ATENÇÃO,

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sexta-feira, 8 de novembro de 2019

APRENDER FAZENDO

Fazer e aprender para aprender fazendo. Mais que um jogo de palavras, é um processo do ensino e da aprendizagem muito em voga. Aprender fazendo (learn by doing) é botar a mão na massa e ser agente ativo em seu processo de desenvolvimento intelectual. A ideia é que, por meio da prática, a experiência educacional possa ser mais relevante. Também, que os educandos, estimulados pelo protagonismo da vivência prática, se demonstram mais engajados.
Assim, o resultado esperado é melhor compreensão e maior fixação dos conteúdos. Não é algo novo, mas apenas mais recentemente a inclusão dessa prática pedagógica vem ganhando mais espaço instituições de ensino. Só para ilustrar, filósofos e educadores já defenderam essa ideia: Platão, Aristóteles, Rousseau, Montessori e Freinet são expoentes.

Aprender fazendo e o método tradicional

learn by doing é uma proposta que pode ser complementar ou alternativa ao modelo tradicional de ensino (teórico, expositivo e passivo). Portanto, em ambos casos, o propósito de aprender fazendo é conseguir maior relevância à aprendizagem por meio da prática.
“Aprender fazendo” é um termo criado pelo educador e filósofo John Dewey (1938). De fato, ele reconhece no processo prático o caminho para potencializar as possibilidades e os resultados da educação, pelo envolvimento direto dos educandos nessa experienciação. Igualmente, Dewey acredita que a educação experiencial, por meio de um processo de reconstrução e reorganização dos resultados das vivências, influirá positivamente nas experiências futuras.
Mais recentemente, em 1984, o teórico educacional David Kolb retoma e amplia o conceito de “aprender fazendo” de John Dewey. Em sua teoria, o Ciclo de aprendizagem de Kolb, ele descreve o processo de aprendizagem experiencial como um ciclo contínuo com quatro estágios. Agir (experiência concreta), refletir (observação reflexiva), conceitualizar (conceitualização abstrata) e aplicar (experimentação ativa).
Enquanto John Dewey é reconhecido na educação de jovens (pedagogia), sinal dos tempos, David Kolb é considerado essencial na educação de adultos (andragogia). Inegavelmente, o reconhecimento dos dois americanos na academia e no mercado é notório. Dewey, mais em como auxiliar no processo de aprendizagem e, Kolb, pelo entendimento do comportamental humano ligado à aprendizagem.

5 boas razões para adotar vivências práticas na escola


1. RELEVÂNCIA

Aprender fazendo, evidencia aos estudantes os papéis da teoria e da prática. O porquê e o para quê das “coisas”. A explicação da aplicação prática das teorias torna mais compreensível o aprendizado. Também, as vivências preparam melhor os jovens para o mundo. Assim sendo, eles adquirem maior desenvoltura na hora de enfrentar desafios e resolver problemas.

2. ERRAR FAZ BEM

learn by doing é muito atual no quesito inovação. Uma premissa e princípio comuns a aprender fazendo e aos processos de inovação é que a curva de aprendizagem pode ser maior nos erros do que nos acertos. Aqui, se evidencia o papel fundamental dos professores, como mediadores e curadores dos conhecimentos e teorias. No mundo atual e no futuro, é essencial saber que se pode errar e falhar. O propósito dessa permissão é adquirir o conhecimento necessário para evitar, pelo menos, o mesmo erro ou falha no futuro. Esse é um processo criativo que resulta em alternativas criativas. Com toda a certeza, a escola é o espaço para isso tudo, para testar, errar, aprender e evoluir.

3. INTERDISCIPLINARIDADE

Transitar em várias áreas do conhecimento é uma vantagem desse processo pedagógico. De tal sorte que abordar e buscar a resolução de problemas conectando e integrando várias disciplinas é um pretendido diferencial. Os resultados da vivência prática e resolutiva por meio de conhecimento transdisciplinar são aulas mais dinâmicas, experienciação estimulante e maior absorção e fixação de conteúdos.

4. COOPERAÇÃO E COLABORAÇÃO

O futuro valoriza o trabalho conjunto. Então, saber cooperar e colaborar são habilidades fundamentais no presente e, muito mais, no futuro. Assim como, saber que o conhecimento tem mais valor quando é compartilhado. Aprender fazendo é experienciar o fracasso e transformá-lo em sucesso por meio da atuação integrada de todas as diferentes habilidades presentes em um grupo. É saber que a empatia é um desafio constante no processo de aprender, de conviver e de discutir soluções e alternativas com os colegas. A construção da autonomia e da independência de cada indivíduo anda junto e é resultado da vivência coletiva. Posto que o espírito de nosso tempo valoriza o desenvolvimento pessoal sem esquecer ou descartar o social, o espírito de coletividade e a diversidade e o respeito às diferenças.

5. AUTOESTIMA E CONFIANÇA

Desenvolver um projeto desde a ideação até a realização prática tem repercussão no íntimo dos indivíduos e é, em si, um valor intangível. Sem dúvida, docentes e educandos experimentarão o aumento da autoestima e da confiança ao aprender fazendo. Como mensurar o aumento e a evolução das capacidades analítica, crítica e argumentativa; das habilidades de gestão de recursos e de pessoas e da criatividade? Como avaliar o desenvolvimento intelectual e pessoal gerados pela flexibilidade em se aventurar pelo desconhecido, pelo novo? Quais os benefícios para a vida dos educandos pela confiança e coragem demonstradas em momentos de exposição, tensão e pressão? Em resumo, são capacidades, habilidades, atributos, benefícios e atitudes difíceis de serem mensuradas. Contudo, importantes e propósitos de aprender fazendo.

CRÉDITOS: DIÁRIO ESCOLA