quinta-feira, 1 de agosto de 2019

COMO VOCÊ PLANEJA TRABALHAR AS DIFICULDADES DA TURMA NO PRÓXIMO SEMESTRE?

O que fazer quando se constata que algumas crianças não aprenderam o esperado no tempo previsto? Confira ações para ajustar o ensino às necessidades dos alunos

No post da semana passada, conversamos sobre a importância da escuta sensível para entender como as crianças significam as experiências escolares e como essas perspectivas podem ser consideradas no replanejamento do trabalho pedagógico. Hoje, vamos falar sobre o que fazer quando se constata que algumas crianças não aprenderam o esperado no tempo previsto.

Recentemente, recebi um pedido de ajuda de uma professora que enfrenta esse problema. Sua ideia para reverter esse quadro no próximo semestre é realizar um plano de apoio pedagógico para sua turma do 5º ano, que tem estudantes com baixo nível de letramento. O segundo semestre é realmente uma grande oportunidade para realizar esse trabalho.

Para ajustar o ensino às necessidades das crianças, essa docente vai instituir três ações estratégicas de julho a setembro em parceria com a coordenação pedagógica (aqui na Bahia, nós voltamos às aulas em meados de julho e a ideia é que as atividades de apoio sejam iniciadas logo após o retorno do período letivo):

1) Orientar a atuação de alunos tutores, com o objetivo de que os alunos que já leem com fluência e escrevem com autonomia possam auxiliar os colegas com dificuldades nesse processo. Para isso, no próprio turno das aulas, a professora prevê organizar atividades semanais permanentes com duração de uma hora. Elas serão simultâneas e diversificadas, como cantos de leitura, revisão de texto no computador (veja aqui uma ideia de como desenvolver essa prática) e pesquisa na internet relativas à assuntos abordados em sala. Nesse último tópico, as crianças podem aprender também procedimentos de busca qualificada como uso de palavras-chave para pesquisa e seleção de fontes confiáveis.

2) Em parceria com outras docentes, serão oferecidas (também semanalmente) três oficinas simultâneas de Língua Portuguesa para atender as crianças de 4º ano e 5º ano sobre os temas: produção de texto, leitura de textos difíceis e ortografia. As oficinas acontecerão em período de aula normal.

3) Para os alunos com maior dificuldade, a proposta é realizar atendimentos em pequenos grupos (ou até individuais, se necessário) duas vezes por semana no contraturno, procurando dar base para que estes estudantes possam acompanhar o conteúdo previsto para a sala naquele ano.

Para o replanejamento, vale a pena destinar tempo para leitura sobre a temática. Apresento aqui algumas que considero que podem enriquecer esse momento. Gimeno Sacristán, no livroO aluno como invenção, destaca dois princípios que reconheço como inspiradores de qualquer plano pedagógico: ter confiança no sujeito que aprende e, dessa forma, apostar nele; e todo estudante pode progredir. No mesmo caminho, mais conexões podem ser feitas com outros autores contemporâneos.

Telma Weisz, por exemplo, nos ajuda a enfrentar a questão no livro O diálogo entre o ensino e a aprendizagem e reitera que é preciso reorganizar as situações de ensino para atender as especificidades de aprendizagem. Segundo a autora , na sala de aula é preciso considerar a diferença como vantagem pedagógica e apostar na interação entre as crianças. Mas os agrupamentos na classe e fora da classe, para serem produtivos, devem ser flexíveis e temporários.

Já Javier Onrubia, no artigo Ensinar: criar zonas de desenvolvimento proximal e nelas intervir(encontrado no livro O construtivismo na sala de aula), tematiza a intervenção pedagógica como ajuda, que precisa ser ajustada e flexível às necessidades das crianças.

Caro professor, qual será o cenário na sua sala de aula no segundo semestre? Como tem sido feito esse planejamento? Que atividades pretende realizar para trabalhar as atividades da turma? Compartilhe as suas inspirações e contribua para o trabalho dos nossos colegas.

Um abraço e até semana que vem,
Neury

CRÉDITOS: Nova Escola