sexta-feira, 8 de março de 2019

SALA DE AULA INVERTIDA: O QUE É, EXEMPLOS E COMO PÔR EM PRÁTICA

A sala de aula invertida, ou flipped classroom, é uma metodologia de ensino que fica embaixo do guarda-chuva do Ensino Híbrido. Ele mistura o on-line e o off-line como ferramenta para potencializar o trabalho do professor e o aprendizado dos alunos.

O contexto da sala de aula invertida


Imagine a seguinte cena: você chegando pra dar aula de manhã, seus alunos na sala, todo mundo já estudou em casa o tema de hoje. E os 45 minutos de aula? Bem, você usaria para fazer atividades, tirar dúvidas, fazer trabalhos, ou até mesmo trabalhar em cima de um projeto bimestral.
Meio estranha essa ideia né? Qual a chance disso funcionar em uma escola? E se a gente te contasse que já tem gente fazendo isso pelo Brasil e pelo mundo?!
prática de hoje vai te apresentar o conceito de Sala de aula Invertida e como você pode aplicá-la em sua escola.
Mas antes de partirmos para ação e reestruturarmos a forma como a aula acontece, vamos entender o que está por trás de tudo isso!

A teoria que está por trás da sala de aula invertida

O conceito de Sala de aula Invertida vem da ideia de se fazer em casa o que era feito em sala, por exemplo, assistir uma aula expositiva e fazer em sala o trabalho que era feito em casa, como: resolver problemas, fazer atividades, trabalhos escolares, projetos, etc.
Esse conceito começou a ser desenvolvido já na década de 90, com autores como Eric Mazur, em seu livro “Peer instruction: User’s manual” e Gregor Novak em “Just-in-time Teaching”, que trabalham com a ideia de que o aluno já deve vir preparado para a sala de aula, tendo esse primeiro contato com o tema em casa (não necessariamente com a ferramenta internet) para usar o tempo de aula com o objetivo de potencializar seu aprendizado.
No ano 2000, aliado a popularização da internet, o termo ganhou forças graças a J. Wesley Baker em seu trabalho “Flipped Classroom” apresentado na 11ª Conferência Internacional de Ensino e Aprendizagem Universitária, na Flórida.
A partir de então, universidades nos EUA, como Duke, Stanford, Harvard e Massachutsetts Institute of Tecnology, testaram e aprovaram a Sala de aula Invertida tornando-a uma tendência crescente em educação em vários países como Finlândia, Singapura, Holanda e Canadá (SCHMITZ, 2016).
Ainda de acordo com Elieser Schmitz (2016), no Brasil, algumas escolas e universidades já aplicam essa abordagem, como é o caso do Colégio Dante Alighlieri, das universidades UNIAMÉRICA, UNISAL, PUC do Paraná e Universidade Positivo.
O termo Sala de aula Invertida pertence a um guarda-chuva maior em educação, o Ensino Híbrido, ou também conhecido como blended learning (b-learning). Para Luísa Miranda (2005),
ensino híbrido “é uma combinação dos recursos e dos métodos usados face a face e online, com a qual se procura tirar partido das vantagens de qualquer um dos dois sistemas de aprendizagem”.
Segundo Christensen, Horn, e Staker (2013) no ensino híbrido, a Sala de aula Invertida surge como ferramenta para professores tradicionais engajarem seus alunos, sendo o modelo mais simples para dar início à implantação do ensino híbrido, dependendo apenas de um bom planejamento dos professores.
Existem vários modelos de ensino híbrido: os sustentados e os disruptivos. Os sustentados são conhecidos como: “rotação por estações”, “laboratório rotacional”, “rotação individual” e “sala de aula invertida”. Já os disruptivos são: “modelo flex”, “modelo à la carte”, “modelo virtual enriquecido”.

Invertendo a sua aula!

O processo de inversão da sala de aula exige do professor dois aspectos importantes: o primeiro um bom planejamento de aula, com uma sequência de didática bem estruturada conectando as habilidades e conteúdos a serem desenvolvidos na aula; o segundo, um olhar atento ao que já existe na internet de videoaulas, slides, textos, ou seja, materiais educativos.

#1 passo

O primeiro passo é estruturar os conteúdos que seriam passados em sala, num ambiente virtual, para que os alunos possam acessar no tempo deles, quando eles quiserem e quantas vezes eles quiserem.
Para isso, existem ferramentas já consolidadas no mercado, como o Sílabe, que é gratuito e te permite criar um ambiente inteiro de aprendizagem online conectando conteúdos externos (videoaulas, slides, textos) à plataforma.
Alguns professores da rede das Práticas já relataram que usam também outras plataformas como o Moodle e até mesmo Facebook para disponibilizar os materiais.

#2 passo

O segundo passo é fazer uma curadoria dos conteúdos já existentes na internet. Existem plataformas como Khan Academy e o YouTube que são verdadeiros pólos de bons vídeos educativos, que costumeiramente são rápidos, dinâmicos e, principalmente, curtos. Inclusive já fizemos um post no blog do Sílabe falando sobre os 5 melhores canais educacionais no YouTube.
Além de usar vídeos, é possível estimular as diferentes formas de aprendizado conectando outras fontes de conteúdo, como imagens, textos, slides, questões, etc.
Lembrando que caso você não encontre vídeos ou conteúdos na internet que te satisfaçam, é possível gravar-se em formato de vídeo ou áudio em ferramentas que existem no seu próprio celular!

#3 passo

Depois de estruturar o que os alunos aprenderão pela plataforma, é hora de planejar o que será feito no tempo de aula. Para isso, um bom roteiro de atividades, projetos, ou trabalhos que se conectem com o que o aluno viu pela plataforma é fundamental.
Na parte que falamos de alguns exemplos de diferentes áreas do conhecimento, traremos algumas experiências de professores que conseguiram fazer essa conexão, unindo o ambiente online e offline.
Por fim, é sempre importante lembrar que para dar certo, os alunos precisam acreditar que essa nova proposta vai ser boa para eles. Sem uma abertura ou engajamento efetivo deles, vai ser muito mais difícil obter bons resultados e ao invés de ajudar a nova metodologia passa dificulta a aprendizagem.
Um bom relacionamento entre o professor e os alunos é fundamental para quebrar essa primeira barreira de resistência à mudança. Afinal, inverter uma sala de aula exige não só a mudança de comportamento do professor, como também dos alunos que agora terão um papel ativo em sua aprendizagem.
É importante ter resiliência e flexibilidade nessa hora para conseguir equilibrar entre não insistir em um formato quando percebe que não vai render bons frutos e não desistir de algo que acredita ser melhor para os seus alunos.
Conheça a prática da professora Jorgelina Tallei sobre Podcasts e Sala de Aula Invertida!

 

Exemplos Práticos de Sala de Aula Invertida

Agora que conversamos sobre o contexto da sala de aula invertida, a teoria que está por trás e mostramos um passo a passo de como aplicar em sala de aula, vamos a exemplos ainda mais concretos para que você possa já aplicar amanhã a sala de aula invertida.

 

Invertendo uma aula de humanas

Como essa Prática é voltada para o ensino médio, traremos temas/ideias para esse público, mas sempre é possível aplicar a qualquer outro tipo de realidade, basta usar a criatividade!
Em uma aula de Gramática, por exemplo, sobre regras de acentuação. A professora Vanessa Bolina do colégio Objetivo Sorocaba, colocou um depoimento super legal no YouTube mostrando como organizou sua Sala de aula Invertida por meio do Sílabe.
Primeiro ela organizou na plataforma vídeos, textos, slides, etc. para que os alunos estudassem em casa sobre o tema. Depois, já em sala, ela fez uma revisão sobre o que foi visto num modelo interativo de pergunta e resposta, colocando todos os alunos na mesma página.
Em seguida, para promover ainda mais dinamismo na aula, ela trouxe um Quizz de acentuação para ser respondido em grupo. E por fim colocou uma atividade para ser respondida na plataforma.

 

Invertendo uma aula de exatas

Em uma aula de Física, sobre Movimento Uniforme, Velocidade Escalar Média, ou até sobre lançamento horizontal (e oblíquo) é possível levar os alunos a campo, num laboratório de ciências ou na quadra da escola para estudar esses fenômenos acontecendo.
Para isso, é preciso organizar na plataforma vídeos, textos, slides, etc. para que os alunos possam estudar em casa o tema da aula. Depois, fazer uma revisão sobre o que foi visto (retomando as fórmulas, conceitos, tirando dúvidas) com o objetivo de colocar os alunos na mesma página.
Para então, ir a campo observar e calcular esses fenômenos, utilizando ferramentas como fita métrica, cronômetro e câmera do celular.

 

Invertendo uma aula de biológicas

Também é possível trazer um modelo menos complexo de aula, trazendo somente o que seria feito em casa para a sala. Como por exemplo, numa aula de Biologia sobre genética. É possível utilizar recursos multimídia como vídeos, modelos 3D e animações para que os alunos consigam visualizar melhor como funciona a genética e utilizar o tempo de aula para fazer exercícios em grupo ou individualmente, tirar dúvidas, fazer uma revisão ou até mesmo montar grupos de estudos.

FONTE:  Sílabe Blog