As primeiras semanas de aula têm sua importância subestimada pela maioria dos professores, alunos e familiares. Apesar de não ter muitos conteúdos ministrados ou avaliações, é nesse período que se inicia o estabelecimento de vínculos e também são estabelecidas e combinadas as regras de funcionamento coletivo. Negligenciar as ações necessárias nessa fase pode gerar problemas que atrapalharão o aprendizado ao longo do ano.
Henri Wallon, respeitado teórico da educação, abordou a relevância da dimensão afetiva e social no processo de ensino-aprendizagem. Se o leitor refletir sobre seus momentos como aluno, provavelmente perceberá que ao sentir maior afinidade com um determinado professor também tinha mais facilidade de aprender aquela matéria. O contrário também é verdadeiro, ou seja, quando temos algum desafeto com um educador será mais difícil considerar os ensinamentos que ele transmite.
Nossas emoções afetam a aprendizagem, positiva ou negativamente. Nesse contexto, o momento que um professor entra em uma turma pela primeira vez é diferente de qualquer outro. Pela forma como ele fala, olha e pelas suas expressões corporais os alunos vão prevendo por quem e como a turma será conduzida. Começa, assim, o estabelecimento dos vínculos entre alunos e professores.
Além das relações entre professor e aluno, também temos as relações entre os alunos. No início dos encontros de qualquer grupo acontece uma fase de inclusão, conforme descrito por Will Schultz, pesquisador da Universidade de Harvard, amplamente estudado em dinâmica dos grupos. Nessa fase inicial, o aluno tenta descobrir qual é o seu espaço na turma, com quem tem afinidade e de quem quer se manter afastado. Quando o aluno se sente bem com sua turma ele aprende mais. Se o convívio lhe for desagradável, provocando sentimentos negativos, ele terá mais dificuldade de aprendizado.
Considerando a importância das emoções e das relações no ambiente escolar, como fatores significativos para o aprendizado, torna-se fundamental olhar para essas semanas iniciais com atenção. Usar esse tempo para conduzir atividades que permitam aos grupos se integrarem e buscar conquistar o respeito dos alunos é um investimento que certamente fará com que o professor possa desenvolver seus conteúdos com mais facilidade ao longo do ano.
>> Este artigo foi escrito por Luciano Diniz, coordenador geral daAssociação Gente de Bem, instituição que desenvolve formações para adolescentes, educadores e familiares baseadas nas concepções de educação integral transformadora.
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FONTE:
GAZETA DO POVO
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