terça-feira, 13 de dezembro de 2016

A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO DOS ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL I

A contação de histórias faz parte da vida de crianças e adultos, visto que ouvimos contos desde muito cedo pelos pais, avós, colegas, etc. E estes, incentivam a imaginação, a curiosidade, o prazer e a vontade de querer ouvir mais, bem como o despertar para novos saberes e compreensões acerca do mundo em que vivemos. A criança interpreta o mundo e compreende melhor suas emoções a partir das narrativas que ouve e isso vai lhe permitindo a construção de sua personalidade.
As narrativas são importantes na formação das crianças, ou seja, são entendidas como o princípio, o início da aprendizagem. “[...] O destino da narração de contos é o de ensinar a criança a escutar, a pensar e a ver com os olhos da imaginação”. (ABRAMOVICH, 1997 p.23) As narrativas orais podem muitos bens propiciar ao educando, vai depender de como vamos narrá-las. Ressaltando que, ao fazer a criança imaginar já se está aguçando o gosto pela leitura, do mesmo modo, a curiosidade de conhecer profundamente a história. Porém se sabe que nem todos os professores adotam esse víeis, por julgarem trabalhoso, visto que se exige pesquisa sistemática e planejamento, porque não se pode fazer uma contação de forma aleatória, sem ao menos ter seus objetivos pré-definidos.
Este recurso didático-pedagógico acaba sendo negligenciado nas séries iniciais do Ensino Fundamental, justamente pela necessidade de compreensão e articulação ao processo de alfabetização e letramento. Muitas vezes, a contação fica restrita à Educação Infantil, contribuindo para despertar o gosto pela leitura, mas sendo substituído por atividades mecânicas e tradicionais.
Partindo do pressuposto de que narrar histórias é caminhar para novas descobertas, se faz necessário ter essa percepção:

Uma história é um espaço de múltiplas possibilidades que desperta a curiosidade e nos dá o prazer de ouvir e viajar na brincadeira de fingir, no faz-de-conta de bruxas malvadas e invejosas, de princesas meigas e incrivelmente belas, de heróis que lutam contra forças sobrenaturais.Nessa luta, do bem contra o mal, do certo contra o errado, as crianças se descobrem e aprendem a superar medos e enfrentar desafios, descobrindo e dialogando com o mundo. (LISBOA, 2010, p. 14)

Diante do explicitado, é viável que o professor das séries iniciais do Ensino Fundamental faça uso da contação de histórias nas suas ações pedagógicas, tenha a percepção que poderá promover uma melhor aprendizagem para seus educandos, tendo em vista que as mesmas dispõem de variados conhecimentos. “[...] ler ou ouvir narrativas é como abrir janelas, e elas se abrem para novos mundos, novas possibilidades e novas experiências”. (LISBOA, 2010, p. 13) Ressaltando que nas narrativas devem manter sua essência, mas, por meio delas pode trabalhar as dificuldades dos alunos de um modo bem dinâmico e interativo.
Por exemplo, se a criança está na etapa de conhecer as letras, o professor pode levar para sala de aula um conto que as trabalhe e, a partir do conto, desenvolver outras atividades que propicie ao educando a apropriação destas, lembrando que as atividades propostas devem ser feitas e pensadas de modo que não prejudique a essência do conto, deve-se pensar em atividades que prolonguem a gostosura, o prazer e o encantamento pelo mesmo. Se o educador agir nessa perspectiva, o aluno nunca perderá o prazer pela escuta de histórias, bem como passará a desenvolver o gosto pela leitura e a curiosidade em conhecer outros contos.
Uma condição muito importante é que o educador conheça as histórias que almeja trabalhar, seja um bom leitor e principalmente que goste, só assim será capaz de tocar seus ouvintes, no caso seus alunos. O ato de narrar contos não é tão simples quanto parece, pois exige toda uma postura e conhecimento, envolvendo também as expressões corporais, o uso harmônico da voz entre outros. O professor precisa estudar o conto para poder executar as ações que se pede nele, como também a interpretação e a ação dos personagens que deverão contagiar e conduzir o ouvinte a viver a história.Com sensibilidade e proximidade, educar será uma ação de dentro para fora, virá do aluno não haverá imposições. Eles poderão se descobrir, se ver, perceber o mundo e se perceber no mundo. Faça-os pensar, imaginar, questionar, ler além de palavras e, assim, estaremos contribuindo para que percebam o que está ao redor e se apropriem do conhecimento. (LISBOA, 2010, p. 18)
É sabido que as narrativas são de cunho formativo e os educadores do Ensino Fundamental podem estar aderindo a essa metodologia. Poderão estar relacionando os conteúdos trabalhados com as narrativas, possibilitando aos uma maior motivação e compreensão.

A contação de histórias é uma estratégia que pode favorecer de maneira significativa a prática docente [...]. A escuta de histórias estimula a imaginação, educa, instrui, desenvolve habilidades cognitivas, dinamiza o processo de leitura e escrita, além de ser uma atividade interativa [...] (BERNARDINO; SOUZA, 2011, p.236, 2011).

Sendo assim, a contação de histórias é entendida como um elemento riquíssimo que pode aflorar no aluno experiências positivas acerca da leitura e, consequentemente, irá conduzindo-o prazerosamente ao ato de ler, de modo que venha a tornar-se um leitor assíduo. O contato com os contos também é um estímulo à interação entre aluno e professores, o que também é positivo no processo de aquisição de leitura e escrita, tendo em vista que quanto mais confortável o aluno se sentir diante do professor, mais aprenderá e se pronunciará nas aulas passando a expor suas compreensões e percepções. Nessa perspectiva, o ensino e a aprendizagem vão se efetivando na vida da criança, do mesmo modo, vai deixando-a mais estimulada mediante as novas descobertas, aos novos conhecimentos.
As narrativas em sala de aula são ótimas ferramentas para o desenvolvimento da subjetividade das crianças, o conto permite que esta experimente emoções, vivencie-as em sua fantasia, sem que precise passar pelas mesmas situações na realidade, além disso, a história oferece a criança uma nova forma de pensar sobre os seus sentimentos difíceis, sentimentos dolorosos ou intensos demais (como um luto, o nascimento de um irmão, a adaptação escolar, etc.). (BERNARDINO; SOUZA, 2011, p.243).

A criança durante a escuta das narrativas se transporta para a história, imagina superando desafios, dores, tristezas sem que necessariamente, precise passar por elas na realidade. Todavia, se em algum momento de sua vida vier a passar, isso se dará de forma mais elaborada, visto que vivenciara isso nas narrativas. Essa experiência vivida pela criança a tornará mais resistente as situações do cotidiano que surgirem. Essas percepções quanto ao ato de narrar propiciam muito ao educador das séries iniciais do Ensino Fundamental, o prepara para a prática docente de forma mais eficiente, e para que isso se funde de forma significativa ao educando, o professor deve: “[...] no momento da narração da história o professor/contador de histórias necessita de uma diversidade de material (contos maravilhosos, fábulas, lendas, mitos, poesias, adivinhas e livros de imagens) adequado a sua faixa etária”. (BERNARDINO; SOUZA, 2011, p.245-246).

É de suma importância que o contador tenha um acervo variado, assim terá muito mais para propor para seus educandos. E nesse processo, é imprescindível ao contador/ educador conhecer, fazer leituras prévias do que se deseja contar, que consigas de fato atingir o ouvinte, de modo que desperte no mesmo questionamentos, descobertas e curiosidades com relação aos personagens, as ações que desenvolvem e até mesmo a forma escrita do texto, facilidades e dificuldades encontradas nas palavras ditas e posteriormente mostradas na história. Podendo ele também propor o que cada um faria na posição de cada personagem e o seu entendimento acerca do conto
(Fragmento do artigo)


FONTE: http://fedathi.multimeios.ufc.br/chec/2015/anais/Eixo1/A%20IMPORT%C2NCIA%20DA%20CONTA%C7%C3O%20DE%20HIST%D3RIAS%20NA%20ALFABETIZA%C7%C3O%20E%20LETRAMENTO%20DOS%20ALUNOS%20DO%20ENSINO%20FUNDAMENTAL%20I.pdf