATÓRIOS DE INFORMÁTICA EDUCATIVA DA PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA:
 UM RETRATO DA FORMAÇÃO DESTES ATORES SOCIAIS NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE FORTALEZA ENTRE 2000 E 2001.
Zorália Brito das Chagas

(...)

3.1 – Lei 9394/1996 (Nova LDB)

Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (Lei 9394/1996 – Nova LDB) não se verifica claramente uma postura sobre a informática educativa, fato que implica na indefinição legal do uso de computadores na escola. Por outro lado, na Nova LDB, o artigo 80, define as principais normas da educação à distância no Brasil, porém, não apresenta uma definição de educação à distância. Contraditoriamente, a definição aceita está no Decreto 2494/98 que regulamentou o artigo 80 da Nova LDB. A definição apresentada no decreto se pressupõe o uso de diversos meios de comunicação, e neste sentido é possível contemplar o uso de computadores (multimeios).

Educação a distância é uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação.

Ao ver a Nova LDB, considera-se que não há parâmetros que contemple uma política de informática educativa no Brasil, mas apresenta regras sobre o ensino à distância. Mesmo assim, ao se contemplar o ensino à distância de forma vaga o que pode ser contemplado em termos práticos, é o uso do computador diante dos diversos meios de comunicação, pois mesmo sendo uma nova estrutura tecnológica com fundamentos diferentes dos meios comuns de comunicação (rádio, televisão) que está sendo considerado somente nas possibilidades de multimídia do computador.

3.2 – Parâmetros Curriculares Nacionais

Não definindo claramente uma política da informática educativa na LDB, procurei averiguar nos PCN algo que norteasse para tal aplicabilidade, enfatizando a mediação dos novos recursos computacionais para reforçar uma nova prática docente, levando às mudanças sociais, políticas e econômicas.

Fala-se cada vez mais em cidadania, na preservação da natureza, em educação sexual na escola... O Brasil está mudando rapidamente. E isso diz respeito diretamente à educação. Para formar os cidadãos desses novos tempos, os conteúdos e o ensino das disciplinas terão de se adaptar. É sobre esses novos rumos que discorrem os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).

É clara a preocupação existente na ênfase das mudanças sócioeconômicas, fato que exige uma nova formação que contemple o uso de tecnologias computacionais. Deste modo, é possível considerar que:

Os PCN foram criados pelo MEC em 1998, para ajudar o professor a ampliar o horizonte de seus alunos, preparando-os para um mundo competitivo. Com tantas mudanças tecnológicos (está aí o computador como símbolo maior) e novos assuntos sendo debatidos pela sociedade, ...., o currículo tradicional ficou defasado. (Revista Nova Escola – Ed. Especial, PCN - Fáceis de Entender).

Na busca de uma nova prática docente, percebe-se também nos parâmetros curriculares, a dificuldade em estabelecer uma real aplicabilidade no uso das tecnologias de informação e comunicação no contexto escolar. Tornando complicada a situação daqueles que estão engajados diretamente com os laboratórios de informática das escolas, pois quais são os parâmetros na elaboração de um currículo brasileiro de informática educativa ?

3.3 – Proinfo e Tempo de Aprender

Com um aspecto diferencial em comparação a projetos anteriores, o Proinfo, tem se mostrado como um dos projetos de propósitos pedagógicos bem delineados, mas, se dispersa quando na referência da sua real execução, pois não especifica as devidas atribuições aos seus praticantes.

O Tempo de Aprender, por sua vez, veio para fazer o papel do Proinfo regional, mais específico, atentando para as características do Estado do Ceará. Nesta visão, pode-se dizer que, o T. A., acata as diretrizes e orientações do modelo Proinfo, mas busca sua personalização diante das características regionais.

3.4 – Tecnologia Educacional

Vários são os conceitos surgidos da Tecnologia Educacional. Para SILVA apud LUMSDAINE (1964: p.13),

Tecnologia da Educação é a aplicação de tecnologia associada às ciências físicas e à engenharia na construção de equipamentos para fins de instrução, compreendidos aí rádio, gravadores, televisores, máquinas de projetar e ensino baseado em computador.

Estando no alto do tecnicismo, SILVA apud DIB (1974: p.13) defende que Tecnologia da Educação... 

É a aplicação sistemática de conhecimentos científicos e tecnológicos à solução de problemas educacionais, apontando para tanto, teorias advindas da psicologia, da comunicação e a teoria de sistemas.

Já mais de uma década, SILVA apud NISKIER (1993: p.13), arrisca-se em atribuir, um conceito mais humanístico para a TE, e que afirma ser uma estratégia de inovação, definindo-a como ...

Uma forma de planejar, implementar e avaliar o processo total da aprendizagem e da instrução, em termos de objetivos específicos, baseados nas pesquisas sobre a aprendizagem e a comunicação humana, empregando uma combinação de recursos humanos e materiais com o objetivo de obter uma instrução mais efetiva”.

Percebe-se que o papel da tecnologia não pode aferir nem desprezar ao do humano, exigindo planejamento e adaptação ao novo. Analisando os limites e possibilidades de cada ferramenta tecnológica quando inseridas no processo ensinoaprendizagem. Para tanto, nos é de muita utilidade o conhecimento do manuseio de tais recursos, tanto do ponto de vista do savoir-faire (saber fazer), como de posturas didática-pedagógicas adequadas.

Dando o devido destaque aos procedimentos operacionais, o 26 pensamento de SILVA apud LÉVY (1997: p.14), nos auxilia para revelar a quantidade de coisas e técnicas que habitam o inconsciente intelectual, sem negar, no entanto, o quanto a maquinaria do “fazer” vêm impregnados de desejo e subjetividade, relacionado as tais competências humanas.

3.5 – Sobre Informática Educativa

O uso das NTIC apresentam diferenciações quanto sua aplicabilidade pelos seus atores nas atividades escolares. Explorando as concepções de BORGES NETO (1999: p.135-138), à aplicação da informática em um ambiente escolar, se caracteriza em quatro formas distintas:

- Informática Aplicada à Educação: o gerenciamento escolar é informatizado, explorando o uso de aplicativos da informática em trabalhos de controles administrativos, como digitação de textos, emissão de relatórios, matrículas de alunos, visando a otimização e rapidez em seus trabalhos. · 

- Informática na Educação: o computador é a própria “máquina de ensinar”, utilizando-se de softwares tutoriais, desenvolvidos para dar suporte à educação e que abordam uma aprendizagem bem linear.

- Informática Educacional: utilizado através de projetos, o computador é a ferramenta para a resolução de problemas. Normalmente, as atividades são realizadas em grupos, seguindo orientações e que podem explorar os recursos a que tem acesso. Esta forma de trabalho é bem interessante, mas se não primar pelos objetivos de aprendizagem a que se destina o projeto, pode recair apenas no manuseio do computador pelos alunos explorando seus recursos técnicos, e ignorando o lado dos recursos pedagógicos do computador e o da transposição didática. O ideal é que o professor participe e acompanhe todo o processo de criação e de descoberta dos alunos. 

- Informática Educativa: nesta abordagem, o computador é um suporte a mais na sala de aula do educador, a fim de que o mesmo possa usar os recursos disponíveis para ajudar o aluno a construir novos conhecimentos. O professor poderá explorar as potencialidades e capacidades do computador, tornando possível praticar e vivenciar situações fundamentais para a construção do conhecimento pelo aluno. Dando ênfase a Informática Educativa, percebe-se que a integração das 27 tecnologias na sala de aula é importante quando for utilizada para contemplar os discentes na construção dos novos conhecimentos. Construção esta realizada num processo em conjunto, compartilhado, com o mediador disposto a dar autonomia na resolução de tarefas, evitando que o aluno mais reaja do que atue, mais siga do que construa.

3.6 – Gestão dos Laboratórios de Informática Educativa

Para muitos autores, um dos grandes desafios para a inserção da novas NTIC em nossas escolas públicas está relacionada à gestão, surgindo assim várias questões. Como o ritmo acelerado das mudanças e das tecnologias, impedem que nossas escolas, principalmente as públicas acompanhem tais condições.

Segundo CYSNEIROS (2000: p.1) “ao abordar a introdução da informática em escolas do Brasil, aponta uma série de problemas para assimilação das novas tecnologias pela escola pública, como a ausência de concepções bem definidas sobre o que é Informática na Educação”.

E para reforçar tal afirmação, verificamos pelos itens 3.1. e 3.2, que os próprios dispositivos legais e curriculares contribuem para problematizar tal situação.

As dificuldades não são poucas nem simples, envolvendo aspectos administrativos, financeiros, contábeis e de recursos humanos. Para CYSNEIROS apud KENSKI (2000: p.1), o déficit de infra-estrutura telefônica no Brasil (em várias localidades) e os problemas de reestruturação das instituições escolares, estão relacionadas à lógica do ensino com uso de novas tecnologias.

Ao focar os aspectos cotidianos da escola, encontram-se algumas situações que também contribuirão para essa gestão, como a existência de muitas turmas, número elevado de alunos por turma, muitos professores, conteúdos dispersos, dificuldades quanto ao uso pedagógico de ferramentas de softwares.

É necessário que se implante a gestão de novas tecnologias onde todo o grupo escolar apoie a realização de uma nova prática educacional. Todos envolvidos para subsidiar o trabalho pedagógico, abordando a diversidade dos conteúdos, fazendo com que o aluno esteja sempre estimulado para construir seu próprio conhecimento, que se busque a aprendizagem, e não o uso de recursos sem uma fundamentação consistente.

(...)