quinta-feira, 13 de julho de 2017

O BOM E O MAU PROFESSOR


Nas escolas é comum se tachar os professores em dois tipos: o bom e o mau. Enquanto este passa por negligente, preguiçoso e irresponsável, aquele colhe os louros da vitória pela pedagogia oficial. Mas ser extremamente preocupado com o cumprimento de suas obrigações pode fazer mal à saúde. Será por isso que o “mau professor” está sempre de bem com a vida?

O sistema educacional convencionou separar a profissão de professor em duas categorias: o bom e o mau. É considerado bom professor aquele que cumpre com zelo e responsabilidade as suas obrigações. Ele é o sonho de toda direção de escola. Faz todos os planejamentos e capacitações que lhe mandam, não falta nunca e cumpre os horários rigorosamente.
Convencionou-se designar de “mau professor” aquele que é, aparentemente, desleixado e irresponsável. Tachado de problemático, não participa dos planejamentos e adestramentos oficiais, falta, às vezes, e não se preocupa em seguir à risca os horários das aulas. Mas essa é uma distinção genérica e resumida. Vejamos uma comparação mais detalhada:
Meia hora antes de iniciar a aula, o bom professor já está na escola, de banho tomado, cabelo penteadinho e barba feita. Sabe, previamente, a aula que vai ministrar, porque tudo foi antevisto em seu planejamento, conforme a mais atual tendência pedagógica do último momento. Até listou, no plano, o que os alunos deverão pensar depois. Entretanto, muitas vezes, o plano sai pela culatra: uma aula prevista pode não ser compatível com alunos imprevisíveis.


O mau professor, antes da aula, joga umas partidas de sinuca, fuma um cigarrinho e bebe uma ou duas latinhas de cerveja. Chega em cima da hora e espera alguns minutinhos antes de entrar na sala de aula, consciente de que a maioria dos alunos ainda não chegou. Ele só sabe o conteúdo do dia quando vê suas precárias anotações na caderneta. É o Romário do magistério. Quem já sabe, não precisa treinar para entrar em campo. Planejar pra quê?
E lá vem o bom professor, de camisa de punho, calça social, sapatos e maleta, de acordo com um antigo estereótipo que povoa o imaginário coletivo. Dizem que tal figurino serve para impor respeito e disciplina. Com esse intuito, o bom professor também é um professor mau. Ou seja, malvado para os alunos. É rígido nas provas e só aceita as tarefas no prazo estipulado. Sempre repreende seus pupilos delinquentes e faz das tripas coração para manter a ordem. Pena perder quase toda a aula nisso.
Já um sujeito usando camiseta de banda de rock, calça jeans puída, um velhíssimo tênis All Star e mochila de lona não pode ser um profissional do ensino. Ou pode? É assim mesmo que o mau professor vai à escola. Nem por isso sua sala é uma zona total. Pedindo, ele consegue ser ouvido. Aí conta piadas, um “causo” curioso, uma notícia do dia… Depois, até consegue uma audiência para a aula de fato. Além disso, é considerado um cara legal: não faz prova e nem esquenta quando a bagunça está o maior horror.


Do outro lado, o bom professor se irrita facilmente. Tudo aquilo que lhe atrapalha a aula o faz ter um ataque de nervos. A gota d’água é a música alta no celular. Aliás, por essas e outras que o bom professor sofre de estresse, nervosismo, depressão, insônia, pressão alta, úlcera… E não é fácil manter sua fama de mau. Por causa disso, já levou um murro na cara e já deu queixa, na delegacia, de duas ameaças de morte.
O mau professor não tem esses problemas. Leva uma vida sossegada. Inclusive, só trabalha num período, à noite. Por isso, agora mesmo está acabando de acordar, às 11 da manhã. Ao passo que lá está o bom professor, em plena atividade, aos berros, andando entusiasmado de um lado para o outro da sala de aula e… Mas o que é isto!? O bom professor está passando mal, revirando os olhos, desmaiando! Chamem uma ambulância! Socorro! Socorro!…
Tarde demais. Foi um piripaque fulminante. O mau professor lamenta o triste passamento do colega. Ele era tão dedicado. Escrevam em seu túmulo: “Foi professor, teve pesadelos e odiou na vida”.



COMENTÁRIO:


Acho que houve exagero para os dois lados. O professor "burrocrata"
que coloca o plano de ensino à frente de tudo e ignora o momento, as
necessidades e estilo das turmas é realmente um mau professor. Do
mesmo jeito, é um mau professor o espertalhão que faz da sala de
aula seu botequim particular, onde ganha jogando com o futuro de 
seus alunos. Leva só a piada para a sala de aula, não cobra nada, 
não educa, mas se mantém no posto de "pop". Deve haver respeito 
pelas instituições de ensino que pagam os nossos salários, mesmo 
que questionemos certas  regras e burocracias. Assim também 
penso que devemos ter diálogo com os alunos, mesmo quando 
são muitos, para entender o que esperam de nós. Nem todo bom 
professor morre estressado, e em geral, não odeiam nem a vida e 
nem os alunos.

FONTE:
OBVIUS