Quem disse que o aluno nota 10 em matemática é mais inteligente que o outro que equilibra uma bola com maestria? Há tempos, a ciência questiona os métodos para se avaliar as capacidades humanas. Para Howard Gardner, psicólogo conhecido como “pai das inteligências múltiplas”, existem oito tipos de brilhantismo – e todos são importantes para a sociedade.
De acordo com o psicólogo, a inteligência é a capacidade de elaborar produtos que sejam valorizados em um ou mais ambientes culturais ou comunitários, um conjunto de habilidades que permitem que se resolva problemas e o potencial de encontrar ou criar soluções para problemas, o que envolve adquirir novos conhecimentos.
Ele descreveu inicialmente sete tipos de inteligência. Posteriormente, foram adicionadas à lista original as inteligências “naturalista” e “existencial”:
Inteligência linguística e verbal: É uma sensibilidade para os sons, ritmos e significados das palavras, além de uma especial perceção das diferentes funções da linguagem. É a habilidade para usar a linguagem para convencer, agradar, estimular ou transmitir ideias. Como exemplos de pessoas que destacaram nesta inteligência temos Tagore, Pessoa, Jorge Amado, Neruda, Jiménez, Camões, etc.
Inteligência musical: Habilidade para apreciar, compor ou reproduzir uma peça musical. Inclui discriminação de sons, habilidade para perceber temas musicais, sensibilidade para ritmos, texturas e timbre, e habilidade para produzir e/ou reproduzir música. Destacados músicos como Bach, Mozart, Tagore, Vivaldi ou Verdi tinham muito elevada esta inteligência.
Inteligência lógico-matemática: Sensibilidade para padrões, ordem e sistematização. É a habilidade para explorar relações, categorias e padrões através da manipulação de objetos ou símbolos, e para experimentar de forma controlada; é a habilidade para lidar com séries de raciocínios, para reconhecer problemas e resolvê-los. É a inteligência característica de matemáticos e cientistas, como Einstein, Newton, Bento de Jesus Caraça ou Madame Curie.
Inteligência espacial: Capacidade para perceber o mundo visual e espacial de forma precisa. É a habilidade para manipular formas ou objetos mentalmente e, a partir das perceções iniciais, criar tensão, equilíbrio e composição, numa representação visual ou espacial. Destacaram nesta inteligência o arquiteto António Palácios, o pintor Picasso, Michelangelo, Niemeyer ou o nosso escultor Faílde.
Inteligência cinestésica: Habilidade para resolver problemas ou criar produtos através do uso de parte ou de todo o corpo. É a habilidade para usar a coordenação grossa ou fina em desportos, artes cénicas ou plásticas no controle dos movimentos do corpo e na manipulação de objetos com destreza. Os grandes esportistas (Messi, Nadal, Pelé) destacam neste tipo de inteligência.
Inteligência interpessoal: Esta inteligência pode ser descrita como uma habilidade pare entender e responder adequadamente a humores, temperamentos, motivações e desejos de outras pessoas. Gandhi, Tagore, Luther King e Mandela destacavam neste tipo de inteligência.
Inteligência intrapessoal: Esta inteligência é a habilidade para ter acesso aos próprios sentimentos, sonhos e ideias, para discriminá-los e lançar mão deles na solução de problemas pessoais. Com este tipo de inteligência destacaram Confúcio, Buda, Jesus ou a Madre Teresa de Calcutá.
Inteligência naturalista: Este e o seguinte modelos de inteligência foram incorporados posteriormente por Gardner. A naturalista tem muito a ver com o desfrute do ser humano de todo aquilo que envolve a natureza. Entre os que destacaram neste tipo de inteligência temos Darwin, Mendel e mesmo Francisco de Assis.
Inteligência existencialista: Podíamos relacioná-la mesmo com a afetiva e emocional. É própria de pessoas que desfrutam ajudando os demais. Tagore, Gandhi, Dalai Lama, João XXIII e o Papa atual Francisco estariam dentro dos que destacam nesta inteligência muito relacionada com os sentimentos positivos e do amor ao próximo.
“Há infinitas nuances. Pablo Picasso, por exemplo, foi um gênio na pintura, porém, um péssimo aluno”, conta Gardner em entrevista para a revista Veja.
Segundo ele, a ciência já reuniu evidências suficientes para concluir que a inteligência é resultado de dois fatores: a genética e a experiência pessoal de cada um. Ainda não se sabe qual dos dois tem maior peso, embora algumas habilidades, como raciocínio lógico e talento para a música, sofram mais influência da genética.
Todas as pessoas nascem com o potencial das oito inteligências, porém em condições ambientais (amigos, família, localidade), elas recebem estímulos para o desenvolvimento de apenas uma ou duas inteligências.
“Ao estudar trinta grandes gênios de áreas distintas, descobri uma característica em comum entre eles: são pessoas que exibem um conjunto de pelo menos dois tipos de inteligência que se sobressaem”, declara o especialista.
Na escola, por exemplo, as crianças são estimuladas a desenvolver, quase que exclusivamente, as inteligências linguística e lógico-matemática, o que traz um debate sobre a necessidade de mudança no paradigma educacional.
CRÉDITOS: Supera Neroeducação