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segunda-feira, 17 de junho de 2019

COMO TRANSFORMAR PAIS OU RESPONSÁVEIS EM FORTES ALIADOS

Crie uma comunidade reflexiva levando assuntos de interesse coletivo às reuniões com as famílias

Muitas das escolas que contam com a presença de um orientador educacional definem que uma das atribuições essenciais desse profissional é atuar como mediador de conflitos entre alunos, professores e família. Ou seja, como responsável por acompanhar e ajudar os estudantes em questões de relacionamento, dificuldades de aprendizagem e tudo mais que diz respeito a valores, atitudes e emoções.

Para tanto, o orientador educacional precisa manter um contato permanente com os alunos, realizando reuniões com cada classe para mapear problemas, dar suporte, negociar e planejar ações preventivas. Ao mesmo tempo, cabe a ele organizar encontros com os pais para mantê-los informados sobre a vida escolar dos filhos. Porém é comum esses eventos serem pautados por dois temas recorrentes: o desempenho escolar insatisfatório e a falta de disciplina dos jovens. Os pais são informados sobre lições de casa não feitas, faltas às aulas, atitudes "bagunceiras" e "desrespeitosas" em brigas com os colegas etc. A família é colocada numa posição delicada porque geralmente é responsabilizada pelos problemas atitudinais ocorridos na escola. Espera-se, muitas vezes sem resultado positivo, que os pais resolvam a questão, coloquem os filhos de castigo ou os convençam a ser "bons" alunos.

Essas reuniões seriam mais produtivas se tivessem outros objetivos. Mais importante do que atender aos pais de forma individualizada é reuni-los em contextos coletivos para falar de assuntos de interesse geral. Assim, é possível ajudá-los a entender, por exemplo, as intenções do projeto político pedagógico e como elas são traduzidas no cotidiano escolar; o motivo da adoção de livros didáticos e paradidáticos; ou ainda os desafios que os alunos enfrentarão em cada nível de ensino. Quando compreendem o sentido das experiências propiciadas pela escola, os pais se fortalecem e se tornam mais críticos e capazes de identificar se aquilo que a escola defende como ação formativa vai ao encontro dos valores familiares. Uma das ações mais promissoras para a formação de uma comunidade reflexiva é a realização de encontros que visam à problematização de questões que despertam preocupação e interesse por parte da comunidade.

Cada grupo tem de definir os assuntos de discussão em função das suas demandas. Temas como consumo, internet, alimentação, sociabilidade, bullying, sexualidade, drogas, violência e separação dos pais, quando tratados abertamente, revelam sua complexidade. Muitas famílias relatam a dificuldade de abordar esses assuntos com os filhos e definir limites em relação aos combinados da vida doméstica, como uso do computador, saídas para festas, horários de estudo e de retorno para casa etc.

Os encontros são frutíferos quando permitem uma comunicação transparente entre pais e professores. Especialistas de outras áreas de conhecimento são bem-vindos desde que não imponham sua opinião, mas trabalhem em conjunto com o grupo, levantando preocupações e pensando em possíveis soluções. Assuntos complexos não são compreendidos e resolvidos de forma simples. Por isso, uma comunidade de pais reflexiva vira uma forte aliada da escola.