quarta-feira, 4 de abril de 2018

DICA EI (Escola da Inteligência) PARA A SALA DE AULA: EXPOSIÇÃO DIALOGADA, A ARTE DA PERGUNTA.

Objetivos desta técnica: desenvolver a consciência crítica, promover o debate de ideias, estimular a educação participativa, superar a insegurança, debelar a timidez, melhorar a concentração.
Outra ferramenta espetacular para transformar o solo árido da sala de aula num canteiro de flores é a exposição dialogada, executada pela arte da pergunta. Na exposição interrogada, o professor questiona o conhecimento sem perguntar, na exposição dialogada ele faz inúmeras perguntas aos alunos. As duas técnicas se complementam. Vejamos.
Através da arte da pergunta, o professor estimula mais ainda o estresse positivo da dúvida. Ele cativa a atenção dos alunos e penetra no território da emoção e no anfiteatro de suas mentes. O conhecimento pronto estanca o saber e a dúvida provoca a inteligência (Vigotsky, 1987). Todos os grandes pensadores foram grandes perguntadores. As grandes respostas emanaram das grandes perguntas.
Em qual época é mais fácil aprender? Na infância! Por quê? Porque ela é a fase em que mais perguntamos e abrimos as janelas da nossa mente. As crianças aprendem línguas com facilidade, não apenas porque estão menos entulhadas de informações na memória, mas porque são perguntadoras, interagem mais. Por que é mais fácil aprender uma língua diferente no país de origem dessa língua?
O grande motivo é quando se vai para um outro país, se passa vergonha, enfrenta-se dificuldades. Nesta hora os diplomas e o status social quase não têm valor. É preciso quebrar a cara para construir uma rede de relacionamentos e sobreviver. Para isso, precisamos perder o medo de perguntar. Esta situação nos estressa e abre de maneira espetacular os arquivos da memória, facilitando o aprendizado.
Quando uma pessoa para de perguntar, ela para de aprender, para de crescer. Em que época os cientistas produzem suas ideias mais brilhantes? Na maturidade ou quando ainda são imaturos? Quando imaturos, porque duvidam, se estressam e perguntam mais. Einstein propôs a teoria da relatividade com 27 anos. Depois que os cientistas recebem títulos e aplausos, surgem os problemas. Os mesmos títulos e louvores que os reconhecem podem se tornar o veneno que os mata como pensadores (Cury, 2002). Muitos se tornam estéreis.
Hoje, meus livros estão sendo publicados em mais de quarenta países. Por ser pesquisador dos bastidores da mente, estou preocupado, pois mesmo que não queira eu sei que esse sucesso já causou algum estrago em meu inconsciente.
Preciso estar alerta, me reciclar e me esvaziar continuamente, para continuar sendo um engenheiro de novas ideias. Você deixou de aprender ou continua um voraz aprendiz? Muitos não percebem que deixaram de pensar…
Um professor fascinante deve fazer pelo menos dez perguntas para os alunos durante o tempo de uma aula. Deve primeiro fazer a pergunta para toda a classe. A pergunta já estressa positivamente os alunos e melhora a concentração.
Se ninguém se atrever a responder, ele deve chamar um aluno pelo nome e perguntar-lhe. Independentemente da resposta, o aluno deve ser elogiado pela sua participação. Os alunos mais arredios são conquistados com este procedimento.
Viajando para dentro de si mesmos
A arte da pergunta gera pensadores brilhantes nas faculdades de medicina, direito, engenharia, pedagogia. Mas ela deve ser iniciada na pré-escola. Depois de um ano da arte da exposição interrogada e dialogada, os alunos perdem o medo de se expressar, aprendem a discutir as ideias e se tornam grandes viajantes. Como assim?
Aprendem a viajar para dentro de si mesmos, aprendem a perguntar porque estão angustiados, ansiosos, irritados, solitários, amedrontados. Aprendem não apenas a questionar o mundo de fora, mas também a fazer uma mesa-redonda com eles mesmos.
Quando treino psicólogos para atendimento clínico, sempre lhes falo sobre a grandeza dessa mesa-redonda interior. Quem é capaz de fazer este autodiálogo reedita o filme do inconsciente mais rápida e eficientemente.
Não basta um paciente fazer psicoterapia. Ele tem de ser autor da sua história, tem de aprender a intervir em seu próprio mundo. Mas, infelizmente, raras vezes as pessoas penetram em seu mundo, mesmo no meio médico. Quando o mundo nos abandona, a solidão é tolerável, mas quando nós mesmos nos abandonamos, a solidão é quase insuportável.
A arte da pergunta faz parte da educação dos nossos sonhos. Ela transforma a sala de aula e a sala da nossa emoção num ambiente poético, agradável, inteligente.