domingo, 25 de junho de 2017

O QUE É O ESPAÇO ESCOLAR?

O espaço escolar é, ao mesmo tempo, o conjunto de materialidades que compõem os variados
ambientes freqüentados por educadores e estudantes e o “espaço sentido”, o espaço de
consciência onde se realizam as atividades de ensino e aprendizagem.
Ele é campo da arquitetura escolar, tratada no Módulo 10, que é projetada e executada (o
que se focaliza nas técnicas de construção do Módulo 16) e permanentemente sujeito aos
cuidados dos funcionários de conservação e manutenção dos prédios, dos terrenos, dos
equipamentos escolares e dos materiais didáticos, estes dois últimos também objetos de um
módulo específico.
O que seria um “bom espaço escolar” ou um bom prédio escolar? A resposta a essa questão
nos remete ao último conceito.
O que é um espaço educativo?
Para um leigo, um bom prédio escolar é o bonito, o bem construído, sólido, cujas paredes
não racham, cujo telhado não tem goteiras, cujo piso tem uma cobertura moderna. Além disso,
ele precisa ser bem conservado, ter uma manutenção constante de seus equipamentos,
ter renovada a pintura, ambientes arejados ou com ar climatizado.
Isso tudo pode valer para um prédio, mas para o espaço escolar o essencial é que seus componentes
se articulem com o projeto político-pedagógico, que contribuam para se alcançar
os objetivos educacionais. Por exemplo: numa escola militar, que forma oficiais da cavalaria,
são necessários componentes diferentes de outra que forma oficiais da aeronáutica ou da
marinha. Outro exemplo, mais próximo de vocês, funcionários e funcionárias: se o objetivo
dos primeiros anos do ensino fundamental é a alfabetização ou o letramento dos alunos, e
essa aprendizagem depende da atenção das crianças e de eles verem com clareza o que está
escrito no quadro de giz, são necessários uma temperatura adequada na sala e uma lousa em
perfeito estado de conservação.
Numa escola democrática, é fundamental haver um auditório ou uma quadra coberta para
reunir a assembléia escolar. Numa sala de aula de uma escola democrática, as carteiras podem
ser dispostas em círculo, o que favorece o diálogo. Na escola tradicional, as “bancadas”
eram umas atrás das outras, às vezes fixadas no piso, e o professor ficava na “cátedra”, num
estrado acima dos alunos. Assim se cultivava o valor da hierarquia, da obediência. O espaço
“educava” em consonância com o discurso do professor.
Por isso, para um espaço escolar tornar-se um espaço educativo, faz-se necessário que seus
componentes materiais sejam adequados à proposta pedagógica. Mais ainda, que os funcionários
se assumam como educadores em plenitude, “vestindo a camisa” do projeto pedagógico
da escola, no seu cotidiano e no trato de suas funções “técnicas”, que se transformam
em educativas e pedagógicas.
Para tanto, além da conscientização pelo Profuncionário, é fundamental rever as funções
correspondentes a cada habilitação e pautar na prática profissional supervisionada uma série
de exercícios que não só formem o novo técnico como o transformem em educador profissional.
Quem é este novo técnico? É o técnico em meio ambiente e infra-estrutura escolar. Não se
trata de uma profissão regulamentada, nem mesmo de uma ocupação catalogada. É uma
nova identidade profissional de educador que parte de funções tradicionais exercidas pelo
funcionário(a) (vigia, agente de limpeza, motorista, porteiro, zelador e outras) e se amplia para
um feixe de competências em torno da relação do educador com o meio ambiente e com a
infra-estrutura espacial da escola. Terminado o curso, caberá ao projeto político pedagógico
da escola e da gestão do sistema de ensino definir melhor as funções efetivas pelas quais irá
se responsabilizar o funcionário profissionalizado. O importante é que ele ou ela se capacitou
para dominar e gerir um conjunto de atividades mais amplo e mais conectado com a tarefa
educativa da escola.
Outra atitude necessária a se cultivar durante o curso é a participação do funcionário na administração
colegiada da escola, na gestão democrática. O grande risco do Profuncionário é
mudar as cabeças, mas não as práticas dos cursistas. Se a direção, os membros do conselho
escolar e os educadores da escola não acompanharem o progresso intelectual e político dos
funcionários, estes podem se tornar seres “sem espaço”, utópicos, como Dom Quixote, ou
melhor, Sancho Pança...

FONTE:
Cursos Profuncionário/Teorias do Espaço Educativo