Por Maria Isabel Leite
Toda escola, independentemente do segmento
em que atue, ou da proposta que
assuma, deve preocupar-se em estruturar e
consolidar um ambiente formativo – ambiente
este que passa não só pelo espaço físico
claro e arejado, sua organização e mobiliá-
rio, configurando-se como um espaço escolar
acessível, inclusivo, com oferta quantitativa
de material e equipamentos variados
e de qualidade; mas também pelas relações
ali engendradas. O ambiente formativo é
também um ambiente saudável, acolhedor,
que busca atender às diferentes necessidades
e desejos de todos aqueles que por ali
circulam e atuam, não apenas favorecendo
as trocas e descobertas, mas, sobretudo, impulsionando
os processos de apropriação e
de produção de sentidos e significados. Neste
sentido, os diferentes espaços escolares
são percebidos como parte deste ambiente
maior: o pátio, a biblioteca, as salas de aula,
a horta, a sala de informática ou de recursos
– em outras palavras, é o conjunto dos diversos espaços somados às tramas relacionais
ali tecidas que constitui, no caso das escolas,
seu ambiente formativo geral.
Uma vez que a escola e/ou rede assuma o
Ciclo da Alfabetização, é importante sublinhar
que, destacando-se neste espaço mais
amplo, a sala de aula se caracteriza como
ambiente privilegiadamente alfabetizador.
Exatamente por acolher as crianças que estão
mais imersas no processo de apropria-
ção e produção da escrita e da leitura, é
importante entendermos esta sala de aula
como espaço impregnado do material impresso
que nos envolve cotidianamente, explicitando
a função social da escrita: desde
livros de literatura, revistas em quadrinhos,
jornal, poesias, recados e letras de música,
até painéis de propaganda, embalagens de
produtos etc. As palavras e letras, textos em
prosa e verso, estão espalhados em diversos
suportes e veículos, e a todo o momento nos
provocam, informam, escandalizam, emocionam, aproximam, entristecem, ensinam,
entre tantas outras possibilidades. Colocar a
criança em estreito contato com o mundo
da leitura e da escrita é ampliar e qualificar
seu acesso a todas as variadas formas narrativas.
Neste sentido, a sala de aula do Ciclo da Alfabetização
deve comportar livros diversos
em quantidade e qualidade para a explora-
ção da literatura como atividade permanente
– criar “cantinhos de leitura” costuma
ser uma boa estratégia para isso. A sala de
aula deve também oferecer jogos e brincadeiras
que favoreçam o processo de apropriação
do sistema alfabético de escrita e do
sistema numérico decimal – estimulando a
curiosidade, o prazer, o poder de partilha e
argumentação, a descoberta e a ludicidade
de meninos e meninas. Deve, ainda, ter mobiliário
adequado ao tamanho das crianças,
que possa ser arrumado de forma a viabilizar
tanto propostas individuais, quanto em
pequenos e grandes grupos, de maneira a
acolher os múltiplos agrupamentos em sala
de aula, bem como atividades diversificadas
para atendimento às diferentes necessidades
de cada integrante da turma e, ainda, atividades variadas que deflagrem experiências
de aprendizagens diversas.
De modo geral, sua atmosfera deve congregar
a pluralidade de identidades infantis
ali presentes, fomentando a percepção
de pertencimento nas meninas e meninos
da turma, colocando-se como espaço que
reconhece e sublinha a importância do desenvolvimento
da expressão autônoma e
autoral de todos os sujeitos nela envolvidos
em suas múltiplas linguagens. É importante,
ainda, ressaltar que nesse “todos” incluemse
as crianças com baixa acuidade visual,
auditiva, motora e intelectual, permanente
ou temporária, bem como aquelas com dificuldades
de aprendizagem – sempre na busca
de formas significativas de inserção das
mesmas nas atividades planejadas.
São estas questões que serão mais detidamente
abordadas nos três textos que compõem
esta publicação, entendendo que nenhum
dos três se propõe a ser um manual
ou a ditar regras e normas de organização
espacial irrefutáveis. Espero que vocês possam
lê-los e problematizá-los à luz de sua
realidade.
FONTE: http://cdnbi.tvescola.org.br/resources/VMSResources/contents/document/publicationsSeries/15263103_OambienteformativonoCiclodeAlfabetizacao.pdf
Foto: Google imagem
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Investir na infra-estrutura pode fazer toda a diferença: Crianças menores precisam de mesas e cadeiras mais adequadas ao seu tamanho tanto como de espaços específicos para brincar, exercitar-se e desenvolver-se corporalmente para, assim, aprender sempre mais.
(http://novaescola.org.br/conteudo/2890/o-direito-de-aprender)