domingo, 18 de junho de 2017

POR QUE FAZER UM BALANÇO NO MEIO DO ANO

Só apresentar as notas ruins não basta: elas não deixam claro onde estão as falhas de cada estudante

Antes de terminar o semestre, à época das festas juninas, é sempre um bom momento para avaliar o trabalho realizado e revisar o cronograma. Me permito fazer um balanço. Afinal, a essa altura eu já conheço meus alunos, tenho noção do desempenho deles na escola e de quais habilidades precisam praticar. Compreendendo o ritmo de cada turma me arrisco a corrigir seu rumo, projetando como será o restante do ano. Ainda hoje me lembro do conselho de um coordenador: "Se você perceber que alguém corre risco de ser reprovado, é essa a hora de intervir". Nada de deixar o alerta para o segundo semestre, pois vai faltar tempo para a recuperação.

Com ele, aprendi a planejar e conduzir uma conversa com quem teve desempenho abaixo do esperado. Logo percebi que só apresentar as notas ruins não basta, pois elas não deixam claro onde estão as falhas de cada estudante. Também pouco resolve fazer um sermão, do tipo "é preciso estudar mais". Para evitar a abordagem genérica, recupero as produções desses alunos e anoto os problemas recorrentes. Essa análise nada mais é que uma forma de avaliação mais completa e aprofundada. Na conversa, mostro as atividades e explico o tipo de habilidade que cada uma exigiu (leitura, resolução de problemas, participação oral, por exemplo). Além de indicar o que não deu certo, aponto caminhos para o estudante aprender o que ficou faltando e reverter o quadro.

Vale convidar os pais para participar dessas reuniões. Assim, os acordos são relembrados também em casa e o comprometimento com as novas ações costuma ser mais firme. Nas escolas que conheço, a equipe de coordenação é quem chama para comentar o rendimento em todas as disciplinas. Mas percebi que a conversa funciona também em menor escala, direto com os alunos. Minha meta é estabelecer combinados com a garota ou o garoto, para que eles assumam compromissos específicos: entregas de trabalhos com pontualidade ou participações orais mais consistentes, por exemplo. Todas precisam ser ações que estejam ao alcance do estudante.

A intenção é que, iniciando com pequenos avanços, eles possam atingir os objetivos mais centrais. Lembro, por exemplo, de um adolescente que era muito articulado oralmente, mas com grande dificuldade na escrita. Combinamos que ele reescreveria todas as tarefas que tivessem problemas, e que eu as consideraria novamente. Embora não tenha conseguido atingir o nível do restante da turma, sua escrita avançou muito em comparação ao primeiro semestre, e isso garantiu sua aprovação. Muitas vezes, as dificuldades são semelhantes em várias disciplinas, e uma ação comum entre diferentes professores ajuda a acelerar o processo de superá-las. Em todo caso, se depois do meio do ano a dedicação e o desempenho do aluno aumentarem, é sinal de que a mensagem entregue foi clara e que ele entendeu bem o recado.


Felipe Bandoni