quarta-feira, 1 de março de 2017

FORMAÇÃO CONTINUADA: QUEM FORMA O FORMADOR?

Mais do que nunca, o educador precisa estar atualizado e informadoVocê sabe por quê?

Para obter a resposta, basta observar o comportamento dos alunos com seus aparelhos eletrônicos, a interação deles com os colegas, com os professores e, até mesmo, a forma como consomem informações.
Mas será que basta adquirir conhecimento em informática e aprimorar algumas técnicas para se tornar um educador competente e atualizado?
Na verdade, é necessário um aprendizado mais global: a formação continuada para professores e gestores escolares.
Quer entender melhor sobre esse processo? Então, continue a leitura!

A formação continuada

Formação continuada é o engajamento dos profissionais da educação em processos de aprimoramento, que lhes permite estar continuamente bem informados e atualizados sobre as novas tendências educacionais. Mais do que isso, permite que o educador agregue conhecimento que seja capaz de gerar transformação e impacto no contexto profissional e escolar.

A importância e a preocupação com a formação continuada para professores

No âmbito profissional, a formação continuada permite que o educador se engaje em pesquisas, estudos, reflexões críticas e se aproxime das novas concepções linguagens e tecnologias. No âmbito escolar, o profissional maduro e atualizado se torna um facilitador e não apenas um transmissor — enquadrado em uma forma única de traduzir o conhecimento.
Essa é a importância do constante processo de qualificação e formação do docente. Ele torna o educador capaz de construir e se adaptar às rápidas e diversas mudanças do contexto educacional, contornando as dificuldades encontradas no dia a dia na sala de aula.
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A (re)significação do trabalho docente no espaço escolar: currículo e formação

Quando o docente se aprimora, ele amplia suas possibilidades de atuação, resignificando o espaço escolar. A evolução das competências desse educador promove:
Ou seja, ele passa a atuar como mediador, incentivando autonomia dos alunos, tornando-os protagonistas da construção do seu próprio conhecimento.

A escola como espaço de trabalho e formação dos professores

A questão que se coloca agora é: mas será que essa formação deve acontecer externamente ao espaço escolar? Se o objetivo da formação continuada é ter professores reflexivos que rompem com visões que não promovem o pensamento crítico, nada melhor que usar o próprio espaço de trabalho.
É claro que existem cursos de atualizações que podem acrescentar, e muito, mas é essencial que o educador tenha em mente que sua formação deve estar ligada ao dia a dia, à realidade. Isso é, deve extrapolar os ensinamentos teóricos.
A qualidade da formação continuada para professores não está ligada ao número de cursos feitos ou à quantidade de simpósios, congressos e reuniões em que participou, mas, sim, à capacidade de transformar o profissional em um mediador para os alunos.
O espaço da escola deve ser o ambiente de formação dos professores.

Opinião dos especialistas

Bernardete Angelina Gatti, diretora vice-presidente da Fundação Carlos Chagas, graduada em pedagogia pela Universidade de São Paulo e doutora em psicologia pela Universidade Paris 7.

Para saber qual formação de professores queremos, deveríamos antes saber para que educar e qual educação queremos?

Não tenho dúvida disso. Sem uma ideia projetiva da educação básica, discutir a formação de professores fica em cima de pressupostos, ou de alguns conhecimentos objetivos da formação dada atualmente, e daquilo que vem sendo colocado, de modo desarticulado, por vários segmentos da sociedade. Não reconhecemos e nem sempre percebemos como se manifestam os múltiplos olhares e discursos sobre a formação de professores e as demandas da escola. Em geral, ficamos nas grandes dicotomias, mas hoje a sociedade é muito mais heterogênea. Há variadas formas de requisitos para a educação e segmentos sociais que pensam de modo muito divergente.

Poderia dar exemplos?

Há segmentos que acham que a formação acadêmica, na educação básica, deveria centrar-se em dar ao aluno o necessário para trabalhar com conhecimentos científicos, matemáticos, com as questões da vida, da biologia. Defendem uma formação genérica, o que não quer dizer leve. Lembrando, em relação à discussão do currículo, que já tivemos em nossa história, nos anos 80, uma formação mais genérica, com um núcleo duro de disciplinas, mas com flexibilidade para preencher parte desse currículo com questões locais e regionais. Não foi adiante, pois a discussão não se resolveu. Há outros segmentos que defendem que a educação básica deveria ser eminentemente pragmática, ou seja, dar apenas aqueles instrumentos para a vida cotidiana, basicamente língua portuguesa e matemática útil – que trabalhe com aplicações, não a matemática acadêmica ou para formar o pensamento, a lógica. E outros que demandam uma revolução na formação, iniciando-se até mesmo na pré-escola, trazendo os dilemas de ponta do conhecimento para formação tanto de crianças como de jovens e adolescentes. E há outras. Por enquanto, o que está mais em pauta é a ideia de dar uma formação mais genérica, básica, culminando com uma formação mais literária e científica no ensino médio. Tem também outra posição, que propugna que haja um currículo diversificado a partir do ensino fundamental 2. Ou seja, os alunos que têm preferência por formação humanista teriam um currículo diversificado, diferente daqueles que mostram interesse por uma formação mais das ciências exatas, ou de tecnologias. Muitos acham que essa flexibilização deveria começar no 8º ou 9º anos, porque aí o adolescente já começa a manifestar suas motivações e preferências cognitivas.

Qual o melhor caminho?

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Pensei que, com a discussão da Base Nacional Comum, fôssemos chegar a um ponto de consenso, mas essas questões dos diferenciais não foram levantadas. Estamos sempre trabalhando em cima de um modelo já culturalmente incorporado às representações de certas lideranças, e não conseguimos sair disso para ver o conjunto de demandas e concepções presentes para achar um caminho intermediário. As discussões se polarizaram demais.

A Base chega meio atropelada?

Chega sem trazer um pensamento renovador. Precisaríamos pensar a estrutura curricular da educação básica de maneira mais criativa, nos liberando um pouco desses arcanos que existem na cultura desde o século 19. A proposta da educação infantil me parece que supera algumas concepções arraigadas sobre o trabalho com a criança. Mas não vejo isso nos outros segmentos, em que ficamos numa discussão de conteúdos disciplinares específicos. Esse pode ser um ponto de partida, mas não de chegada. Para avançar, seria preciso que grupos diferenciados entrem em um debate mais ampliado, vendo os modelos que daí surgiriam, e trabalhando sobre eles.
Silvana Tamassia da Elos Educacional escreveu sobre o assunto – silvanatamassia@eloseducacional.com

Quem forma o formador?

Formação continuada é inegavelmente uma necessidade nos dias atuais. As necessidades e demandas que a escola nos traz a cada dia exige de todos os envolvidos um processo de melhoria contínua para poder atender à diversidade que temos hoje em sala de aula e desenvolver um trabalho de qualidade.
Seja na escola pública ou nas escolas particulares, a responsabilidade pela formação continuada dos professores recai sobre o coordenador pedagógico. Mas a pergunta que muitos se fazem é: Quem forma este formador?
Se atribuímos aos coordenadores pedagógicos a função de formarem seus professores, precisamos também dar oportunidades para que desenvolvam as competências necessárias para esta tarefa, ou seja, as competências necessárias a um formador, seja para realizar as reuniões formativas com temas relevantes para a equipe, seja para observar as aulas e dar um feedback ao professor observado.
E quais seriam os principais desafios de um formador?
Podemos citar entre os principais desafios a necessidade de ter um olhar focado para o trabalho desenvolvido em sala de aula, buscando evidências sobre aquilo que é observado ou sobre os pontos de melhoria que a escola precisa desenvolver.
Encontrar evidências é um grande desafio para nós educadores. Em geral, costumamos olhar as coisas de maneira genérica e acabamos fazendo inferências com base em nossos conhecimentos prévios e no nosso ponto de vista.
Em geral, quando analisamos uma situação, fazemos um diagnóstico da escola ou observamos uma aula, precisamos sempre buscar o que temos de evidências concretas, ou seja, aquilo que realmente é possível ver e nos dar elementos para termos uma imagem real desta situação e, então, podermos pensar nas melhores ações e encaminhamentos para elas.
Vamos pensar num exemplo concreto para ajudar nesta reflexão:
Quais evidências podemos ter quando dizemos que os alunos não estão interessados nas aulas? Será que são todos os alunos? Costumamos fazer generalizações e não identificamos se são a maioria, se é um pequeno grupo, se o problema está em determinadas turmas, ou se , na verdade, o tipo de aula não está estimulando o interesse dos alunos. É muito importante entender melhor a situação para poder intervir sobre ela.
O primeiro passo para isso seria identificar que metodologias vem sendo utilizadas nas aulas para engajar os alunos. Para isso, é importante identificar evidências que podem ser encontradas, por exemplo, por meio da observação das aulas pelo coordenador pedagógico ou por um agente externo que possa dar um feedback ao professor sobre o seu trabalho colaborando para a qualificação das aulas. Assim, após observar as salas onde surgiram estas questões, e conversar com os professores para saber se o que foi observado realmente pode indicar as causas dessa situação, será possível entender se realmente é um problema de todas as turmas e então pensarem coletivamente em ações para mudar essa situação.
Fazer isso é um grande desafio e um exercício diário dentre tantos outros que esta função exige, mas vale a pena começar a pensar sobre ele! Assim, estaremos cada vez mais preparados para nos colocar neste papel de quem forma outros educadores, contribuindo com a melhoria contínua da educação.
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