segunda-feira, 2 de outubro de 2017

O RISCO DA DESPROFISSIONALIZAÇÃO DO PROFESSOR

Já me perguntaram se eu tenho medo que, com o passar do tempo e o avançar da tecnologia, os professores percam “seu lugar” (já não muito definido e valorizado) na sala de aula. Pensei… respondi e reafirmo que não, isso não me preocupa. Vou explicar porquê e o que realmente me incomoda!
O trabalho do professor é bastante subjetivo para ser substituído por um canal de vídeos explicativos de conhecimentos técnicos ou plataformas virtuais por si só. Acredito que a interação seja essencial para o processo de construção de conhecimentos, para o processo de compreensão e troca. Ainda mais se estivermos falando dos anos iniciais! Como entender as necessidades de cada aluno para que ele avance em um meio “virtual”? Ainda há muito que se entender sobre interação e virtualidade para que isso aconteça.
Mesmo que seja uma ameaça real, e passo a passo as escolas sejam esvaziadas, isso não me assusta (seria, é claro, uma grande decepção), mas sabe o que me assusta? A desprofissionalização do professor. Sim. É essa mania das prefeituras desconfiarem do trabalho do professor, de suas capacidades e de sua inteligência. Não nos remuneram bem, beiram não exigir graduação (e só posso supor que seja porque acham que “ensinar” na educação básica não seja importante, ou seja, fácil demais) e daí decidem desconfiar no final do processo. Ficam nos testando com provas, nos bonificando por desempenhos mascarados…
Assusta que a autonomia do professor em decidir qual a melhor estratégia de ensino esteja sendo ameaçada pela entrada de materiais apostilados com didáticas pré-formuladas, que são quase receitas a serem seguidas. E os alunos que não acompanham? “O mais forte sobrevive”, eu diria com pesar.
Pergunte se esse sistema educativo está preocupado com a formação de seres humanos plenos?Quiçá o nossos Sistemas Politico e Econômico. Não, ele está preocupado em colocar várias crianças dentro do mesmo espaço físico e fingir que isso é oferecer educação de qualidade. Para quê o professor trabalhará com afetividade, entenderá sobre o desenvolvimento humano, sobre processos mentais, sobre autonomia e política?
Professores malabaristas pegam suas apostilas com “receitas do dia” e tentam enfincar conhecimento de verdade ali: o preparo pra SER humano.
Isso é o que me preocupa. Que tenhamos que agir silenciosamente, e com sacrifícios, se quisermos educar de verdade.