sábado, 10 de dezembro de 2016

O AMBIENTE FORMATIVO NO CICLO DE ALFABETIZAÇÃO

Por Maria Isabel Leite

Toda escola, independentemente do segmento em que atue, ou da proposta que assuma, deve preocupar-se em estruturar e consolidar um ambiente formativo – ambiente este que passa não só pelo espaço físico claro e arejado, sua organização e mobiliá- rio, configurando-se como um espaço escolar acessível, inclusivo, com oferta quantitativa de material e equipamentos variados e de qualidade; mas também pelas relações ali engendradas. O ambiente formativo é também um ambiente saudável, acolhedor, que busca atender às diferentes necessidades e desejos de todos aqueles que por ali circulam e atuam, não apenas favorecendo as trocas e descobertas, mas, sobretudo, impulsionando os processos de apropriação e de produção de sentidos e significados. Neste sentido, os diferentes espaços escolares são percebidos como parte deste ambiente maior: o pátio, a biblioteca, as salas de aula, a horta, a sala de informática ou de recursos – em outras palavras, é o conjunto dos diversos espaços somados às tramas relacionais ali tecidas que constitui, no caso das escolas, seu ambiente formativo geral. Uma vez que a escola e/ou rede assuma o Ciclo da Alfabetização, é importante sublinhar que, destacando-se neste espaço mais amplo, a sala de aula se caracteriza como ambiente privilegiadamente alfabetizador. Exatamente por acolher as crianças que estão mais imersas no processo de apropria- ção e produção da escrita e da leitura, é importante entendermos esta sala de aula como espaço impregnado do material impresso que nos envolve cotidianamente, explicitando a função social da escrita: desde livros de literatura, revistas em quadrinhos, jornal, poesias, recados e letras de música, até painéis de propaganda, embalagens de produtos etc. As palavras e letras, textos em prosa e verso, estão espalhados em diversos suportes e veículos, e a todo o momento nos provocam, informam, escandalizam, emocionam, aproximam, entristecem, ensinam, entre tantas outras possibilidades. Colocar a criança em estreito contato com o mundo da leitura e da escrita é ampliar e qualificar seu acesso a todas as variadas formas narrativas. Neste sentido, a sala de aula do Ciclo da Alfabetização deve comportar livros diversos em quantidade e qualidade para a explora- ção da literatura como atividade permanente – criar “cantinhos de leitura” costuma ser uma boa estratégia para isso. A sala de aula deve também oferecer jogos e brincadeiras que favoreçam o processo de apropriação do sistema alfabético de escrita e do sistema numérico decimal – estimulando a curiosidade, o prazer, o poder de partilha e argumentação, a descoberta e a ludicidade de meninos e meninas. Deve, ainda, ter mobiliário adequado ao tamanho das crianças, que possa ser arrumado de forma a viabilizar tanto propostas individuais, quanto em pequenos e grandes grupos, de maneira a acolher os múltiplos agrupamentos em sala de aula, bem como atividades diversificadas para atendimento às diferentes necessidades de cada integrante da turma e, ainda, atividades variadas que deflagrem experiências de aprendizagens diversas. De modo geral, sua atmosfera deve congregar a pluralidade de identidades infantis ali presentes, fomentando a percepção de pertencimento nas meninas e meninos da turma, colocando-se como espaço que reconhece e sublinha a importância do desenvolvimento da expressão autônoma e autoral de todos os sujeitos nela envolvidos em suas múltiplas linguagens. É importante, ainda, ressaltar que nesse “todos” incluemse as crianças com baixa acuidade visual, auditiva, motora e intelectual, permanente ou temporária, bem como aquelas com dificuldades de aprendizagem – sempre na busca de formas significativas de inserção das mesmas nas atividades planejadas. São estas questões que serão mais detidamente abordadas nos três textos que compõem esta publicação, entendendo que nenhum dos três se propõe a ser um manual ou a ditar regras e normas de organização espacial irrefutáveis. Espero que vocês possam lê-los e problematizá-los à luz de sua realidade.

FONTE: http://cdnbi.tvescola.org.br/resources/VMSResources/contents/document/publicationsSeries/15263103_OambienteformativonoCiclodeAlfabetizacao.pdf



Foto: Google imagem

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Investir na infra-estrutura pode fazer toda a diferença: Crianças menores precisam de mesas e cadeiras mais adequadas ao seu tamanho tanto como de espaços específicos para brincar, exercitar-se e desenvolver-se corporalmente para, assim, aprender sempre mais.
(http://novaescola.org.br/conteudo/2890/o-direito-de-aprender)